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Edmo Atique Gabriel

Quais sintomas cardiovasculares preocupam independentemente do coronavírus?

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

17/05/2020 04h00

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Temos dois fatos a considerar e ambos não deveriam ser taxados como conflitantes, mas sim complementares e eventualmente concomitantes. Vivemos o período crítico da pandemia do coronavírus e, ao mesmo tempo, sabemos que as doenças cardiovasculares continuam a existir normalmente.

No entanto, o medo e a insegurança podem nos fazer hesitar em procurar auxílio médico, na vigência de algumas manifestações cardiovasculares. Pode ser uma atitude de prudência, em primeira análise. A consequência desta atitude, por outro lado, pode ser um infarto do coração, um derrame cerebral ou mesmo uma arritmia cardíaca.

Dessa forma, torna-se fundamental estabelecer um nexo entre os sintomas cardiovasculares e os possíveis significados dos mesmos, visando não subestimar ou subdiagnosticar algo que possa ser realmente muito sério.

Outrossim, não perder a noção de que estamos no ápice de uma pandemia que encerra diversos aspectos próprios, mas que seguimos a vida estando sujeitos a outros agravos, dentre eles os cardiovasculares, é uma atitude de bom senso e equilíbrio.

Pensando num quadro suspeito de infarto do coração, devemos estar atentos a dor no peito do lado esquerdo, de forte intensidade, duração prolongada, associada com sensação de "formigamento" do braço esquerdo, sudorese fria e náuseas. Nesta situação, precisamos considerar obrigatoriamente a ida ao hospital.

Nosso músculo cardíaco, conhecido como miocárdio, tem sua viabilidade dependente do tempo, ou seja, a partir do início dos sintomas citados acima, o período de sobrevida do miocárdio gira em torno de 3-6 horas.

Em situações de perda da força nos membros superiores e inferiores, alterações do alinhamento natural da boca e mudanças do estado de consciência podem refletir um quadro de derrame cerebral. Nosso cérebro, em grau substancialmente maior que nosso coração, tem sua viabilidade dependente do fator temporal. A partir do início dos sintomas citados, o diagnóstico e tratamento deveriam ser implementados dentro das três horas subsequentes.

Diante da ocorrência destes sintomas neurológicos, é primordial buscar auxílio médico, independente dos riscos de contaminação pelo coronavírus. Trata- se de um contexto de dimensionamento de prioridades.

As palpitações cardíacas são multifatoriais, podendo estar relacionadas a questões comportamentais, hábitos de vida, desequilíbrio hormonal , estresse no trabalho e questões sentimentais. Na maioria dos casos, as palpitações causam leve desconforto, o qual pode ser minimizado por meio de orientações alimentares, ansiolíticos e alguns medicamentos mais específicos.

Considerar a ida ao hospital deveria acontecer se todas estas medidas preventivas e terapêuticas falharem e os sintomas decorrentes das palpitações —tonturas, turvação visual, dor no peito e falta de ar— efetivamente se agravarem.

Muitas pessoas são portadoras de insuficiência cardíaca, o chamado "coração cansado", e esta condição pode apresentar descompensação, produzindo sintomas extremamente limitantes. Nestes casos, a pessoa pode apresentar sinais de congestão dos pulmões (água no pulmão), dificultando sobremaneira a respiração natural .

Não tem como ficar em casa numa situação como esta, pois a pessoa não consegue respirar adequadamente e pode até ter parada cardíaca.

Seria muito bom imaginar que as doenças cardiovasculares deixaram de existir e de acontecer na vigência de um agravo avassalador como a virose por coronavírus. Seria irresponsável, por outro lado, subestimar determinados sintomas cardiovasculares e deixar de buscar auxílio médico imediato, devido a preocupação de contaminação pela covid-19.

O segredo é conhecer os sintomas cardiovasculares e seus possíveis significados e, a partir daí, estabelecer conscientemente as prioridades. A virose por covid-19 pode matar, tal como o infarto do coração, o derrame cerebral, algumas arritmias cardíacas e a insuficiência cardíaca descompensada.

Diante da dúvida, não hesite em procurar auxílio médico. Isto não é exagero, mas uma atitude de prudência.

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