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Edmo Atique Gabriel

Saúde cardiovascular também depende de hidratação adequada

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Colunista do UOL

29/12/2019 04h00

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O metabolismo cardíaco depende, em sua totalidade, dos níveis corpóreos de água. Todas as reações enzimáticas da célula cardíaca são mediadas por moléculas de água, essenciais para o transporte de substratos e para agregação de partículas.

Estados de desidratação podem ser causados por diversas situações como diarreia, queimaduras, vômitos, sudorese excessiva em locais muito quentes e prática excessiva de exercícios físicos. Em todos estes casos, o coração pode apresentar alterações da frequência cardíaca, pressão arterial e alguns sintomas, como dor precordial e falta de ar, tendem a surgir.

Caso o estado de desidratação seja muito profundo existe risco de parada cardiorrespiratória, uma vez que o conceito de desidratação não consiste em perda exclusiva de água. Independentemente da causa da desidratação, existe espoliação de dois produtos básicos, água principalmente, mas também dos eletrólitos corpóreos, que são indispensáveis para a plenitude da função cardíaca.

O trabalho contrátil da musculatura cardíaca depende do equilíbrio de dois eletrólitos —sódio e potássio. Em outras palavras, pode-se afirmar que o coração humano, em condições estáveis e fisiológicas, só consegue bater se houver quantidade suficiente de sódio e potássio permeando as células miocárdicas. Em caso de desidratação, os batimentos cardíacos podem ficar desorganizados e apresentar muitas variações.

No âmbito esportivo, considerando sobretudo atletas de intensa atividade, a hidratação é fundamental para garantir um ótimo desempenho e prevenir intercorrências cardiovasculares. A quantidade de água e eletrólitos que um jogador de futebol elimina ao longo de uma partida de 90 minutos é praticamente inimaginável, principalmente se as temperaturas estiverem muito elevadas. Nestes casos, a ingestão de água e eletrólitos durante e após os jogos é mandatória.

A ingestão de grande quantidade de água consiste em terapia simples, natural e de extrema eficácia nos casos de desidratação. Preventivamente, manter uma rotina diária de aproximadamente dois a três litros de água por dia seguramente garante muitos benefícios cardiovasculares, afastando o risco de eventos mais letais como um infarto do miocárdio e arritmia grave.

No entanto, além de beber água, as bebidas isotônicas e sucos naturais podem ser muito úteis no processo de compensação metabólica. No caso das bebidas isotônicas, a concentração dos principais eletrólitos é muito semelhante à concentração de eletrólitos no sangue, favorecendo rápido equilíbrio químico e adequada reposição.

Considerando que as atividades físicas, principalmente sob temperaturas elevadas, constituem um dos fatores primordiais para estados de desidratação, cabe ao cardiologista, em conjunto com o educador físico, determinar e orientar uma adequada e ponderada rotina de treinos. Não é incomum que indivíduos comuns passem mal ou até infartem durante treinos de academia.

Lamentavelmente muitas pessoas abusam de seu limite físico e torna-se frequente, sobretudo nos finais de semana, o acúmulo de pessoas em parques e avenidas, correndo de forma desenfreada, exagerando nos exercícios, sem uma adequada estratégia de reposição hídrica e de eletrólitos.

Buscar auxílio e orientação de um cardiologista pode garantir a tranquilidade necessária para manter sistematicamente uma rotina saudável e regrada de atividades físicas. Exames cardiológicos para avaliação da pressão arterial e modulação da frequência cardíaca mediante distintos graus de intensidade do esforço devem ser priorizados antes de qualquer rotina de atividades.

Por meio destes exames, o cardiologista será capaz de orientar quanto a intensidade, frequência e variação dos treinos e, de forma tácita, a suplementação hídrica e de eletrólitos poderá ser devidamente mensurada, evitando desidratação profusa e complicações cardiovasculares.