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Dante Senra

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

O que você precisa saber sobre o colesterol

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

12/12/2021 04h00

Dizem que duas coisas prejudicam nossa saúde: o rancor e o colesterol alto. A primeira corrói nosso espírito e amargura nossa vida, e a segunda a diminui.

Mas todos temos colesterol e ele é mais do que necessário, é fundamental para o bom funcionamento do organismo. Ele é um tipo de gordura presente na estrutura das membranas celulares e transportado no plasma sanguíneo de todos os animais.

O colesterol é um composto gorduroso utilizado para a produção das membranas celulares e de alguns hormônios como vitamina D; cortisol; estrógeno; testosterona e ácidos biliares (que possuem um papel importante na digestão das gorduras).

O nosso organismo produz no fígado cerca de 70% de todo nosso colesterol. O que comemos é responsável apenas pelos outros 30%. Desta forma, você já está percebendo que nem sempre é possível ter os valores desejados pelo médico apenas com dieta e exercícios físicos, embora estes sejam muito importantes para o controle e, se realizados com alguma disciplina, seguramente terá uma dose menor de medicamentos quando necessários.

Tipos de colesterol

Existem três tipos de colesterol, que são diferentes, frações do chamado colesterol total:

1) O colesterol LDL (lipoproteínas de baixa densidade) conhecido popularmente de colesterol "ruim". Isso porque em níveis elevados prende-se na parede das artérias, as obstruindo e impedindo a passagem do sangue. Este é, portanto, um componente fundamental na gênese dos infartos e AVCs.

2) O chamado "bom" colesterol, que é uma lipoproteína de alta densidade (HDL). Possui esse status de bom porque remove o LDL que adere às artérias, e os direciona para o fígado, onde é devidamente metabolizado para ser eliminado. Infelizmente ele costuma ter valores em torno de 1/3 do mau colesterol e, portanto, seus valores, ainda que elevados, não compensam um LDL alto. Esse é um erro comum de interpretação.

3) Existe também a lipoproteína de muito baixa densidade, chamada de VLDL, que é outra fração do colesterol e que tem como função transportar os triglicerídeos. Essa fração do colesterol total está, portanto, diretamente ligado à quantidade desses triglicérides e aí sim, seus níveis são diretamente relacionados com o tipo de alimentação.

O colesterol total é a soma dessas várias frações.

Informações importantes

1) Obesidade não é sinônimo de colesterol alto assim como indivíduos magros podem ter seus níveis bastante alterados também. Neste caso predomina o componente genético e, portanto, leve em consideração o histórico de seus parentes próximos.

2) Os medicamentos atualmente são muito eficientes e você não precisa conviver com este importante fator de risco para o coração.

3) Os valores normais não são necessariamente os de referência do exame laboratorial. Já de muito se sabe que o valor como meta para o nível de colesterol depende dos fatores de risco adicionais que você possui, tais como hipertensão arterial, diabetes, sedentarismo, tabagismo, obesidade e histórico familiar dentre outros. Portanto, nunca deixe de conversar com seu médico sobre o resultado.

4) Crianças ainda que magras podem, sim, ter níveis elevados de colesterol.

5) O colesterol elevado é um distúrbio do metabolismo que costuma não ter cura, mas sempre tem controle.

6) E o ovo? Herói ou vilão afinal? Difícil falar sobre colesterol sem que alguém pergunte sobre o ovo. Tudo que você leu até agora é consensual na medicina, mas para não deixar a polêmica de lado, vamos lá...

Você sabia que o ovo é considerado o segundo alimento mais completo da natureza, atrás apenas do leite materno?

Com status de alimento completo, como fonte de proteína, rico em minerais como ferro, fósforo, selênio, potássio e zinco além de vitaminas A, D e B12 é triste ter que cortá-lo da nossa alimentação. Embora a recomendação de forma genérica é de que o consumo de colesterol não deva exceder 300 mg ao dia e que um ovo contenha em média 180 mg, é fundamental analisar todas as variáveis como o consumo alimentar em geral.

Cabe uma conversa individualizada considerando os exames laboratoriais, a regularidade da alimentação e o uso de medicação adequada.

Vilão ou herói? A melhor resposta é: depende dos seus exames laboratoriais.