Taise Spolti

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Opinião

Números de AVC são assustadores e prevenção começa com mudança de hábitos

"Um genocídio está acontecendo, e poucos estão vendo ou lutando contra isso."

Ouvi essas palavras na abertura de um evento promovido pela Ipsen dentro do XV Congresso Brasileiro de AVC, realizado no último mês. A frase me chocou e, poucos minutos depois, com os dados alarmantes apresentados por Maramélia Miranda Alvez, presidente da SBAVC (Sociedade Brasileira de Acidente Vascular Cerebral), foi fácil entender e também se indignar com o tal "genocídio" a céu aberto, que afeta pessoas que sofreram um AVC e também suas famílias.

Dados da Sociedade Brasileira de AVC (SBAVC) e de instituições internacionais, como as do Global Burden of Disease (GBD) e do World Stroke Organization, mostram o quanto o AVC é um problema preocupante no Brasil e globalmente —tanto que, para conscientizar a população sobre a doença, neste dia 29 de outubro é celebrado o Dia Mundial do AVC.

Os números, que nos fazem levar a afirmação da Dra. Maramélia muito a sério, são alarmantes:

  • Um em cada 4 adultos no mundo terá um AVC durante a vida;
  • Aproximadamente 12,2 milhões de pessoas em todo o mundo terão seu primeiro AVC no período de um ano;
  • 6,5 milhões das pessoas que sofrerão um derrame no período de um ano não sobreviverão (isso é assustador);
  • Uma em cada 10 pessoas que sofre um AVC terá outro episódio nos 12 meses seguintes.

O AVC é atualmente a principal causa de mortes por doenças cardiovasculares no Brasil, além de ser a maior causa de incapacidade também, obrigando famílias de pacientes a arcar com custos elevados decorrentes das complicações trazidas pelas doenças.

E quais são as principais sequelas? Segundo Maramélia, dificuldade para engolir, perda de força e equilibrio, alterações da fala, locomoção e memória estão entre as mais comuns.

Como prevenir?

A Organização Mundial do AVC (World Stroke Organization) alerta que 90% dos derrames podem ser evitados por meio do controle dos fatores de risco. E conseguir isso passa pela mudança do estilo de vida:

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  • Manter uma alimentação saudável
  • Praticar atividade física regularmente -- fiquei muito feliz ao ouvir, no evento, médicos defendendo a importância do papel do profissional de educação física na prevenção, educação e acompanhamento após o AVC, sendo eu também uma educadora física
  • Cessar o tabagismo
  • Evitar o consumo de bebidas alcoólicas
  • Manejar o estresse
  • Ter um sono de qualidade
  • Manter boas relações interpessoais

Nutricionista e profissional de educação física podem contribuir na prevenção do AVC orientando as pessoas a terem uma alimentação limpa, reduzindo o consumo de sódio, alimentos embutidos e ultraprocessados; evitar o sedentarismo e realizar atividades físicas diárias que tragam prazer e bem-estar; priorizar o sono de qualidade, investir em práticas que tragam plenitude, como caminhadas ao ar livre, meditação guiada, leitura, dar boas risadas com amigos. O 'viver bem e com qualidade' não envolve apenas dietas restritas ou treinamentos intensos, envolve o prazer, a cultura, as relações, o silêncio.

Como detectar um AVC para acelerar o socorro especializado?

Os sinais de um AVC podem ser identificados pelo teste SAMU:

S - sorria: a alteração de um dos lados é um indicativo;

A - abrace: levante os dois braços para abraçar, um dos lados terá dificuldade;

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M - música: tente cantar uma música ou falar algo, geralmente soará confuso (o que infelizmente é confundido por profissionais despreparados como uma pessoa "alcoolizada", e cabe lembrar de trágicos eventos que já ocorreram no Brasil, e no último ano, onde a pessoa não recebeu o devido atendimento por ser confundida por uma pessoa alcoolizada);

U - urgência: ligue para o Samu, ligue para a polícia ou o número de urgência de sua cidade o mais rápido possível.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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