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Taise Spolti

Adenomiose: entenda mais sobre a doença e como a nutrição pode ajudar

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

01/05/2022 12h11

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Uma doença que infelizmente é pouco diagnosticada, mas que atinge uma boa parcela de mulheres entre os 40 a 50 anos de idade. A adenomiose é constantemente confundida com endometriose, quando não há achado clinico de imagem ou quando não se faz a investigação adequada por parte tanto do profissional quanto do paciente. A doença pode se manter estável através do uso contínuo —e perigoso— de medicamentos para dor, inchaço e ação anti-inflamatória.

A adenomiose, em termos gerais, é uma doença onde há a proliferação e invasão de tecido do endométrio para o interior do útero, o miométrio. É um tecido que não deveria estar naquela região e, por conta dessa invasão, há uma resposta inflamatória do organismo, que gerará, consequentemente, inúmeros desconfortos na vida da mulher, e pode chegar ao ponto de uma cirurgia de retirada total do útero, uma histerectomia.

Os sintomas na mulher tendem a ser muito parecidos com os da endometriose, porém são doenças distintas. Na endometriose há o crescimento do tecido na parte externa do útero.

Os sintomas da adenomiose são:

  • Cólica menstrual: que pode aumentar ao longo dos meses e anos;
  • Hemorragia uterina anormal: um sangramento intermitente e de grande desconforto para a mulher durante o período de sangramento;
  • Dores durante a relação sexual e dor pélvica acentuada;
  • Compressão de bexiga e intestino: nestes casos, geralmente quando o espessamento é maior e há aumento do volume uterino, a mulher tende a ter prisão de ventre, muito desconforto intestinal e alterações no transito intestinal, trazendo uma confusão de diagnóstico precoce, já que primeiramente tende-se a abordar a saúde intestinal como o causador primário do problema, deixando a saúde uterina como secundário, e não o contrário.

Como cerca de 30 a 50% das mulheres com adenomiose são assintomáticas, o primeiro achado clinico vem através das queixas de intestino preso, aumento do volume abdominal e inchaço aumentado na região abaixo do umbigo nos períodos pré-menstruais, mas que com o tempo e o passar dos anos vão se intensificando.

Intestino preso, desconfortos abdominais e gastrintestinais, dores locais no abdome e na lombar são as principais queixas das mulheres ao deixarem seus planos e rotinas de lado durante o período pré e intra menstrual. Essas queixas são justificadas, já que para muitas a falta de ânimo, perda acentuada de sangue (e consequentemente ferro) e indisposição são muito difíceis de serem vencidos apenas com a motivação ou disciplina. A não realização de exercícios físicos neste período e a busca por alimentos específicos tendem a ser outros fatores que colaboram com o aumento de peso, inflamações e inchaço na parte inferior do corpo.

Alguns tópicos importantes da alimentação e suplementação estão sendo cada vez mais difundidos, para que a qualidade de vida das mulheres que sofrem da doença aumente, assim como se tornam auxiliares nos tratamentos nos quais não há previsão de cirurgia. Dentro dos tratamentos clínicos, então, estão alguns nutrientes importantes que podem ser suplementados, e hábitos que irão melhorar a adesão ao tratamento.

  • Suplementação de curcumina padronizada: diferente do uso culinário ou dentro da dieta, de cúrcuma em pó, a suplementação padronizada do extrato curcumina (geralmente encontrado em 90 a 95% de curcuminóides) é mais eficaz, mais biodisponivel e de elevada ação anti-inflamatória, além da diminuição na proliferação de células tumorais.
  • Quercetina: muito concentrada em alguns alimentos, a quercetina possui propriedades anticancerígenas, além de anti-inflamatórias, mas a maior justificativa de uso é pela diminuição da expressão de receptores de estradiol. Quando há diminuição desses receptores, há um impedimento de proliferação tanto da endometriose quanto da adenomiose. A quercetina é encontrada no vinho, cebola, brócolis e alguns chás.
  • Polifenol EGC3G (epigalocatequina 3 galato): encontrado principalmente no chá branco e no chá preto, é capaz de inibir fatores de crescimento, além da ação anti-inflamatória, atuando na diminuição da dor local. Em diferentes tratamentos, poderá ser prescrita a utilização de infusões (chás) ou então de fitoterápicos, em concentrações padronizadas.
  • Resveratrol: antioxidante de alto poder contra a proliferação celular, por isso, muito estudado em sua ação anticancerígena. Junto ao resveratrol podemos incluir outros antioxidantes, que se somam durante a rotina alimentar da mulher, como a vitamina C, vitamina E e picnogenol. São usados concomitante ao tratamento, para reduzir contratilidade uterina, diminuindo as dores em cólica e na infiltração no miométrio.
  • Hábitos: diminuição do sal, açúcares, tendência à dieta de baixo carboidrato, maior hidratação, exercício físico regular, manter pernas elevadas ou melhorar a circulação sanguínea e linfática de membros inferiores para diminuição dos inchaços e melhor circulação dos líquidos corporais, redução do consumo de álcool, cessamento do tabagismo (note que não é redução, é parada absoluta), utilização de chás na rotina diária, suplementação de ômega 3 para perfil lipídico e redução de inflamações.

Se você tem algum destes sintomas que mencionei, note a importância de se fazer uma investigação mais pontual junto ao seu ginecologista, com o auxilio multiprofissional, já que o quadro clinico no consultório do nutricionista pode levar à suspeita. Geralmente é comprovada a doença com segurança pelo ultrassom e ressonância magnética. Fale com o médico ou profissional que a acompanha.