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Taise Spolti

Você se sente sempre cansado? Entenda o que pode estar acontecendo

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Colunista do UOL

23/01/2022 04h00

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Uma das maiores reclamações, e mais frequentes, que eu recebo é quanto à disposição do dia a dia. O cansaço físico e emocional está sempre na lista de reclamações, sejam de mulheres com rotinas intensas de mãe, lar e home office, sejam de pais com rotina de trabalho em escritórios, homens jovens, mulheres de meia-idade, não importa. Hoje em dia nossa rotina e demandas estão intensas, e acabam afetando diretamente nossa energia.

O cansaço físico está diretamente relacionado às respostas que nosso organismo está enfrentando e combatendo a todo momento. Para que nosso corpo permaneça vivo, ele está constantemente combatendo agentes patológicos, e entenda, agentes patológicos são todos e quaisquer agentes que causem danos ao nosso organismo e sistemas.

Eles podem ser alergênicos, vindo de fontes alimentares, cremes, sintéticos, medicamentos, ou podem vir de infecções, contato com agentes tóxicos, poluição do ar, processos inflamatórios provenientes de inúmeros fatores, passando desde a idade, consumo alimentar e condições higiênicas.

Imagine, tudo que tem perto de você, neste exato momento, possui uma interação direta com seu organismo. Essa relação molda como seu corpo vive e sobrevive diariamente, fazendo modulações genética e metabólica.

Esse resumo é parte do que acontece internamente com o corpo e os motivos pelos quais ele nunca está descansando. Quando dormimos, apenas uma parte do corpo 'desliga', pois no mais, tudo está a todo vapor fazendo reparos celulares e de danos, e isso tudo é muito cansativo.

Já é algo previsto pela natureza, a longevidade é dependente desse reparo celular e danos, e quanto mais danoso for nosso estilo de vida, mais reparos teremos que fazer, e quanto mais reparos fizermos, mais acelerado é nosso processo de morte celular programada, afinal, tal organismo com muito dano a ser reparado pode ser o mesmo organismo que não oferece as melhores condições de reparo ideal: alimentação adequada, nutrientes equilibrados, sono reparador, hidratação, estímulos físicos através da atividade e exercícios físicos regulares, etc.

Imagine, agora, um organismo que está constantemente reparando danos de um indivíduo que ataca constantemente seus sistemas com alimentação inadequada, rica em ultraprocessados, conservantes e aditivos químicos que ficam no organismo sem ser metabolizado, se acumulando entre células e causando inflamações, ou então que abusa do álcool, do cigarro, da poluição, não oferece a hidratação adequada que o corpo necessita, possui uma péssima qualidade de sono e abusa de drogas como medicamentos sem prescrição, imaginou?

Pois esse corpo, mesmo com toda cafeína, adrenalina e pique diário para ter mais energia, estará sempre cansado, com maior probabilidade de apatia, desânimo, e também com maior risco de ansiedade e depressão. Esse cansaço não vai embora mesmo com muitas horas de sono, xícaras de café e energéticos.

Espero que tenha entendido o motivo real do cansaço crônico. E isso se dá também para pessoas que possuem uma rotina muito intensa de trabalho mental, como gamers, CEOs, investidores, pessoas que leem ou estudam muito, realizam muitas pesquisas e reuniões.

O trabalho mental equivale ao mesmo tempo de atividade física, ou seja, o cansaço mental é igualmente e proporcional ao cansaço físico, e sabemos que muitas vezes é exatamente este publico que abusa de substâncias químicas para manter o ritmo.

Então afinal, o que é necessário fazer para diminuir esse cansaço que nunca passa?

A resposta seria: reduzir as inflamações e infecções. Isso por si só já reduziria a maior parte do seu cansaço justamente por que deixará seu organismo livre e não sobrecarregado.

Ele conseguirá realizar as tarefas naturalmente programadas para cada célula e sistema do corpo de forma integra e regular, sem precisar promover uma sinalização inflamatória para que o corpo produza novas células de combate. Evitar, então, processos inflamatórios desnecessários é o que você deve fazer.

Tenha um sono reparador - iStock - iStock
Tenha um sono reparador
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Mas como?

1. Reduza alimentos inflamatórios: ultraprocessados, cheios de aditivos químicos, aromatizantes e sintéticos.

2. Reduza o consumo e a frequência de consumo de alimentos com maior potencial alergênico: leite e glúten entram nessa lista, mas para indivíduos com intolerância e alergia, o ideal é reduzir o consumo especificamente daquele grupo alimentar, que pode incluir ovos, castanhas, amendoim, soja. Contudo, é importante buscar ajuda médica para investigar possíveis restrições alimentares.

3. Se mantenha hidratado: essa hidratação pode vir de alimentos ricos em água como frutas, mas também de água pura, filtrada, que vai lhe proporcionar maior eliminação de toxinas através da urina e suor, mantendo seu equilibrio hídrico.

4. Faça exercícios regulares: eles promovem naturalmente um reforço na resposta inflamatória aguda. Você treina para melhorar sua resposta imune, assim como a saúde do coração, músculos, articulações, pulmões, e isso também vai afetar positivamente a circulação sanguínea e manutenção dos nutrientes que chegam em cada célula do seu corpo.

5. Durma! Priorize a qualidade do sono. Sem um sono reparador, uma bola de neve de problemas hormonais e metabólicos vai acontecer no corpo, e não tem rotina de exercícios ou alimentação saudável que consiga reparar tais danos. O sono é a base da boa saúde.

6. Não abuse de substâncias energéticas: café, chimarrão, chás para energia, energéticos sintéticos ou naturais, podem fazer o efeito oposto, que chamamos de rebote, ou seja, levam o corpo a um estado de esgotamento físico e mental ao invés de promover energia.

Se isso está acontecendo, reduza o consumo de todos energéticos que consome e volte para a qualidade do sono, assim que você regular seu sono e as inflamações, sua energia vai melhorar e regular.

Não se esqueça de que todas as dicas são para casos iniciais e crônicos de cansaço físico e mental, mas em casos mais graves pode estar acontecendo uma fadiga adrenal e, para isso, é necessário uma investigação com clínico, médico do esporte ou endocrinologista. E, por fim, as ações de melhora são individuais.