'Não me sinto como eu mesma': incômodo é frequente na perimenopausa

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"Não me sinto como eu mesma." Essa frase, aparentemente simples, foi o ponto de partida de uma das pesquisas mais sensíveis já feitas sobre o impacto emocional e cognitivo da transição para a menopausa. Publicado na revista científica Menopause, o estudo analisou as respostas de mais de 1.500 mulheres que participaram de um levantamento do projeto Women Living Better. O objetivo? Compreender o que está por trás dessa sensação subjetiva, mas tão comum, de alienação de si mesma durante a perimenopausa.
Quando a gente não se reconhece no espelho --nem nas emoções
Segundo o estudo, nada menos do que 63,3% das mulheres relataram sentir-se "não como elas mesmas" em pelo menos metade dos dias nos três meses anteriores. E não estamos falando só de calores ou menstruação irregular. A sensação de "não ser eu mesma" foi fortemente associada a sintomas como:
Fadiga constante;
Sensação de estar sobrecarregada;
Tristeza sem explicação;
Ansiedade e irritabilidade;
Dificuldade de concentração e tomada de decisões;
Esquecimento e lapsos de memória;
Choro fácil e preocupação excessiva.
Os pesquisadores identificaram cinco grandes grupos de sintomas que explicam esse sentimento de estranhamento: ansiedade, exaustão física e mental, névoa cerebral (ou brain fog, em inglês), mudanças de humor e alterações na sexualidade.
Você não está sozinha --e não está "ficando louca"
Essas descobertas são importantes porque validam o que muitas mulheres sentem, mas têm dificuldade de nomear. Não se trata de fraqueza emocional ou falta de resiliência. São alterações reais e esperadas, num período de transição neuro-hormonal que afeta profundamente o funcionamento do cérebro e do corpo. É como se o sistema nervoso perdesse a fluidez de antes e passasse a operar num ritmo diferente, mais sensível ao estresse, às emoções e até à sobrecarga cotidiana.
O que podemos fazer?
A boa notícia é que há caminhos para aliviar esses sintomas e se reconectar consigo mesma. E vale lembrar que é uma fase. Menopausa não é um fim, é uma transição.
Reposição hormonal individualizada, para quem não tem contraindicações. Esse é considerado pelas sociedades médicas o tratamento padrão ouro para os sintomas do climatério.
Atividade física regular, especialmente treinos de força (musculação, pilates, por exemplo), e exercícios aeróbicos de média intensidade ajudam o cérebro a funcionar melhor.
Sono de qualidade e técnicas de manejo do estresse, como respiração profunda e mindfulness, são aliados poderosos.
Suporte nutricional, com atenção a nutrientes como magnésio, colina, vitamina B6 e triptofano, pode melhorar o humor e a cognição. Vale avaliar com um especialista se você está obtendo a quantidade necessária em sua dieta ou se vale a pena usar suplementos.
Evite o consumo de álcool, pois beber contribui com a piora dos sintomas. Essa é uma fase da vida em que não vale a pena abusar do álcool e nem recorrer a ele com o intuito de "relaxar", porque a consequência pode ter o efeito contrário.
Conversar com outras mulheres, buscar acolhimento e informação pode ser o passo mais simples —e transformador. A gente se sente muito melhor quando percebe que não é a única e que não está sozinha.
Se você anda se sentindo distante de quem costumava ser, saiba que isso tem explicação, tem nome e tem saída. Talvez você não seja mais exatamente a mesma, mas pode descobrir, nessa travessia, uma versão sua ainda mais consciente, madura e poderosa de você mesma. Por isso tenha calma e adote esses cuidados no estilo de vida e tratamento o quanto antes.
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