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Reportagem

Xuxa fez transplante de cabelo. Quando ele é indicado para mulheres?

Há uns dias, Xuxa Meneghel revelou que passou por um transplante capilar. A notícia surpreendeu muita gente, mesmo que a apresentadora já tivesse falado abertamente sobre a queda de cabelo. Mas a revelação escancara uma realidade que ainda é pouco discutida: a calvície feminina, especialmente na fase da menopausa.

Enquanto os homens falam abertamente sobre queda de cabelo e já tratam o transplante como algo quase trivial, muitas mulheres ainda sofrem caladas com a perda de volume, os fios ralos e o afinamento progressivo.

Mas não deveria ser assim. Porque hoje já é possível tratar antes de chegar ao ponto em que o transplante se torna a única opção —e isso faz toda a diferença.

Conversei com dois dos maiores especialistas do país no tema: o dermatologista João Carlos Pereira, que já tratou nomes como Rodrigo Faro e Celso Portiolli, e o cirurgião Thiago Bianco Leal, responsável pelo transplante da própria Xuxa. Eles explicam por que o cabelo começa a mudar, o que é possível fazer antes (e depois) da queda, e por que a hora de agir é agora.

Afinamento e perda de volume: os primeiros sinais

Na maioria dos casos, a calvície feminina está associada à alopecia androgenética, uma condição de origem genética que costuma se manifestar entre os 40 e 50 anos —justamente quando a produção de hormônios femininos começa a cair.

O primeiro sinal costuma ser a perda de densidade, e não necessariamente uma queda de cabelo visível.

"O cabelo começa a afinar. Os fios caem como penugem, tão fininhos que muitas vezes nem são percebidos", explica João Carlos Pereira.

"A mulher acha que não está caindo, mas está —só que ela não vê. Quando percebe, o couro cabeludo já está mais aparente."

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A chegada da menopausa acentua esse processo. O estrogênio, que tem um efeito protetor sobre os cabelos, despenca. E se a mulher estiver fazendo uso de testosterona em implantes ou como parte da reposição hormonal, o risco aumenta.

"O hormônio masculino é um dos principais vilões para o cabelo feminino", alerta Pereira. "Se não for bem dosado e acompanhado, pode acelerar a queda."

Cada caso é um caso - e isso muda tudo

Segundo o cirurgião Thiago Bianco Leal, entender a causa da queda é essencial. Pode ser hormonal, genética, emocional, nutricional —ou tudo isso ao mesmo tempo.

"A alopecia tem uma forte influência hereditária, especialmente pela linhagem materna", diz Leal. "Se a mãe ou a avó tiveram esse padrão de queda, é importante procurar um tricologista antes que o quadro avance."

Os dois médicos explicam que hoje existem múltiplas estratégias de tratamento, como:

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Dutasterida medicação para bloquear hormônios androgênicos

Minoxidil, tópico ou oral, para estimular o crescimento

Loções manipuladas, microagulhamento, laser

Suplementação personalizada, especialmente em casos de deficiência de ferro, zinco, vitamina D ou biotina.

"A calvície visível costuma aparecer de três a quatro anos depois do início do processo. Por isso, quanto antes tratar, melhor o resultado", reforça Pereira.

Transplante capilar: quando é a melhor opção?

Se o quadro já está avançado e os tratamentos clínicos não são mais suficientes, o transplante como o de Xuxa pode ser a saída. Mas ele só é viável se a mulher tiver uma área doadora saudável —geralmente na parte de trás da cabeça.

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"Cerca de 30% das mulheres que chegam ao consultório já não têm mais área doadora adequada. Por isso é tão importante procurar ajuda cedo", alerta Pereira.

A técnica mais indicada para mulheres é a FUE (extração de unidades foliculares). Ela é minimamente invasiva, tem recuperação rápida e resulta em um aspecto natural.

"A FUE respeita a direção original dos fios e permite uma cicatrização discreta, quase invisível", explica Leal. E tem mais: hoje já é possível, em alguns casos, transplantar fios compridos —o que é uma ótima notícia para quem não quer passar pela fase do cabelo curtíssimo no pós-operatório.

"Esse tipo de transplante ajuda a disfarçar a intervenção desde o início e atende melhor às expectativas estéticas das pacientes", completa o cirurgião.

No caso de Xuxa, embora tivesse fios finos, a boa qualidade da área doadora fez com que ela fosse uma candidata ideal para o procedimento, segundo Bianco.

E quando o transplante não é possível?

Nem todo mundo tem indicação e nem todo mundo quer fazer. Mas isso não significa abrir mão da autoestima, se as falhas de cabelo estiverem incomodando.

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As próteses capilares de hoje são tecnológicas, leves, respiráveis e naturais. Para muitas mulheres, elas são uma excelente solução para retomar a confiança sem procedimentos invasivos.

Seu cabelo também é sua história

A queda de cabelo afeta mais do que o espelho. Ela mexe com a identidade, com a confiança, com a forma como a gente se apresenta ao mundo. E é por isso que precisa ser levada a sério —e tratada com informação, empatia e ciência.

"As mulheres investem muito em cuidados com a pele do rosto, mas esquecem dos cabelos. Tratar cedo faz toda a diferença", lembra Thiago Leal.

O recado é simples: não espere o cabelo ir embora para começar a cuidar dele.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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