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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Mulheres na menopausa sofrem para sobreviver no mercado de trabalho

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Imagem: iStock

Colunista de VivaBem

12/08/2022 04h00

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  • "Tive que sair às pressas de uma reunião na empresa quando percebi que uma onda de calor estava começando. Foi constrangedor."
  • "Muitas vezes estou no meio de um raciocínio quando não consigo me lembrar de determinadas palavras ou nomes de pessoas conhecidas. Em um ambiente de trabalho de alta performance, não posso deixar que pensem que estou 'velha e esquecida'. Isso seria o fim da minha carreira."

Esses depoimentos de mulheres na menopausa foram feitos na condição de anonimato. Tudo que essas mulheres temem é enfrentar preconceito e até perder o emprego por estarem lidando com sintomas clássicos da menopausa, como calores, mudanças de humor, falta de concentração (principalmente devido a noites de insônia) e perda de memória, entre outros.

Mas alguns números mostram que, sim, precisamos falar desse assunto:

As mulheres estão deixando a força de trabalho por conta disso. O Brasil não possui dados, mas, somente no Reino Unido, cerca de 900.000 deixaram os empregos devido à menopausa segundo pesquisa de 2019. Globalmente, as perdas de produtividade relacionadas à menopausa podem chegar a mais de US$ 150 bilhões por ano, de acordo com a consultoria Frost & Sullivan. E esses números só tendem a aumentar, já que, até 2030, cerca de um quarto da população feminina do mundo estará entrando na menopausa. De acordo com dados divulgados pela OMS (Organização Mundial da Saúde), até lá, seremos um bilhão de mulheres atravessando a menopausa.

Apesar de ser um período transitório, os sintomas do climatério podem começar até dez anos antes do fim da menstruação (a menopausa só é declarada depois de 12 meses consecutivos sem a mulher menstruar). Trata-se de um período importante na carreira da maioria das mulheres, em que elas ainda precisam, e querem, estar produtivas. Mas as ondas de calor, suores noturnos, perda de sono e alterações de humor podem levar a episódios constrangedores na frente dos colegas e chefes, à redução da capacidade de concentração e até mesmo a comportamento alterado. Algumas mulheres podem não sentir nenhum sintoma ou terão problemas leves. Mas, para outras, os efeitos podem ser debilitantes

Alguns governos, como os da Inglaterra e Japão, e também empresas estão começando a prestar atenção para essa questão e criando políticas para apoiar a mulher nessa fase. Há empresas que já estão até criando grupos de discussão sobre o tema, para trazer informação a seus funcionários, que é o primeiro passo para enfrentarmos o preconceito.

É preciso oferecer informação não só para as mulheres, mas também para os homens, sobre o que acontece com o corpo nessa fase.

Aprendi, pessoalmente, que falar sobre a menopausa, algo que sempre foi tabu, faz com que a gente lide melhor com essa fase. Como mulher de 52 anos, na menopausa há um ano, sei o quanto me sinto mal cada vez que simplesmente não consigo me lembrar do nome de um colega de trabalho, por exemplo. Mas hoje, já me sinto confortável em "culpar" publicamente a queda hormonal pelo lapso de memória. Isso porque trabalho em um ambiente onde esse tema já é debatido abertamente.

Já comentei por aqui (COLOCAR LINK ABAIXO) sobre como a reposição hormonal me ajudou a lidar com os sintomas da menopausa. E também já abordei alternativas para quem não pode fazer a reposição. Mas, também pelo bem da nossa saúde mental e da manutenção de um ambiente de trabalho mais inclusivo, convido a todos a levar esse tema para suas empresas e torna-lo parte das discussões corporativas.