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REPORTAGEM

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"Envelhecer não é uma questão para mim", diz Fernanda Abreu aos 60 anos

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Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

09/07/2021 04h00

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A garota carioca, suingue sangue bom chega aos 60 em 2021. Com quase 40 anos de palco como cantora, mais outros tantos como bailarina, oito discos e infinitas turnês, a pioneira da dance music brasileira _que abriu as portas para nomes como Iza e Anitta_ não pensa sobre a passagem do tempo. "Sinceramente essa não é uma questão para mim. Aprendi com a minha mãe desde cedo que a vida é uma passagem e cada fase demanda uma energia, um foco. Toda tem a sua beleza e as suas dificuldades", diz ela. De fato, Fernanda nunca parou. Somente a pandemia a tirou dos palcos nos últimos tempos, e ela não vê a hora de voltar. Ela afirma que o trabalho foi fundamental para viver nessa fase, que chegou ao mesmo tempo em que perdeu o pai. "Havia uma grande tristeza ao redor, muita gente sem emprego, uma realidade muito difícil para muitos, ficar sem meu pai... Mas o trabalho me fez ficar em pé." Além de lançar um DVD em 2020 (gravado antes da pandemia), ela planejou um novo álbum, com remixes inéditos e com a participação de vários DJs que deve sair em breve.

Num papo por telefone ela me contou de onde ela tira tanta força e vitalidade.

Envelhecer não é problema

"Envelhecer nunca foi uma questão para mim. Minha mãe sempre conversou muito comigo desde cedo. Dizia que adolescência, por exemplo, seria uma fase intensa e difícil. Tem esse momento que é se desligar da mãe e se conectar a um grupo, há todo tipo de pressão para a gente se sentir incluído, como drogas, sexo. Depois vem a idade adulta, ter que escolher uma profissão muito jovem, depois escolher se quer ser mãe, se quer estar sozinha ou num relacionamento. E por fim a gente envelhece e sabe da aproximação da morte. Eu encaro isso tudo com naturalidade e como parte da vida. As pessoas é que me fazem pensar nisso porque me perguntam, mas para mim não é um problema."

Vitalidade e corpo em forma

"Eu sempre fui bailarina, nunca parei de dançar, o que me deu muita flexibilidade, é natural para mim. Mas isso é bom e ruim, porque o ballet é antinatural, a gente força muito o corpo. Já fiz muita fisioterapia e morro de medo de ter que operar o quadril que tem sequelas desse esforço. Mas a pandemia me deu uma derrubada porque eu sou daquelas que gosta de fazer atividade em grupo, como aulas de dança. Eu estou voltando a fazer atividade física depois de dois anos de bastante dificuldade. Primeiro porque peguei Chikungunha, que me deixou com várias sequelas, dores articulares. Depois tive capsulite adesiva, a síndrome do ombro congelado, que simplesmente me deixou sem poder mexer os braços. Agora estou me recuperando depois de muita fisioterapia e me procuro fazer caminhadas. Mas sei que uma hora vou ter que me convencer a fazer musculação, porque a gente perde muita musculatura com a idade."

Comida de verdade

"Eu como de tudo, mas como pouco. Sempre fui assim. Meu café da manhã e fruta e iogurte, no almoço feijão, arroz, legumes e de preferência um peixe, e aos finais de semana tem churrasco. No jantar algo leve, salada, um lanche."

Menopausa

"Eu entrei na menopausa aos 51 anos, no começo foi chato porque atrapalhou muito meu sono. Foi o único sintoma que eu tive, e tratei com fitoterápicos que minha médica receitou, ajudaram muito. Mas depois tudo passa. Hoje eu faço uma reposição hormonal bem de leve, com acompanhamento e só para dar um suporte para a saúde."

Beleza sem neura

"Eu sou vaidosa, sim, gosto de me cuidar, mas faço muito pouca coisa. Jamais a gente pode ser escrava disso. Não sou contra tratamentos, mas não quero perder a mão. De vez em quando faço um botox nos olhos. Fiz uma vez na testa e não gostei, não me reconheci, fiquei com uma expressão estranha. O que me incomoda em relação a isso é a parte do rosto mais flácida perto da boca, considero um dia fazer um lifting, não tenho preconceito nenhum contra isso. Mas não sei quando, um dia..."

Libido e amor

"Fui casada por 27 anos com o pai das minhas filhas, Sofia, que tem 28 anos e é médica, e Alice, que tem 21 que faz faculdade de moda. Foi um casamento de sucesso, mas nos últimos 5 anos foram meio que uma tentativa que chegou ao fim. E aos 51 anos conheci o músico Tuto Ferraz, que foi incrível, um grande amor, numa fase muito difícil com minha mãe em coma, foi o que me deu vida nova. A gente se ama muito, libido não falta, a gente se admira. Sexo e casamento são coisas que a gente tem que cultivar, começa na cabeça, não depende só dos hormônios ou de idade."