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Lima

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36 horas em Lima, explorando culturas e se esbaldando na gastronomia condimentada

ETHAN TODRAS-WHITEHILL
New York Times Syndicate


Fotos Susana Raab/NYT

Plaza Mayor, onde Lima foi fundada em 1535
Lima há muito é uma cidade cosmopolita hesitante em abraçar sua diversidade. Uma capital fundada por conquistadores espanhóis que subseqüentemente explodiu com afluxos da Ásia e depois das próprias montanhas andinas, ela permanece uma cidade de bairros bem segregados.

Mas graças à culinária de Lima, que está rapidamente ganhando renome internacional por seu frescor e criatividade, isto está mudando. Chefs de ceviche e sushi estão aprendendo uns com os outros. A comida de rua mais popular é a "cinco sabores", um prato de arroz e massa com influências italiana, chinesa, andina, japonesa e africana.

Os restaurantes que antes escondiam sua existência de todos exceto "aqueles por dentro", agora estão anunciando sua presença com sites na Internet e (surpresa) letreiros externos. Para o turista, pode significar dias explorando bairros e atrações com culturas e histórias distintas, intercalados com a experiência gastronômica condimentada, doce e sutil de como tudo isso se une.

Sexta-feira


16h - Pecados do mar
Em Lima, a comida rege. E na cocina limena, peixes e frutos do mar são os reis. A apenas uma quadra ou duas do mar, com piso cerâmico e sala de espera ao ar livre, a Pescados Capitales (avenida La Mar, 1337; 51-1-421-8808, aberto até 16h30, www.pescados-capitales.com) combina o relax da praia com o requinte europeu da classe alta de Lima. O nome é um trocadilho com pecados capitales, os sete pecados capitais, que podem ser pedidos pelo cardápio.

Comece com um pouco de luxúria freudiana (lujuria freudiana, lula grelhada por 26 sóis novos) e então prove uma cremosa avareza indulgente (avaricia sole Rockefeller, 40 sóis novos) ou simplesmente o infidelidade (peixe-espada grelhado infidelidad, 34 sóis novos), caso tema que seu estômago não possa perdoar tão facilmente.

18h - Pare nos parques
Longe do centro da cidade, mas de frente para a praia, se encontra o bairro de classe alta de Miraflores, cuja tradução aproximada poderia ser "veja as flores". Os parques de íris, cactos e palmeiras de Miraflores são bons para caminhadas e como uma introdução a Lima.

Comece pelo parque Kennedy, no centro do bairro, que freqüentemente conta com declamações de poesia e exposições de arte ao ar livre. Atravesse a Diagonal até o Cafe Haiti (Diagonal, 160; 51-1-445-0539), um ponto de encontro tradicional dos intelectuais de Lima, com cadeiras de bambu e mesas na calçada onde é possível provar as bebidas características do Peru: o pisco sour para os alcoolicamente inclinados (9 sóis novos, ou cerca de US$ 3,20 com o dólar cotado a 2,80 sóis novos) e o doce hierba luisa de limão (4 sóis novos) para os abstêmios.

21h30 - Pirâmides e torta
Para a sobremesa, tome um rápido táxi (5 sóis novos) até o La Bodega de la Trattoria (General Borgoño, 784; 51-1-241-6899), a ala casual do La Trattoria, dirigido pela diva das sobremesas da televisão sul-americana, Sandra Plevisani. Pegue uma mesa no pátio e peça uma bocanera de chocolate, um suflê de chocolate cheio de fudge (22 sóis novos), com vista para a Huaca Pucllana, o complexo de estruturas incas do outro lado da rua.

Sábado


9h - Coração da cidade
Inicie a manhã com uma caminhada pela Jirón de la Unión, um calçadão que leva à Plaza Mayor, a praça principal de Lima. Passe por lojas modernas e fachadas coloniais coloridas de 200 anos e saia em uma ampla praça cercada por algumas das melhores obras de arquitetura de Lima. Este é o ponto onde Francisco Pizarro fundou a cidade em 1535 e onde os peruanos declararam sua independência em 1821.

Visite os altares em folha de ouro e as pinturas da Catedral de Lima na margem leste e, se tiver tempo, visite a Igreja de San Francisco a duas quadras a nordeste, com seu convento do século 17 e extensa rede de catacumbas (Plaza San Francisco; 51-1-427-1381; www.museocatacumbas.com).


Ponte dos Suspiros, que pode ser turística e romântica ao mesmo tempo


Meio-dia - Chifa, chifa, por toda parte
Do centro da cidade, caminhe algumas quadras para o leste e um hemisfério inteiro até Calle Capon, a Chinatown de Lima. Resultado da imigração do início do século 20, o Peru tem uma grande população chinesa, um fato observável pela proliferação de restaurantes chifa (chinês-peruano) por toda a cidade. A cozinha chifa é mais condimentada do que a dos pratos chineses tradicionais, usa mais peixes e frutos do mar, mais molhos e menos legumes.

Um dos melhores é o Salon Capón (Jirón Paruro, 819; 51-1-426-9286), onde você pode experimentar lagostim ao vapor com molho de tamarindo (7 sóis novos) e lula picante frita com alho (calamar chiu jin, 28 sóis novos). Depois, caminhe pelo calçadão com o clássico arco de Chinatown em cada ponta, parando para uma leitura da mão, com cheiro de incenso de sândalo no ar.

13h - Cerâmica proibida para menores
Até dezembro de 2008, se puder visitar apenas um museu em Lima, você deve ir ao Museo Rafael Larco Herrera (avenida Bolívar, 1515; 51-1-461-1312; www.museolarco.org) no distrito de Pueblo Libre, que exibe artefatos pré-colombianos. O Museu do Ouro (www.museoroperu.com.pe) é outra opção popular, mas este ano o Larco está exibindo uma coleção de ornamentos e jóias de ouro que rivaliza com as do Museu do Ouro em qualidade, se não em quantidade.

Mas a principal atração do Larco é sua coleção de cerâmica erótica datada do primeiro milênio d.C., que começa com os esperados falos gigantes e passa a descrições detalhadas de atos sexuais impossíveis de serem vistos fora de certos vídeos pornográficos e alguns cantos da Internet.

15h - Adoração no deserto
O Peru é conhecido pelos incas, mas Lima é uma cidade construída para e pelos conquistadores espanhóis. Mesmo assim ainda restam alguns pontos incas, então pegue um táxi até Pachacamac (20 a 25 sóis novos saído de Miraflores; www.pachacamac.net; ingresso a 6 sóis novos), um sítio arqueológico que abrigou um importante oráculo por mais de 1.500 anos e conta com um lindamente restaurado Templo da Lua.

Evite as excursões a menos que tenha pago seu motorista de táxi para conduzi-lo pelo local, mas desembolse 20 sóis novos adicionais por um guia, já que não é possível entrar nas áreas de trabalho (que são muitas) sem um. Leve chapéu e óculos escuros, porque uma visita a Pachacamac faz você se recordar que Lima é uma das maiores cidades do mundo em um deserto.

18h - Restaurante japonês
Não são muitas as cidades que oferecem tanto uma culinária de qualidade mundial quanto uma moeda significativamente mais fraca que o dólar, então aproveite visitando o Matsuei (Manuel Bañon, 260; 51-1-422-4323), um restaurante em San Isidro co-fundado por Nobuyuki Matsuhisa, dos restaurantes Nobu e o melhor endereço de Lima para sushi.

Os japoneses chegaram ao Peru mais ou menos na mesma época que os chineses, e um deles, Alberto Fujimori, até chegou à Presidência (e posteriormente à prisão). Peixe tão fresco quanto em Lima representa um ingrediente ideal para maki acevichado, um rolinho japonês com o molho ceviche clássico peruano (30 sóis novos) e pick up sushi (lula frita com camarão, salmão e arroz e molho tártaro).

22h - Discotecas na periferia
O grande boom populacional de Lima ocorreu nos anos 50, quando os povos andinos migraram para a cidade em grande número, criando várias cidades jovens, ou pueblos jovenes, nos seus arredores.

Estas cidades jovens cresceram e agora contam com a melhor vida noturna de Lima, na forma de uma faixa de clubes na cidade de Los Olivos. Se junte ao público de várias gerações na "salsoteca" Karamba, para dançar salsa em um clube em dois níveis com cocos dançantes pintados nas paredes, ou o Kobus, se preferir rock, ambos no Boulevard Los Olivos (www.boulevard-losolivos.com para ambos).

Domingo


Galeria Lucia de la Puente, em Barranco, tem exposições de arte contemporânea
10h - Vida boêmia
Se Miraflores é o Upper West Side de Lima, então Barranco é a Greenwich Village. Lar da elite boêmia de Lima, como Mario Vargas Llosa, este antigo bairro resort de verão está cheio de galerias de arte, parques ao estilo europeu e pubs. Da Plaza de Armas repleta de caltas, caminhe para oeste até a Ponte dos Suspiros, uma antiga ponte de madeira por um caminho margeado por buganvílias que, quando acompanhado por violonistas e mulheres vendendo rosas, consegue ser tanto turístico quanto romântico.

Então siga para a galeria Lucia de la Puente (Paso Sáenz Peña, 206A; 51-1-477-9740; www.gluciadelapuente.com), em Barranco, que tem exposições de arte contemporânea (como uma ruína inca reconstruída a partir de velhos teclados de computador) que mudam mensalmente.

13h - Comprando artesanato
Em vez de fazer compras nos estandes repetitivos de tecidos e estatuetas do Inca Markets, atravesse a rua em frente ao Lucia de la Puente até a cooperativa de artesãos Dédalo (Paseo Sáenz Peña, 295; 51-1-477-0562), em Barranco.

Cada sala na mansão centenária labiríntica abriga um tipo diferente de artesanato, de bijuterias e molduras de fotos a abajures e trabalho em couro de mais de mil artistas locais diferentes. Um café nos fundos serve café, chá e uma carta decente de vinhos. É um bom local para se sentar e imaginar como explicar ao seu cônjuge o belo mas inútil vaso de vidro soprado que acabou de comprar.

O Básico


Miraflores é a melhor base para uma visita, com uma grande variedade de hotéis de qualidade e uma localização à beira-mar. O Hotel Señorial (José Gonzáles, 567; 51-1-445-0139; www.senorial.com), em Miraflores, é um local adorável e tranqüilo com um pátio florido e um café da manhã farto a um bom preço (216 sóis novos, ou cerca de US$ 77 com o dólar cotado a 2,80 sóis novos, por um quarto duplo).

Para hospedagem mais luxuosa, dificilmente você encontrará algo melhor que o Miraflores Park Hotel (avenida Malecón de la Reserva, 1035; 51-1-610-4000, www.mira-park.com), também em Miraflores, com quartos duplos a partir de US$ 435 (as diárias são em dólares). Um táxi saído do aeroporto Jorge Chávez até ambos os locais sai por cerca de 35 sóis novos.

Tradução: George El Khouri Andolfato
Atualizado em Junho de 2008
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