Topo

Cultura e lazer

Viva a cidade. Saboreie experiências.


Cultura e lazer

Como as padarias paulistanas se tornaram únicas e simbólicas na cidade

Galeria dos Pães funciona 24 horas, com opções de lanches, sopas, queijos, entre outras coisas - Divulgação
Galeria dos Pães funciona 24 horas, com opções de lanches, sopas, queijos, entre outras coisas Imagem: Divulgação

Cíntia Marcucci

Colaboração para o Urban Taste, em São Paulo

22/07/2019 15h21

Pergunte para alguém que não more em São Paulo o que essa pessoa mais gosta por aqui. A chance de você ouvir que são as padarias é altíssima. E talvez você mesmo já tenha se dado conta do quanto sente falta delas quando vai para outros lugares: onde você vai tomar aquele cafezão da manhã, se servindo no buffet até cansar? Ou comprar um vinho pra levar na casa dos amigos? Ou almoçar sem erro, podendo escolher entre o quilo, um lanche ou o PF (o nosso prato feito)?

Veja também:

Onde comer um bom doce de padaria em São Paulo? Siga nosso roteiro
A moda agora é fazer fermento natural e comer o pão que você mesmo amassou
Padarias artesanais estão em alta em SP: veja as dez mais bacanas

Nas padarias de São Paulo é quase obrigatório ter tudo isso. Ao atravessar as catracas e pegar sua famigerada comanda, é como se um portal se abrisse para o maravilhoso mundo das delícias. Tem de comida a pasta de dente, passando pelo pãozinho francês. Não é exagero dizer que daria para viver só comprando em algumas padarias, embora talvez estourasse bastante o orçamento do mês.

É verdade que já existem padarias desse tipo em outras grandes cidades do país, mas não como é por aqui, que em todo bairro tem. As mega padarias fazem parte da cultura de São Paulo e dos paulistanos hoje: todo morador da cidade que se preze tem a sua (ou as suas) de estimação.

Pois saiba que um dia as padarias de São Paulo eram, digamos, comuns. Tinham pães, laticínios, frios, faziam lanches, pizzas em pedaços, tinham suas especialidades, vendiam alguns itens de conveniência em espaços modestos que atendiam os fregueses do bairro. Hoje, porém, as desse tipo são cada vez mais raras na cidade. E quando foi, afinal, que isso mudou?

Pão pão, tudo tudo

Tudo começou nos anos 90, quando os supermercados passaram a investir na fabricação de pães, vendendo os itens mais barato do que as padarias. "Foi um momento difícil mesmo, muitos estabelecimentos fecharam ou passaram por crises pesadas, pois o consumidor optou pela conveniência de comprar tudo no mesmo lugar, mesmo que a qualidade do produto não fosse tão boa", conta Antero José Pereira, presidente do Sindicato dos Panificadores de São Paulo, o Sindipan.

Foi então que dois irmãos que já tinham bastante experiência no ramo de padarias resolveram começar o que dá para chamar de "contra-ataque do império da farinha, água e fermento": já que tinham colocado pão dentro do supermercado, então o supermercado iria para dentro da padaria. No final de julho de 1999, há exatos 20 anos, nascia a Galeria dos Pães, a pioneira desse conceito que hoje é meio que um patrimônio do paulistano.

Galeria dos Pães - Divulgação  - Divulgação
Imagem: Divulgação

"Seu Milton [Guedes de Oliveira, um dos fundadores] conta que todo mundo falou que ele estava louco, que ia afundar. Mas ele tem esse faro", lembra Raphael Lahoz, diretor executivo da Galeria dos Pães. Com a Dengosa, sua outra padaria também nos Jardins, 'Seu' Milton tinha inventado o sanduíche de metro para solucionar o problema de uma freguesa. "Então ele foi em frente."

Em pouco tempo a padaria estourou: ficava aberta 24 horas e, no início dos anos 2000, se tornou parada obrigatória de quem voltava ou ia para baladas e shows, formando filas para os lanches da copa ou para as sopas do mezanino. Até hoje tem dias que as filas para o buffet dão voltas nos corredores da padaria.

Baixando a Augusta

Padaria Bela Paulista, no bairro Cerqueira César, tem movimento 24h nas mesas e balcões - Divulgação - Divulgação
Padaria Bela Paulista, no bairro Cerqueira César, tem movimento 24h nas mesas e balcões
Imagem: Divulgação

A proposta se espalhou. Foi com o conceito de "padaria que nunca para", para a cidade que nunca para… De comer, que começou a jornada da Bella Paulista, aberta em 2002 por um grupo de empresários. O crescimento aconteceu aos poucos e, por estar localizada em um local estratégico, perto da Avenida Paulista e da Rua Augusta, atende um público diverso que vai desde executivos e alunos dos colégios próximos, até todo mundo que desce, vai e volta dos bares e casas noturnas do Baixo Augusta.

Na mais recente reforma, a casa foi ampliada para acomodar 250 pessoas e ganhou até um bar, que era só o que faltava mesmo no cardápio. "Eu nunca vi a loja vazia, é muita gente mesmo que passa por aqui. E até eu, que estou na casa há poucos meses já tenho clientes fiéis, que toda vez que estão em São Paulo passam pela padaria e pelo bar", conta o barman Luiz Eduardo Alexandre, enquanto prepara infusões para seus drinques autorais.

De sushi a casamento

Mesmo sem ter nascido com o tamanho gigante de hoje, a St. Etienne virou referência no conceito das mega padarias por suas inovações. "Quando inauguramos a primeira unidade 1990, aproveitamos a abertura da economia para ter produtos diferentes, como queijos importados, biscoitos. E trazer ingredientes para as receitas francesas, como croissant e baguete, coisa que antes não chegava no país. Depois fomos nos adaptando para o que o mercado pediu", conta Davis Tadeu, gerente de marketing da rede, que hoje tem cinco lojas.

Tadeu lembra que uma feira internacional do setor de panificação já usou as padarias paulistanas como exemplo de modelos diferentes de negócios e que dentro da St. Etienne já aconteceu até casamento e reportagens para jornais do Japão, quando começaram a servir sushi. O que prova que não importa o que você quiser fazer: alguma padaria de São Paulo vai conseguir matar a sua fome e realizar o seu sonho. Ou mesmo a sua fome de sonho. Ou de pão, que tem também, pode acreditar.

Onde encontrar

Galeria dos Pães

Conhecida por muitos como a "padaria que não tem portas", a loja não fechou nenhum dia desde que abriu, há 20 anos, no local onde antes havia um supermercado. Pioneira no conceito "tem de tudo a qualquer hora", a Galeria atende cerca de 5 mil pessoas por dia e ainda tem filas para o clássico buffet de sopas (R$ 49,80) que inclui também pães, frios, sobremesas e diversas bebidas. Dá pra sair de lá com um dos 1.600 rótulos da adega de vinhos ou fazer a compra do mês entre os mais de 20 mil itens vendidos por lá.

Vai lá:
Rua Estados Unidos, 1645, Jardim America, São Paulo.
Segunda a domingo, 24 horas.
Telefone: (11) 3064-5900

Bella Paulista

Engravatados tomando café e fazendo reuniões, turistas maravilhados com a infinidade de opções, gente de todo jeito passando pra comer antes de baixar ou subir a Augusta. A padaria passou por algumas reformas e na mais recente ganhou forno para pizza e bar completo. O buffet de café da manhã custa R$ 29,90 por pessoa e o pão com manteiga na chapa R$ 3,30.

Vai lá:
Rua Haddock Lobo, 354, Cerqueira César, São Paulo.
Segunda a domingo, 24 horas.
Telefone: (11) 3129-8340

St. Etienne

São cinco unidades, duas delas dentro de shoppings e a da City Lapa é uma das maiores padarias do Brasil. Nos anos 90, começou a servir itens importados e oferecer buffet de café da manhã bastante disputado. Com o tempo, foi adicionando de tudo um pouco no cardápio, que hoje tem de pizza a sushi. O Combinado da Santa (R$ 49) tem 18 peças, entre sashimis, niguiris e outras especialidades. E o quilo do pão francês sai por R$ 15,90.

Vai lá:
Jardins
Alameda Joaquim Eugênio de Lima, 1417, Jardins, São Paulo.
Segunda a domingo, 24 horas.
Telefone: (11) 3885-0691

City
Avenida Diógenes Ribeiro de Lima, 2555, Alto de Pinheiros, São Paulo.
Segunda a domingo, 24 horas.
Telefone: (11) 30211200

Vila Madalena
Rua Harmonia, 699, Sumarezinho, São Paulo.
Segundas a sábado, das 6h às 22h30.
Domingo, das 7h às 22h.
Telefone: (11) 3819-2578

Shopping West Plaza
Avenida Francisco Matarazzo, s/n, Água Branca, São Paulo.
Segunda a sábado, das 7h às 22h.
Domingo, das 7h às 15h.
Telefone: (11) 3868-2511

Itaim Bibi
Rua Tabapuã, 1655, Itaim Bibi, São Paulo.
Segunda a sábado, das 6h às 22h30.
Domingo, das 6h às 22h.
Telefone: (11) 3078-1348

Dona Deôla

Aberta em 1996, a rede também foi se adaptando às mudanças do mercado até se tornar uma das mega padarias mais conhecidas da cidade, principalmente na Zona Oeste. Além dos tradicionais buffets e variedade de produtos, faz festivais como o do queijo quente, em que são feitos vários sanduíches diferentes usando o ingrediente, todos pelo preço de R$ 17,90 a unidade.


Vai lá:
Itaim
Rua Joaquim Floriano, 1095, Itaim, São Paulo.
Segunda a sexta, das 7h às 21h, exceto feriados.
Telefone: (11) 3213-7581

Saúde
Avenida Fagundes Filho, 805, Saúde, São Paulo.
Segunda a sábado, 24 horas.
Domingo, das 0h às 22h.
Telefone: (11) 3564-4005

Granja Viana
Rodovia Raposo Tavares, km 22, Granja Viana, Cotia.
Segunda a domingo, 24h.
Telefone: (11) 4612-2288

Higienópolis
Rua Conselheiro Brotero, 1422, Higienópolis, São Paulo.
Segunda a domingo, 24h.
Telefone: (11) 3826-4648

Alto Da Lapa
Rua Pio XI, 1377, Alto da Lapa, São Paulo
Segunda a domingo, 24h.
Telefone: (11) 3022-5640

Pompeia
Avenida Pompeia, 1937, Pompeia, São Paulo.
Segunda a sábado, 24 horas.
Domingo, das 0h às 22h.
Telefone: (11) 3672-6600

Perdizes
Rua Cotoxó, 901, Perdizes, São Paulo.
Segunda a sábado, 24 horas.
Domingo, das 0h às 22h.
Telefone: (11) 3871-2656

Cepam

A mais antiga da lista também tem fama de ser a maior padaria do país, dizem até que seria a maior da América Latina, mas só extraoficialmente. Em 1968, na inauguração, eram 68m2. E agora os serviços de padaria, lanchonete, pizzaria, doceria e conveniência ocupam uma área de 2.500 m2 na Vila Prudente. O quilo do pão francês sai por R$ 11,90.

Vai lá:
Rua Ibitirama, 1409, Vila Prudente, São Paulo.
Domingo a quinta, das 6h às 23h30.
Sexta e sábado, das 6h às 0h30.
Telefone: (11) 2341-6644

Cultura e lazer