3 roteiros temáticos para botecar na Virada Cultural
Boteco é o que não falta em São Paulo. O paulistano tem à disposição os mais variados tipos de bares, para diferentes gostos e orçamentos, espalhados por toda a cidade. Apesar de ser maravilhosa, essa diversidade nem sempre fica evidente, por isso pode ser um desafio e tanto escolher um destino para bebericar. Ainda mais se o tempo for curto, como é o caso do fim de semana da Virada Cultural, que tem uma programação apertada.
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Nessa hora, é fundamental ter força, foco e fé. Melhor ainda se rolar indicação de um especialista, como o jornalista e botequeiro Miguel Icassati, autor da coluna Boteclando e curador da Sociedade Paulista da Cultura de Boteco. Ele também é coordenador do festival Urban Taste Cultura de Boteco, que acontece pelo segundo ano seguido na Virada Cultural, e fez uma seleção seleção temática de botecos, por faixa de preço, região e tipo de bebida. São dicas dignas de salvar o rolê. Então aproveite e boa Virada!
Por faixa de preço
Barato: Carlinhos Restaurante
O arais do Carlinhos virou tradição da região do Brás e Pari, onde existe o restaurante há 48 anos. A receita do sanduíche de kafta prensada no pão sírio, que custa R$ 18,80, é do fundador do bar, Missak Yaroussalian, o Carlinhos. Ele trabalhou na cozinha até falecer, em 2013, quando seus filhos Fabio e Fernando assumiram o negócio. "Nosso carro-chefe é a culinária armênia. Somos mais uma família de imigrantes que se instalou no bairro anos atrás", conta Fernando.
Desde cedo, ele já ajudava o pai no restaurante e acompanhou o crescimento da região. "Temos uma identificação muito grande com o bairro, onde vivem várias nacionalidades. Nossa culinária agrada a todas e também atrai muita gente de outras regiões da cidade, que vêm principalmente aos finais de semana em busca de um lugar simples e tradicional". Por isso, pode ser considerado um boteco barato. Vale dizer que o Arais do Carlinhos vai estar no festival Cultura de Boteco em versão menor, por R$ 10 o de carne e R$ 12 o de queijo.
Vai lá:
Rua Barão de Ladário, 670, Brás, São Paulo.
Segunda à sexta, das 11h30 às 15h30.
Sábado e feriados, das 11h30 às 16h.
Fecha aos domingos.
Telefone: (11) 3315-9474
Intermediário: Consulado Mineiro
Referência de comida mineira em São Paulo, o boteco e restaurante abriu sua primeira de três unidades em 1991. Em todas elas, dá para sentir o gosto e o clima da fazenda no meio da Pauliceia desvairada. "A gente abraçou São Paulo", diz Alexandre Carneiro, um dos sócios e responsável pelo Consulado da Cidade Jardim. "Vamos para Minas recarregar as baterias, mas São Paulo é nossa casa hoje. Somos um nome respeitado e trazemos o máximo da culinária mineira para a cidade", conta.
Cliente fiel há 8 anos, o ortodontista Ricardo Luiz de Lima Barbosa, 60 anos, almoça pelo menos três vezes por semana no Consulado na Cidade Jardim. "Não existe lugar melhor para comer comida caseira na região. É tudo sempre fresco, e a variedade dos pratos é ótima. A polenta frita é maravilhosa", recomenda.
Entre as especialidades da casa estão a Galinhada (R$ 108) e o Leitão à Pururuca (R$ 122), pratos que servem de duas a três pessoas. Ou seja, o valor é intermediário, nem tão barato e nem tão caro. Dá para provar uma versão individual desses pratos no festival Cultura de Boteco por R$ 25, assim como as porções de torresmo, mandioca, pastel e bolinho de mandioca com carne seca, que serão vendidas por R$ 15.
Vai lá:
Rua Professor Arthur Ramos, 187, Jardim Paulistano, São Paulo.
Segunda, das 12h às 15h.
Terça a sexta, das 12h às 15h e das 18h às 23h.
Sábado, das 12h às 23h.
Domingo das 12h às 17h.
Telefone: (11) 3034-3249 e 3816-0564
Investimento: Pirajá
Aberto em 1998, o Pirajá foi um dos primeiros bares da capital paulistana a se inspirar na boemia carioca. Mas a referência aconteceu um pouco por acaso. Os donos contam que no início recebiam muitos clientes do Rio de Janeiro, e todos comentavam a semelhança do lugar com os botecos cariocas.
De tanto ouvir isso, os cinco sócios (todos paulistanos) decidiram tirar a história a limpo: alugaram uma van e viajaram pelo Rio de Janeiro indo de bar em bar. Na volta, incorporaram tudo o que descobriram e assumiram de vez a identidade meio carioca meio paulistana. O cardápio mescla petiscos bem tradicionais do Rio com invenções originais, e um dos mais pedidos é o croquete de costela. A porção com três unidades sai por R$ 39, e por isso o lugar entra na faixa dos que valem gastar um pouco mais.
Vai lá:
Pirajá Pinheiros
Avenida Brigadeiro Faria Lima, 64, Pinheiros, São Paulo.
Segunda a quarta das 12h à 1h.
Quinta a sábado, das 12h às 2h.
Domingo, das 12h às 19h.
Telefone: (11) 3812-2063
Por região
Pinheiros: Mano do Céu
A expressão muito usada por quem mora na capital paulista dá o tom da irreverência deste bar. A proposta aqui é resgatar a cultura dos chamados "pés sujos", ou seja, bares mais simples, que estavam sumindo de Pinheiros. O nome Mano do Céu foi escolhido porque os donos ainda estavam estudando abrir o bar quando vagou um espaço interessante na região. "Tivemos uma semana para decidir, então foi no susto. Pensamos: mano do céu, que loucura", diz Gianfranco Wis, um dos sócios.
O forte é a coquetelaria tradicional a preços mais em conta. O drink Negroni, que mistura Campari, gim, vermute doce e laranja, custa R$ 26. Já o Bitter Giuseppe, com Cynar, vermute tinto, angostura laranja e suco de limão, custa R$ 22. E o boteco ainda fez uma cerveja homônima em parceria com a Cervejaria Baron. A IPA Mano do Céu tem 500 ml e é vendida por R$ 25.
Vai lá:
Rua Ferreira de Araújo, 1007, Pinheiros, São Paulo.
Segunda a sexta, das 12h às 14h30 e das 18h às 23h30.
Sábado, das 13h às 23h30.
Fecha aos domingos.
Telefone: (11) 98277-0009
Centro: Bar Léo
Conhecido como o melhor chopp da cidade, esse tradicionalíssimo boteco abriu sua primeira casa em 1940 na Rua Aurora. Chegou a ser eleito um dos cinco melhores bares do mundo pelo jornalista David Zing, em reportagem para a finada revista "Playboy". Bem "raiz", o Bar Léo foi inaugurado como Bar do Alemão e ainda carrega a influência da nacionalidade em alguns pratos e bebidas típicas, como a Schnaps.
Às quartas e sábados, é servida uma das especialidades da casa, o bolinho de bacalhau, que custa R$ 9 a unidade. Para acompanhar, o chopp Brahma claro sai por R$ 9,20 e o escuro por R$ 11,50, ambos servidos com três dedos de colarinho, como manda a regra. Inclusive, dá para ver pendurado nas paredes do Bar Léo alguns diplomas da Brahma, entre eles o de melhor chopp.
Vai lá:
Rua Aurora, 100, Santa Ifigênia, São Paulo.
Segunda das 11h às 20h.
Terça a sexta das 11h às 21h.
Sábado das 10h às 18h.
Fecha aos domingos.
Telefone: (11) 3221-0247
Centro-sul: Academia da Gula
Esse é um boteco português, ou melhor, uma tasca portuguesa, com certeza. Rosa Brito, a Dona Rosa, chegou ao Brasil em 1971 e só em 1998 abriu a Academia da Gula, que administra hoje ao lado da filha, Daniela. "Minha mãe cuida de absolutamente tudo que é preparado na cozinha", conta.
Amantes de São Paulo, as duas donas são também apaixonadas pela Vila Mariana. "O lugar onde estamos é muito especial, porque quando chegamos na nossa esquina, ninguém acreditava que ali daria certo um restaurante português. Apesar de ser próximo da Avenida 23 de maio, a sensação de quem senta nas nossas mesas na calçada é de estar no interior", diz Daniela.
O clima familiar foi o que encantou a dentista Sandra Menéndez, 60 anos. "Frequento a Academia da Gula há mais ou menos 20 anos, e falo que a gente já faz parte da casa. Vou para happy hour de sábado e sexta, e para almoçar pelo menos uma vez por semana", diz a cliente, que é só elogios para os pratos e o atendimento. "A maneira com que a Dani e a Rosa nos recepcionam é maravilhosa. Meu bacalhau preferido é o 'Dona Olinda', um lombo de bacalhau muito delicioso, coberto com cebolas puxadas ao vinho do porto e umas batatas que ela frita na hora, redondas e bem fofinhas. É imbatível". O prato sai por R$ 255 e serve muito bem três pessoas.
As porções são outro forte do boteco português, que estará no Cultura de Boteco servindo os consagrados bolinho de bacalhau (R$ 8 a unidade) e punhetas de bacalhau, que é o peixe cru com cebola e azeite com pão (R$ 20).
Vai lá:
Rua Caravelas, 374, Vila Mariana, São Paulo.
Segunda a sexta, das 10h às 23h.
Sábado, das 9h às 17h.
Fecha aos domingos.
Telefone: (11) 5572-2571
Por tipo de bebida
Cachaça: Barnabé Restaurante e Cachaçaria
Variedade é o lema deste bar na Zona Norte de São Paulo, que também foge do eixo tradicional de botecos da cidade. Mais de 500 rótulos de cachaça de diferentes regiões integram o cardápio, com doses que variam de R$ 7 a R$ 100. Ou seja, tem de tudo mesmo. Além da boa e bem brasileira pinguinha, o Barnabé é mais um dos bons representantes da culinária e da cultura nordestina em São Paulo.
As semelhanças com o famoso Mocotó não são mera coincidência, porque ambos são da mesma família, que tem mais de 30 anos de experiência nesta culinária. Assim, o Barnabé costuma ser uma boa alternativa para as filas intermináveis do primo e vizinho mais velho.
Vai lá:
Praça Comandante Eduardo De Oliveira, 147, Parque Edu Chaves, São Paulo.
Segunda a sexta, das 12h às 23h.
Domingos e feriados, das 12h às 17h.
Telefone: (11) 2242-2435
Cerveja: FrangÓ
Todo mundo conhece ou pelo menos já ouviu falar da coxinha do FrangÓ, que disputa o título de melhor da cidade com a do Veloso. Polêmicas à parte, o boteco está na Freguesia do Ó desde 1987 e nasceu como rotisseria, comandada por Valdecyr e Cassio Piccolo, pai e filho. A receita de família é usada até hoje, mas não é a única fortaleza do lugar. Foi lá que o jornalista Miguel Icassati aprendeu tudo sobre cervejas estrangeiras. "Se não foi o primeiro da cidade a ter esses exemplares, com certeza é o mais longevo", diz.
De acordo com o sommelier de cerveja da casa, Fabiano Belluci, o FrangÓ foi sim o primeiro bar a vender cerveja importada na cidade. Ele conta que a história começou com a alemã Warsteiner e não parou mais: hoje são mais de 400 rótulos de 18 países. Quem quiser experimentar pode apostar em um dos 10 menus degustação, compostos por seis garrafas cada. Tem opções a partir de R$ 157, boas para dividir em até quatro pessoas. A porção de coxinha acompanha, claro, e 10 unidades saem por R$ 36.
A história da cerveja e da cidade se fundem no FrangÓ, que ocupa um casarão do século 19 tombado pelo patrimônio histórico. Para Fabiano, o bar ajudou a impulsionar o status da Freguesia, bairro em que nasceu e mora até hoje. "É um lugar super tradicional da cidade que virou ponto de encontro e fica 'do outro lado da ponte', fora do circuito de bares. Além disso, está em frente ao charmoso Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó", define o sommelier de cerveja.
Vai lá:
Largo da Matriz Nossa Senhora do Ó, 168, Freguesia do Ó, São Paulo.
Terça a quinta, das 11h às 0h.
Sexta e sábado, das 11h às 2h.
Domingo, das 11h às 19h.
Fecha às segundas.
Telefone: (11) 3932-4818
Coquetéis: Esquina do Souza
A fama de melhor caipirinha de São Paulo é de Deusdete Souza, conhecido por todos pelo seu sobrenome. Souza foi premiado como melhor barman em 2013, profissão que exerce há mais de 20 anos, 13 deles no clássico Veloso Bar. Depois de chegar à gerência da casa, ele realizou o sonho de ter seu próprio espaço em junho de 2018, quando abriu o Esquina do Souza.
Cuidadoso, ele escolhe e compra as frutas frescas que tem vontade e inventa novas caipirinhas - a de cachaça é R$ 22 e a de vodca R$ 26. Sua parceira de vida e de negócios, Tatiane, é quem ajuda na cozinha, de onde saem petiscos como o bolinho de carne, por R$ 30.
Vai lá:
Rua Coronel Melo de Oliveira, 1066, Pompeia, São Paulo.
Terça a sexta das 17h30 às 23h30.
Sábado, das 12h30 às 12h30.
Domingo, das 12h30 às 19h30.
Telefone: (11) 2538-1861
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