Topo

Cultura e lazer

Viva a cidade. Saboreie experiências.


Cultura e lazer

Head shops: um roteiro pelas tabacarias modernas de São Paulo

A Inca Head Shop foi inaugurada em 2016 na Vila Madalena - Divulgação
A Inca Head Shop foi inaugurada em 2016 na Vila Madalena Imagem: Divulgação

Lígia Nogueira

Colaboração para o Urban Taste, em São Paulo

13/03/2019 04h00

Se você mora em São Paulo, provavelmente já se deparou com uma head shop, tabacaria moderna que vende sedas, dichavadores (para triturar o fumo), cachimbos, piteiras e outros artigos para fumar. Esse tipo de loja voltada para a "smoking culture" marca presença em todas as regiões da cidade e ocupa desde espaços com café e quintal até um ônibus de viagem (isso mesmo!).

Ao contrário do que muita gente pensa, a parafernália - como são chamados os artefatos para o consumo do fumo - é aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e os estabelecimentos, que se encaixam sob o guarda-chuva legal das tabacarias, não vendem maconha, nem substâncias ilícitas, como acontece nos coffee shops da Holanda, por exemplo.

O mercado está em plena expansão e há uma "demanda reprimida", observa o empresário Emiliano Pedro. "Desde que inauguramos a Inca, em 2016, vimos dezenas de outras head shops e uma centena de tabacarias abrirem as portas. Hoje o público está mais aberto, tem menos preconceitos em relação ao assunto." Então confira a seguir um roteiro pelas principais vendas do tipo de São Paulo.

Diboa Tabacaria Shop

Quando deixou a carreira de analista de sistemas, Manoel Barreira se inspirou nas lojas de Nova York dedicadas à smoking culture para abrir uma head shop com o filho, Rodrigo, em outubro de 2016, após um ano estudando o assunto. A Diboa fica próxima à estação Fradique Coutinho do metrô e é frequentada por um público heterogêneo. Por isso, os donos se preocuparam em criar um ambiente acolhedor. "Um dos nossos diferenciais é o atendimento; sempre conversamos de igual para igual", diz Rodrigo. Para ele, apesar da expansão significativa das tabacarias na cidade, ainda se trata de um nicho. "A ideia é apresentar os produtos e informar as pessoas como elas podem reduzir os danos de fumar." Uma maneira de fazer isso é usar piteiras. As da Lama (R$ 30), por exemplo, são feitas de cerâmica de maneira artesanal e tornam a fumaça mais fria (e, portanto, menos nociva ao organismo).

Vai lá:
Rua Fradique Coutinho, 155, Pinheiros, São Paulo.
Segunda a sábado, das 11h às 20h.
Telefone: (11) 3360-1930 / 99771-3697
Mais informações no Instagram.

Inca Headshop Café

Inaugurada em 2016, a Inca atrai pela variedade. Além de funcionar como café, ter horário estendido às sextas e dividir o quintal com a loja Patuá Discos, a casinha na Vila Madalena oferece todas as "tralhas" mais populares entre os fumadores, como isqueiros, sedas e dichavadores, até camisetas e mochilas feitas com tecido de cânhamo. Entre os destaques, os potes herméticos Jyarz, com sistema exclusivo de bloqueio de odores, custam entre R$ 100 e R$ 160. Item de colecionador: um bong de quartzo do Cheech, o lendário ativista da dupla Cheech e Chong, sai por R$ 1.500. "Esse é uma obra de arte", diz Emiliano Pedro, sócio da head shop.

Vai lá:
Rua Fidalga, 504, Vila Madalena, São Paulo.
Segunda a quinta, das 10h às 20h. 
Sexta das 10h às 22h. 
Sábado, das 12h às 20h.
Telefone: (11) 99863-6583
Mais informações no Facebook.

Lume Tabacaria

Os sócios da Diboa e da Inca Headshop Café se uniram para inaugurar, há menos de um mês, a Lume, uma tabacaria que se propõe a atender o que eles chamam de "cinco áreas da smoking culture", ou cultura da fumaça. "Trabalhamos com itens para cigarro, cachimbo, charuto, narguilé", conta Emiliano Pedro. "Como a gente vem da área do ativismo canábico, a ideia é normalizar itens ou apetrechos." Esse raciocínio foi um dos fatores que influenciaram na escolha do local para o novo negócio. A tabacaria fica dentro do Vila Butantan, um centro comercial feito de contêineres com lojas e restaurantes. "A proposta é trazer a cultura da fumaça para ambientes convencionais e não ficar só no circuito alternativo", diz Emiliano. Entre outros produtos, o cliente pode encontrar piteiras de vidro Hippie Bong por R$ 20.

Vai lá:
Rua Agostinho Cantu, 47, loja 09-B, Butantã, São Paulo.
Segunda e terça, das 12h às 20h. 
Quarta a sábado, das 11h às 22h. 
Domingo, das 14h às 20h.
Telefone: (11) 2894-5417 / (11) 93220-7288
Mais informações no Instagram. 

Orange House Brasil

Apaixonado pela cultura da fumaça, Daniel Terronis deixou de ser apenas consumidor para se tornar dono de uma head shop, ao perceber uma brecha no mercado. "Enquanto as pessoas queriam cada vez mais novidades, havia falta de informação por parte das marcas atuando no segmento", diz. A primeira loja, na região central, foi inaugurada em 2014. Três anos depois, foi a vez de abrir um endereço no Tatuapé, "para suprir a carência de atendimento na Zona Leste".

A experiência adquirida com a primeira unidade foi importante para desenvolver um mix de informação e produtos diferenciados. Entenda-se por isso sedas a partir de R$ 2 (uma caixinha com 32 folhas) até uma única folha de papel importado feito de ouro 24 quilates (R$ 50). A Orange House também vende bongs da marca própria (a partir de R$ 30) até importados feitos com vidro alemão (R$ 1.000). Há também trituradores para todos os bolsos: dos modelos mais simples, de acrílico (R$ 5), até os de alumínio, mais elaborados e com reservatório (R$ 180).

Vai lá:
Tatuapé
Rua Coelho Lisboa, 246, Tatuapé, São Paulo.
Segunda a sábado, das 10h às 20h.
Telefone: (11) 3331-7708

Consolação
Rua Augusta, 1492, loja 21, Consolação, São Paulo.
Segunda a sábado, das 11h às 22h. 
Domingo, das 13h às 22h.
Mais informações no site.

Trailer do Reggae

O trailer que dá nome à loja é, na verdade, um ônibus de viagem de 11 metros de comprimento. No lugar dos bancos de passageiros, as vitrines exibem uma gama de apetrechos, de narguilés a cinzeiros e artigos para presente. São mais de 100 produtos: 50 tipos de seda, cerca de 50 modelos de trituradores e outros artefatos. Um vaporizador (considerado menos nocivo ao corpo por não envolver a combustão da erva) sai em média R$ 400. O veículo fica estacionado na altura do número 420 da Avenida Roland Garros, no bairro da Vila Medeiros, para fumantes da Zona Norte da cidade. 

Tudo começou há cinco anos, com uma perua Rural antiga. "O negócio foi dando certo e compramos um trailer, depois veio a ideia do busão", conta Ricardo Gorni, sócio da head shop ao lado de Fernando Solla. 

Vai lá:
Avenida Roland Garros, 420, Vila Medeiros, São Paulo.
Segunda a quinta, das 14h à 0h. 
Sexta e sábado, das 13h às 2h. 
Domingo, das 14h às 22h.
Telefone: (11) 95457-5218 / 96504-9838
Mais informações no Facebook. 

Ultra420

A história da Ultra420 se confunde com a popularização das raves no Brasil. Alexandre Perroud, dono da primeira head shop do país, começou vendendo alguns produtos na feira itinerante Mercado Mundo Mix, que o tornou conhecido não apenas em São Paulo, mas também nas outras capitais onde o evento acontecia, como Porto Alegre, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Em 1994, o empresário abriu a primeira loja da marca na Galeria Ouro Fino, nos Jardins, que permanece até hoje como um símbolo da cultura da fumaça. "Era como se fosse uma nave espacial chegando", conta Alexandre. "Muita gente parava em frente à vitrine, mas não entrava."

De lá para cá, diz, as coisas mudaram bastante, principalmente depois de 2013, quando se começou a falar sobre a legalização da maconha para uso medicinal e recreativo nos Estados Unidos. "Segundo o código penal brasileiro, não existe lei que proíba a venda de parafernália. No entanto, era proibido fazer apologia à Cannabis, então não podíamos mostrar a imagem da folha, por exemplo. Hoje, podemos falar abertamente sobre isso." Atualmente a loja tem quatro sócios, está presente em quatro endereços (um deles em Campinas, interior do estado) e fabrica 58% dos produtos que comercializa. Entre eles está o triturador de silicone, um material mais leve, vendido a R$ 79.
 
Vai lá:
Galeria Ouro Fino - Rua Augusta, 2690, Loja 214, Cerqueira Cesar, São Paulo.
Segunda a sábado, das 10h30 às 20h.
Telefone: (11) 3062-9058 / (11) 3062-6080
 
Perdizes
Rua Apiacás, 149, Perdizes, São Paulo.
Segunda a sexta, das 10h30 às 21h30. 
Sábado, das 10h30 às 18h.
Telefone: (11) 2628-4838

Pinheiros
Rua dos Pinheiros, 448, Pinheiros, São Paulo.
Segunda a sábado, das 11h30 às 20h.
Telefone: (11) 3063-0352
Mais informações no site.

Cultura e lazer