Bolacha ou biscoito? As diferenças no flerte entre cariocas e paulistanos
Dizem que o amor é uma linguagem universal. Dizem, também, que todos nós, brasileiros, falamos a mesma língua. Nesse cenário, o amor entre cariocas e paulistanos teria tudo para acontecer sem maiores contratempos, certo?
Bom. Há controvérsias. Cariocas que paqueraram paulistanos, e paulistanos que flertaram com cariocas contam suas experiências na pegação (ou no zero a zero) com os vizinhos. Você concorda com eles?
Recato carioca
P.A, paulista, 29 anos, tradutor
"A coisa que mais me surpreendeu no flerte com os cariocas foi como eles são mais recatados do que parecem. Na hora do papo, inegavelmente rola uma coisa mais solta do que com paulistas -- que vêm sempre com aquele modelinho robótico de perguntas "O que você faz? De onde vc é? Tem filhos?". Sempre que flerto com cariocas, a conversa é mais fluida e converge para os interesses em comum, sem essa necessidade de fazer a ficha Marília Gabriela do date.
Tudo é muito gostoso na paquera com cariocas, mas, na hora de “finalizar” o encontro, que lerdeza! O último moço carioca com quem fiquei foi super interessante, o papo muito legal. Mas sabe quando o boy só tenta fazer o movimento de te pegar quando seu táxi já tá na esquina e ele se toca de que a noite vai terminar no 0x0? Pois é.
Galera do biscoito, #AceleraBolachaSP, que a gente curte vocês -- mas queremos um pouco mais de agilidade e ação."
Sotaque, marra e sumiço
A.C, paulistano, 32 anos, farmacêutica.
"Fico com um carioca desde 2013. A gente se conheceu num bar e, depois que fui embora, ele me mandou trocentas mensagens. Pra ser sincera, ele nem precisaria de muito esforço para me conquistar porque já me ganhou de cara pelo sotaque e pela marra.
Depois de uns dias, ele desapareceu. Até hoje ele é desse jeitinho: aparece, some, aparece. Não sei se cariocas são assim, se ele é assim, ou se a falta de interesse faz com que ele seja assim. Ele morava em São Paulo e, em 2015, voltou pro Rio. Nesse meio tempo, ele já namorou duas vezes e terminou. Agora, está solteiro de novo e estamos combinando a minha próxima ida ao Rio.
O que acho muito doido nos cariocas é que parece que eles ficam 24h no modo galanteador. Até para pedir uma cerveja parece que estão seduzindo o garçom."
Atraso X Breja
R.V, paulistano, 36 anos, jornalista
"Flertei com uma carioca fora do Brasil, em terreno neutro para nós dois. Marcamos em um bar e ela chegou 45 minutos atrasada, mas não achava que estava atrasada. Foi difícil porque não aguento esperar 45 minutos em um bar, e a pessoa chegar e nem pedir desculpas porque acha que não estava atrasada.
Depois disso, ela ainda teve um ataque de riso quando eu falei pra gente 'tomar uma breja'. Disse que aquilo era a coisa mais horrível do mundo e me pediu que nunca mais dissesse 'breja'. Percebemos que essas diferenças eram intransponíveis e deixamos o flerte de lado."
O tal do compromisso
A.P., carioca, 33 anos, empresária
"Mudei para São Paulo porque me apaixonei pela cidade saindo com um paulistano. Então, já instalada em SP, tive meus rolos -- e vi o quanto somos diferentes.
Enquanto o carioca manda mensagem de madrugada chamando para tomar cerveja no boteco, o paulista quer encontrar para tomar café e bater papo. Até nos aplicativos de pegação eu sentia esse choque.
Acho que, no Rio, a marra leva todo mundo a uma atitude mais defensiva. Fica todo mundo voando. Compromisso? Só se for inevitável. Muita opção, muito fogo. Mais fácil ficar sozinho com todo mundo do que se esforçar para dar certo no relacionamento com uma pessoa.
Em SP, sinto todas as relações diferentes. Parece que há mais seriedade inclusive nas amizades e trabalho. Quando me mudei, ficava chocada que conhecia alguém em SP e a pessoa me perguntava como era minha relação com meu pai. Tenho amigos de anos no Rio que nem sabem se meu pai está vivo. Isso foi um desconforto de verdade: responder a tantas perguntas pessoais em SP. Carioca só quer saber se você vai à praia, se vai à festa.
Até fiz uma analogia quando mudei: o Rio (e os cariocas) são aqueles bonitões sedutores que causam sofrência. São Paulo (e os paulistas) são os bonitinhos arrumadinhos que a gente apresenta para a família."
Existe amor em SP?
G.F., carioca, 28 anos, produtor
"Quando me mudei para São Paulo, em 2014, comecei a usar bastante aplicativo de pegação, algo que não fazia no Rio -- talvez porque estivesse mais solitário e a fim de conhecer gente. Quando falava que sou carioca, muita gente parava de responder. Entendo que cariocas podem parecer meio bagaceiros para os paulistas: falam mais alto, são destrambelhados. Isso é um fato. A cultura do Rio é muito mais da rua, muito mais popularesca. Tem gente de SP que assumidamente não gosta de carioca ou que diz 'carioca é tudo safado'.
Sei lá de onde veio essa lenda. Mas sim, no Rio, as pessoas tem uma outra temperatura corporal, um outro jeito de andar, mais lânguido, mais rebolativo, tudo isso resvala para uma postura mais quente em relação à cultura do sexo, em minha opinião.
Em São Paulo, sinto mais formalidade, mais frieza entre as pessoas, mais vontade de reafirmar a distância. Mesmo quando vou para a noite, em festas e baladas, o meu fracasso na paquera com gente de SP é notável. Apesar disso, fiz vários amigos aqui."
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