Topo

Cultura e lazer

Viva a cidade. Saboreie experiências.


Cultura e lazer

Omara Portuondo sobre "Adios" do Buena Vista Social Club: "Sabor agridoce"

Buena Vista Social Club - Fernandes Torres / Divulgação
Buena Vista Social Club Imagem: Fernandes Torres / Divulgação

Kamille Viola

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

09/05/2018 04h00

Quando o álbum "Buena Vista Social Club" foi lançado, em 1997, provavelmente não se imaginava o sucesso que ele faria — tornou-se o mais vendido da história da música cubana, com oito milhões de cópias, e levou a diversos cantos do mundo a banda que participou dele, então chamada Afro-Cuban All Stars. Rebatizada com o nome do disco, a orquestra estrelou um documentário do cineasta alemão Wim Wenders, que ajudou a impulsionar ainda mais o grupo. Vinte e um anos depois, eles voltam ao Brasil para a turnê de despedida, "Adios" — no Rio de Janeiro, o show acontece no Vivo Rio, nesta quinta (10). O grupo ainda passa por São Paulo (12), Florianópolis (13), e Porto Alegre (15).

"Prefiro pensar que é uma turnê de agradecimento por muitos anos de carinho e apoio. Além disso, é uma boa homenagem a todos os integrantes que já não estão conosco. É um sabor agridoce, já que há muita emoção e também alegria, que celebraremos com muita música", comentou em entrevista ao Urban Taste por e-mail a cantora Omara Portuondo, a única mulher entre os veteranos do grupo.

Buena Vista Social Club era o nome de um clube noturno em Havana por onde passaram grandes nomes da música local. Depois de seu fechamento, na década de 1950, muitos artistas acabaram mudando de carreira para se sustentar. O cantor e músico cubano Juan de Marcos González se reuniu com diversos deles em um disco, "A Toda Cuba Le Gusta", que inspirou o produtor inglês Nick Gold, dono do selo World Circuit, a convocar o guitarrista americano Ry Cooder a produzir o álbum que leva o nome do lugar, vencedor do Grammy e aclamado mundialmente.

Formada por grandes nomes da velha guarda e jovens talentos da música cubana, a big band já não conta com alguns membros importantes de sua formação original: o cantor e músico Compay Segundo (1907-2003), o cantor Ibrahim Ferrer (1927-2005), o maestro e cantor Pío Leyva (1917-2003) e o pianista Rubén Gonzáles (1919-2003). Mas, além de Omara Portuondo, traz grandes nomes como Eliades Ochoa (violão), Guajiro Mirabal (trompete) e Barbarito Torres (alaúde). O show terá também a exibição do documentário "Adios", lançado no fim de 2017.

Tendo passado diversas vezes pelo Rio de Janeiro, a cantora comemora estar de volta. "É uma cidade imensamente linda, e me sinto sortuda de tê-la visitado mais de uma vez. Tem uma complexidade e belezas únicas, desde a sua paisagem até suas pessoas", elogia.

Omara esteve por essas bandas não só com o Buena Vista, mas em shows de sua carreira solo e no lançamento do CD e DVD "Omara  Portuondo e Maria Bethânia", de 2008. Além disso, ela gravou em seu disco "Gracias" (2010) uma canção de Chico Buarque em dueto com o cantor — "O que será (flor da terra)" — e registrou outra de Carlinhos Brown, "Casa Calor", em "Flor de Amor" (2004). A diva cubana é fã da música brasileira e cresceu ouvindo nomes como Ari Barroso e Carmen Miranda.

"Vocês têm um enorme acervo musical, como [nós] em Cuba. Creio que somos irmãos em muitas coisas. Para mim foi uma verdadeira honra colaborar com artistas do tamanho de Chico Buarque e Maria Bethânia. Vocês têm uma sensibilidade muito bonita no momento de criar, e é um prazer interpretar músicas brasileiras", derrete-se a cantora.

Para Omara Portuondo, sua terra e o Brasil têm muito em comum. "Muitas coisas que são a raiz de nossa essência como cultura, em ambos os países compartilhamos a religião e a nossa origem com os negros escravizados. Daí também derivam as influências de nossa música, além de outras culturas que também foram assimiladas por ela", observa.

Ela também comemora o fato de que o trabalho do Buena Vista Social Club tenha atingido públicos de diversas gerações. "Adoro a energia e a alegria dos jovens. Nossa música é muito popular independentemente da idade, e isso é uma sorte, porque nos dá muita felicidade", diz.

Vai lá:

Orquestra Buena Vista Social Club: Adios
Quando: 10 de maio, 21h30
Onde: Vivo Rio. Av. Infante Dom Henrique, 85 – Aterro do Flamengo
Quanto: R$ 80 (meia, setor 3) a R$ 360 (camarote A)

Cultura e lazer