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"Finesse" e o New Jack Swing: o resgate de Bruno Mars

Teddy Riley - Divulgação/ Arte Frequência Modulada
Teddy Riley Imagem: Divulgação/ Arte Frequência Modulada

Frequência Modulada*

Especial para o Urban Taste

25/04/2018 04h00

Não é novidade para nós o processo de criação de um hit – dentro daquele "caldo" que o forma, percebemos um sample familiar, uma textura que já deu certo, algo que liga gerações da música e faz com que um cenário fique muito bem trançado.

Logo no começo do ano, nos deparamos com o tiro certeiro de Bruno Mars ao apresentar com o remix de "Finesse" na edição 60 do Grammy junto de Cardi B, um dos nomes mais comentados em 2017. Mars contou com o olhar apurado dos caras do The Stereotypes, que respeitaram demais a textura musical do New Jack Swing – e o reascendeu com maestria.

Os dois responsáveis pela base do New Jack Swing foram de fato lembrados por Bruno Mars em suas falas do Grammy. Por causa de caras como Teddy Riley e Babyface estamos vendo algo que conversa e é atrativo para vários públicos e gerações, passados quase 30 anos de existência. Nesse remix de "Finesse", podemos destacar dois pontos:

- Os vocais de Bruno Mars têm um certo "eco" de fundo. E isso remete diretamente aos vocais de Aaron Hall em "Groove Me", um dos hinos do então soberano grupo Guy; ou "Every Little Step", de um jovem Bobby Brown que despontava em carreira solo embaixo do guarda-chuva de Babyface. Fato curioso: esses vocais com eco permaneceram presentes desde que Teddy Riley achou a textura perfeita os gravando de dentro do banheiro de seu apartamento no Harlem;

- O vídeo de Finesse fazendo total alusão ao seriado "In Living Color", série do canal NBC com criação e atuação dos irmãos Wayans, além de o início promissor para nomes como Jamie Foxx, Jim Carey, Chris Rock e Jennifer Lopez.

O que pode-se definir é que Bruno Mars e The Stereotypes estamparam suas marcas sem ferir os originais, ao revisitar o New Jack Swing. Durante esse passeio aos 90’s que hoje fazemos no nosso cotidiano, a cadeia de consumo na música e vestuário só agradece.

Particularmente tenho uma memória afetiva quanto às fases do New Jack. A primeira, uma batalha saudável entre Babyface e Teddy  Riley pelo hit supremo na boca do povo; a segunda, quando Michael Jackson, que sempre ditou as regras do pop embasado no que tocava no ghetto, escalou Teddy  Riley para um momento em que já precisava se reinventar (bem em 1990, no álbum "Dangerous").

O New Jack Swing nasceu para se dançar sem conhecer, e você não precisa necessariamente gostar – mas dança. Talvez mais artistas embarquem nessa? Vamos acompanhar.

Sobre os autores

*Fabio Lafa é redator, podcaster, pesquisador musical, e consultor em music branding. Juiano BigBoss é seletor, pesquisador musical, curador e produtor artístico. Juntos fazem o podcast Frequência Modulada que existe desde 2014 mapeando cenários musicais -- dos clássicos aos emergentes na música urbana atual.

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