Aos 19 anos, Larissa, que já namorou os atores Thomaz Costa, João Guilherme e Matheus Chequer, não tem vergonha de contar que já sofreu com traições em relacionamentos anteriores.

"Fez parte da minha vida e aprendi com aquilo. Me valorizo e me amo mais", garante Lari, mostrando que o assunto já foi superado.

"Não tem por que ficar passando por esse tipo de coisa, né? Sofrer por algo que não fez bem. Foi necessário passar por aquilo para eu ser quem sou hoje", ela diz.

"Perdoar ou errar faz parte. Foram momentos tristes. Sou humana, então choro. Mas tenho orgulho de ter passado por isso e ter sido tão forte, ter pensado em mim e ido atrás do relacionamento positivo. Fez parte e agora bola pra frente."

Dona de duas casas em Orlando, na Flórida (EUA), Larissa tem uma relação, digamos, íntima com a Disney. Ela quase pula do sofá ao falar do parque. "Para mim, é um refúgio." Por isso, justifica, acha natural levar seus companheiros ao local. Tão normal que ri quando é lembrada que fotos suas ao lado dos três últimos namorados no local geraram piadas e memes.

Em 2019, enquanto participava do programa Silvio Santos ao lado do ex João Guilherme, Larissa ouviu o dono do SBT perguntar ao filho do sertanejo Leonardo se os dois já tinham ido à Disney juntos. Ela nem esperou o ator responder e se adiantou: "Eu já levei todos".

Questionada se não pensa em viajar para algum lugar mais romântico, como Paris, ela gargalha.

"Gosto muito da magia que tem naquele lugar [a Disney]. Tenho uma criança vivíssima dentro de mim. E, quando estou namorando, gosto de ter uma companhia para dividir esse momento. Não tenho problema com isso. Sou muito bem resolvida", diz a artista, que garante dividir a conta com os companheiros. "Não tem essa de 'só eu pago' ou 'eu banco'. É parceria."

Segundo uma reportagem de 2017, da revista Veja São Paulo, Larissa acumulava, naquela época, uma fortuna de aproximadamente R$ 300 mil por mês —ou R$ 3,6 milhões por ano—, entre salário no SBT, shows e licenciamento de produtos.

Para chegar a essas cifras, a mãe de Larissa, Silvana, deixou de atuar como pedagoga para acompanhar a filha nas gravações e eventos no início de sua carreira. O pai, Gilberto, seguiu trabalhando como consultor imobiliário e agenciamento.

Nos primeiros meses em São Paulo, ela e o pai dormiram por uma semana num hostel, no centro da capital, perto da região conhecida como Cracolândia, e depois conseguiram alugar um quarto numa pensão, próxima ao aeroporto de Congonhas. Hoje, seus pais seguem controlando todos os bens da artista, além de sua carreira. Mas Larissa também acompanha cada movimentação financeira.

Dona de quatro casas —uma no Rio e outra em São Paulo, além das duas mansões nos EUA—, Larissa diz que é consciente de seus privilégios.

"Nunca fiquei distante da minha própria realidade e a das pessoas que não vivem a mesma vida que eu. Sou, sim, uma garota privilegiada e gosto de entender sobre isso, principalmente quando a gente discute o lugar de fala das outras pessoas. Hoje, graças a Deus, tudo o que eu construí é fruto do meu trabalho, do meu suor, e do desempenho que meus pais tiveram. Nada cai do céu. As coisas foram acontecendo. Com muito pé no chão a gente foi comprando as casas. Hoje a gente tem aí a nossa casa de São Paulo, tem uma base no Rio e as casas em Orlando que o pessoal sabe."

Por essas diferenças discrepantes entre a realidade em que vive e a da maioria dos jovens brasileiros, Larissa vem se mexendo.

Em junho, ela arrecadou cinco toneladas de alimentos e uma tonelada de álcool em gel, em uma live promovida para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade social atingidas pela crise do novo coronavírus.

Pensa também em fundar uma ONG com seu nome. E diz que quer propor debates mais construtivos nas redes sociais, em vez de ostentar o que tem.

"Acho que, quando a gente fala de dentro para fora, com o coração, é muito mais bonito do que ficar ostentando algo, sabe? Existe uma parte que gosta muito de mostrar. Não que seja ruim, mas há necessidade? Será que não é mais bacana a gente passar outras mensagens, dar preferência a um debate positivo que vai agregar na vida das outras pessoas? Ando bem pensativa em relação a isso."

Larissa vai votar pela primeira vez nas eleições municipais deste ano. E ainda está tentando entender o que fazer.

"Sabia que a minha hora ia chegar, mas é uma difícil escolha. É um momento em que a gente vê muitos absurdos, de todos os lados. Então acho que, quando começar mais esse período [de propaganda política], vou ter um tempo maior para analisar. Por enquanto, não sei."

Enquanto decide pra quem vai seu voto, Larissa fica de olho em mulheres que fazem ativismo para além da política tradicional.

"Uma mulher muito inspiradora e forte, que tem voz ativa, é a Jane Fonda [aos 81 anos, a atriz já foi presa três vezes em meio a protestos por políticas públicas mais duras contra as mudanças climáticas]. E eu sempre a vejo fazendo protestos. Ela tem um poder de ir até as manifestações e dar a cara. Acho muito bacana."

Emancipada aos 16 anos, Larissa tem até hoje os pais a tiracolo em todas as atividades da sua agenda. A presença deles, diz Larissa, fez com que não sofresse assédio na carreira —pelo menos presencialmente. É que a artista não escapa de mensagens indesejadas nas suas redes sociais:

"Graças a Deus nunca aconteceu o assédio comigo. Já recebi comentários em fotos ou alguma mensagem, mas não quero dar margem para isso. Conforme as pessoas vão vendo que a gente vai crescendo, o rosto e o corpo vão mudando, chegam comentários e você fala: 'Meu Deus'. Não sei nem se gostaria de falar aqui. O que faço é denunciar o perfil".

A presença constante dos pais é mais do que uma proteção para Larissa. Ela vê no casal, junto há 25 anos, uma inspiração. Tanto que, garante, nunca precisou recorrer às velhas desculpas usadas por adolescentes quando querem dormir fora com o namorado.

"Aqui sempre rola muita conversa. Não dou perdido. Falo a hora que estou saindo ou chegando. Às vezes, aviso até a hora que estou comendo", ela ri.

"A gente sempre escuta: 'Quando você for mãe, quando você for pai, você vai entender. Então valorizo muito esse cuidado que eles têm comigo. Nunca tive essa vontade de sair escondido."

Sob os holofotes desde cedo, Larissa diz que, em nenhum momento, sentiu ter deixado a infância de lado em nome da carreira. Para ela, trabalho é diversão.

O ônus de ter a vida exposta por tanto tempo, ela aponta, seriam as fake news sobre sua vida. No ano passado, por exemplo, a atriz perdeu uma ação por danos morais que movia contra a jornalista Fabíola Reipert, que insinuou que a atriz tinha ficado grávida quando tinha apenas 14 anos. Larissa garante que, apesar disso, não se sente abalada:

"Não me chateia, nem absorvo nenhum tipo de crítica negativa ou comentários que às vezes surgem nas redes sociais. Todo esse ônus faz parte. Eu entendo, mas não levo para minha vida."

Além de contar com o apoio dos pais, Larissa começou a fazer terapia há um ano para ajudar a achar seu eixo. De quebra, as sessões vêm auxiliando a atriz também a atravessar a quarentena e toda a ansiedade e a insegurança que ela traz. Aliou ainda o tratamento com livros de autoajuda e se apegou à meditação e à ioga, práticas que pretende manter mesmo com o fim do isolamento.

"A terapia tem me ajudado muito a amadurecer os meus pensamentos e ideias, e isso tem ajudado bastante. Principalmente nesse período de quarentena em que, às vezes, bate ansiedade e insegurança de não saber quando a gente vai voltar ao trabalho. E sou extremamente ativa. Então isso tem me ajudado a ficar no centro. Para mim, está sendo um momento de autoconhecimento. Você é o que você escolhe ser, e eu escolho ser melhor todos os dias."

Quem abrir a qualquer hora o Instagram de Larissa vai ter uma ideia do que a artista já fez de 8h30, horário em que ela acorda, até meia-noite e meia, quando vai dormir.

Na página, seguida por 34 milhões de fãs, a artista compartilha o dia a dia com o namorado, os treinos, o café da manhã, as brincadeiras com os 12 cachorros... Diz que adora fazer isso para atender a vontade dos fãs que querem saber todos os seus passos. E assegura não haver qualquer diferença entre a Larissa Manoela das redes e aquela que ela chama de Lari, a menina que saiu de uma cidade de cerca de 180 mil habitantes para ser assistida em quase 28 milhões de lares, somente com o filme "Modo Avião".

"É muito difícil para mim entender ainda as proporções [do sucesso]. Eu não me deslumbro muito", ela diz. "Algumas pessoas acabam achando que sou um pouco intocável, distante, mas não. Compartilho meus treinos, apareço suada, às vezes faço comida e derrubo tudo. Nunca vou deixar de ser a Lari."