O ESQUEMA DE SAUL KLEIN

Em relatos inéditos a Universa, 9 das 32 mulheres que acusam Saul Klein de estupro descrevem esquema de abusos

Pedro Lopes e Camila Brandalise De Universa

Beatriz* veio de Rondônia para São Paulo após ser contatada pelas redes sociais para um trabalho de "representação de imagem". Ellen* recebeu uma proposta para ser modelo. Gabriele* foi chamada para fazer "presença VIP" em uma festa. Os nomes são fictícios para preservar suas identidades.

As três e mais outras 29 mulheres denunciaram ao MP-SP (Ministério Público de São Paulo) Saul Klein, 67, filho mais novo de Samuel Klein, fundador das Casas Bahia, por crimes sexuais. As 32 vítimas acusam o empresário de estupro e afirmam que ele manteria uma rede de aliciamento e exploração sexual — 5 delas afirmam que eram menores de idade na época em que os abusos teriam sido cometidos. Klein está sendo investigado pela polícia por "organização criminosa, tráfico de pessoas, estupro, lesão corporal grave, lesão corporal gravíssima, favorecimento à prostituição e exploração sexual, mediação para satisfazer a lascívia, favorecimento da prostituição e exploração sexual e falsificação de documentos públicos".

Os primeiros relatos com denúncias de abusos cometidos pelo empresário paulistano foram publicados pelo UOL Esporte em dezembro de 2020, após o jornalista Bruno B. Soraggi, da coluna "Mônica Bergamo" da "Folha", revelar a denúncia contra ele. Agora, Universa traz detalhes exclusivos das acusações contra Klein a partir de relatos inéditos de algumas vítimas sobre o suposto esquema de exploração sexual.

Universa teve acesso à íntegra de depoimentos prestados ao MP, a trechos e decisões do inquérito policial, a dois processos cíveis movidos por mulheres contra Saul Klein e a outros três processos trabalhistas movidos por pessoas que ajudariam a recrutar as modelos e a organizar o dia a dia delas na casa e no sítio do empresário. A reportagem também obteve três contratos nos quais Klein se compromete a pagar até R$ 800 mil pelo silêncio de três garotas. Dois deles foram confirmados por ele perante a Justiça; no terceiro, ele alegou que sua assinatura havia sido falsificada e obteve vitória em primeira instância. Além disso, Universa entrevistou duas vítimas e seus familiares, entre outras pessoas, sob condição de anonimato.

Em 2020, Klein foi candidato a vice-prefeito de São Caetano do Sul (SP) pelo PSD e declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 61,6 milhões.

Em 2009, o empresário vendeu sua parte das ações das Casas Bahia para o irmão, Michael. Desde então, dedica-se ao ramo do futebol: investiu no São Caetano e hoje é dono do clube paulista Ferroviária. A empresa Casas Bahia não é mais administrada pela família Klein. O grupo Via (antigo Via Varejo) é que controla a marca. Quando as primeiras denúncias contra Saul Klein surgiram, o Via soltou comunicado dizendo que o empresário "nunca possuiu qualquer vínculo ou relacionamento com a companhia".

Nesta primeira parte da investigação, Universa reconstrói a partir de material exclusivo como as supostas agenciadoras contratadas por Klein chegariam até as jovens, o que lhes seria oferecido e como ocorreriam as avaliações feitas pessoalmente por ele. O perfil dessas nove mulheres era parecido: a idade variava entre 16 e 20 anos, eram desempregadas e tinham o sonho de se tornar modelo. Elas dizem ter desenvolvido dependência financeira e emocional do milionário.

A segunda parte, Anorexia e depressão: vítimas que acusam Klein relatam danos psicológicos, traz relatos das vítimas sobre os traumas causados em suas vidas pelo histórico dos supostos abusos. E, a terceira, Tragédia: recrutada na escola, uma das 'preferidas' de Klein morreu aos 22, conta a história de Sabrina* (nome fictício). Recrutada quando tinha 17 anos, ela desenvolveu depressão severa e tirou a própria vida aos 22 anos, em setembro de 2020.

No dia 15 de abril, uma reportagem da Agência Pública revelou outro escândalo sexual envolvendo a família Klein. Vítimas acusam o pai de Saul, o empresário Samuel Klein, morto em 2014, de ter mantido um suposto esquema de exploração sexual envolvendo menores de idade durante décadas. A reportagem mostra que acordos de confidencialidade foram feitos com algumas das vítimas.

Procurado por Universa, Saul Klein, por meio de sua defesa, nega todas acusações (leia mais ao final da reportagem).

Agenciadoras recrutavam jovens pelas redes sociais

De acordo com as vítimas, os primeiros contatos com as jovens teriam sido feitos por agenciadoras, principalmente as de apelidos de Banana e Puca ou Dea, que se referiam a Ana Paula e Andrea, da Avlis Eventos, além de Marta Gomes da Silva, dona da agência. Por meio de mensagens em redes sociais ou de indicação de outras pessoas, elas chegariam às mulheres que tinham o perfil exigido por Saul: "meninas novas, sem peito e magras", teria dito Dea a uma das agenciadas.

A promessa era de trabalhos como modelo, de presença remunerada em festas ou de acompanhante de luxo de um homem bem-sucedido que gostava de ter pessoas hospedadas em sua casa no bairro nobre de Alphaville, em Barueri (SP). Elas contam que tratava-se de Saul Klein e que eram oferecidos cachês de R$ 2.000 a R$ 3.000 pelos trabalhos. Para algumas, haveria também a oferta de no mínimo R$ 1.000 apenas pela entrevista com o empresário, para avaliar se a jovem estaria apta à vaga.

Para o Ministério Público de São Paulo, que investiga o caso, houve fraude nesse primeiro contato uma vez que o objetivo real do trabalho foi escondido. "Cada uma delas teria sido contatada sob a fraudulenta informação de que haveria interesse de uma organização empresarial em contratar seus serviços como modelo; segundo linha uníssona de descrição das ofendidas, as aparentes agenciadoras as levavam a uma espécie de 'teste' com o suposto 'dono da empresa'", afirma o promotor de Justiça de Barueri (SP), Eduardo Caetano Querobim, em documento.

Advogada das 32 mulheres que entraram com processo contra o empresário, Gabriela Souza afirma que as vítimas sempre tinham algum traço de vulnerabilidade. "Estavam sozinhas e em busca de dinheiro e algumas tinham histórico de violência doméstica na família. Uma me contou que já havia sido vítima de estupro. A relação estabelecida com Klein era abusiva a tal ponto que uma delas disse que ele tinha por ela um 'amor de pai', sendo que o pai dela a agredia quando era mais nova", diz.

Entrevista com abuso e pomada "para fingir virgindade"

Nenhuma das jovens afirma ter sido avisada de que o trabalho para ser modelo ou recepcionista nas festas envolveria contatos sexuais. Nem de que na "entrevista de emprego" com avaliação para a vaga de modelo, teriam que ficar nuas para "serem apalpadas por Klein" e ter relação sexual com ele.

Os testes seriam realizados também no sítio de Klein, em Boituva (SP), ou em um flat na capital paulista. Em um dos relatos, uma vítima afirma que lhe foi garantido que não haveria sexo. Mas diz que a reunião foi "forjada". Quando chegou a Boituva, viu outras 30 "meninas" e teria presenciado uma orgia, com todas as mulheres nuas. "Fiquei paralisada, nervosa, sem saber o que fazer, em choque", diz.

Ela também conta que muitas vezes se sentia ameaçada, pois Klein afirmava constantemente que sempre resolveria qualquer coisa "por meio da influência". "Aqui ninguém mexe comigo", teria dito o empresário. Segundo ela e outras vítimas relatam, as casas e as festas eram vigiadas por seguranças armados.

O juiz do caso, Fabio Calheiros do Nascimento, da 2ª Vara Criminal de Barueri (SP), escreveu em despacho de fevereiro que a presença de seguranças na casa de um homem "abastado" não parece necessariamente um meio de coerção.

Nos relatos, porém, elas contam que eram proibidas de deixar o sítio sem que os funcionários vissem, que as portas ficavam sempre fechadas e que não haveria para onde ir, uma vez que o local ficava isolado. Elas também dizem que tinham seus celulares confiscados e guardados em uma caixa. "Ele gostava de repetir que era dono das Casas Bahia como forma de intimidação", diz uma vítima.

Nos encontros no flat ou na casa em Alphaville, elas contam que agenciadoras pediriam para colocarem biquíni e avisavam que, para receber o pagamento pelos testes, teriam que satisfazer a "qualquer desejo" do empresário, o que incluía contato sexual.

Saul me levou para um quarto e começou um abuso, ele começou a me apertar. Perguntei se usaria preservativo, ele respondeu que não. Falei que não queria continuar, mas ele não respeitou. Foi muito ruim

Uma jovem relata ter ficado paralisada ao ouvir a orientação. "Comecei a chorar", diz. Outra diz que teriam lhe pedido para usar uma pomada anestésica em suas partes íntimas para que ela fingisse ser virgem — e, assim, parecer que "sentiria menos dor", na fantasia de interpretar que aquela seria sua primeira relação sexual. Uma delas conta que foi orientada a falar com uma voz "infantilizada", pois o empresário "gostaria das novinhas". E afirma que ele exigiu ser chamado de pai.

Mentir a idade e fingir ser "menininha virgem"

Após serem selecionadas nas entrevistas, as jovens contam que eram chamadas para festas e para se hospedar na casa de Klein, sempre com promessas de mais dinheiro e presentes e sem saber exatamente o que teriam que fazer.

Ao aceitarem, afirmam, uma das primeiras ordens era mentir a idade — algumas tinham 16, 17 anos, o que poderia configurar crime de exploração sexual, segundo o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e o Código Penal. Elas dizem que recebiam documentos de identidade falsos e que também tinham que decorar uma nova história de vida, criada pelas agenciadoras, para contar nas conversas com Klein.

Uma das jovens, que é descendente de indígenas, afirma ter recebido de uma funcionária do empresário chamada Íris um texto pronto com a história que deveria contar a ele.

Fui obrigada a falar que era filha de japoneses e de mãe empresária. Era considerada a 'novinha' e deveria me comportar com uma menininha virgem

Festas com jogos de "humilhação sexual"

As festas foram descritas pelas mulheres como situações em que seriam violadas sexualmente e algumas vezes agredidas por Saul Klein. Elas dizem que os celulares eram confiscados e que seguranças armados vigiavam o local.

Muitas festas seriam temáticas, com música ao vivo e encenações teatrais e de dança — imagens obtidas pela reportagem mostram o empresário vestido de nobre europeu e também dançando com uma jovem fantasiada de odalisca.

Em alguns desses eventos, as vítimas dizem, precisavam participar de uma "rodas de jogos" de adivinhação com situações de abusos. Segundo elas, se alguma desse a resposta errada, eram submetidas a "humilhação sexual". Uma delas conta em seu depoimento que uma dessas situações era colocar as garotas de pernas abertas na frente de todas as outras para que o empresário introduzisse os dedos em sua vagina, "não se importando se as unhas machucavam".

Em determinado momento, relatam, Klein exigiria que as mulheres ficassem nuas e fizessem sexo umas com as outras. E que abusaria delas na frente de outras.

As festas aconteceriam com o uso de bebidas alcoólicas e de um medicamento hipnótico usado para insônia. Há relatos de que Saul Klein as obrigava a beber. "Mesmo sem eu querer ficar com ele ou manter relações, era obrigada", diz uma jovem. Ela afirma que ele também a obrigava a misturar bebida e remédio e, assim, a violentaria estando desacordada — o que configura estupro de vulnerável, já que a vítima não é capaz de consentir. Segundo a bula do fármaco usado, quando sua ingestão é associada à bebida alcoólica "promove um aumento dos efeitos sedativos ou hipnóticos, prejudicando o estado de vigília, concentração e os reflexos".

Vítimas relatam etapas do aliciamento

  • 1

    Agenciadoras escolhiam jovens nas redes sociais

    Segundo depoimentos das vítimas, as principais agenciadoras de Saul Klein entravam em contato nas redes sociais com mulheres -- e garotas -- que tinham o perfil pedido pelo cliente: "novinhas, magras e sem peito". Elas ofereciam trabalhos como modelos, presença remunerada em festas ou de acompanhante de um empresário que "gostava de ter a casa cheia", oferecendo cachês de R$ 2.000 a R$ 4.000

  • 2

    Avaliação para o "job" com abuso sexual

    Após a seleção para o trabalho prometido como de modelo, elas passavam por uma entrevista com Saul Klein na casa dele em Alphaville, no sítio em Boituva (SP) ou num flat na capital paulista. Elas dizem que precisavam ficar nuas e que ele as apalpava. E que, apenas na hora da entrevista eram informadas que se não aceitassem ter relação sexual com ele -- e sem o uso de preservativo --, não receberiam o pagamento prometido para a entrevista de avaliação.

  • 3

    Identidade falsa, controle de peso e "cativeiro" na mansão

    As vítimas dizem que que após serem selecionadas para trabalhar nos eventos e/ou como acompanhantes, se hospedavam nas casas de Klein e recebiam das agenciadoras identidade falsa e a orientação de fingir ser "menininhas virgens". Teriam que ficar disponíveis 24 horas por dia, tinham celulares confiscados, o peso controlado e eram vigiadas por seguranças armados.

  • 4

    Festas com humilhação sexual, violação e uso de remédio

    Em seus depoimentos, elas contam que as festas para as quais eram recrutadas tinham música ao vivo e algum tipo de encenação -- o empresário, por exemplo, se vestia de nobre europeu. Nos eventos vigiados por seguranças, contam que eram submetidas a um jogo de adivinhação que resultava em "humilhação sexual", que eram obrigadas a beber e a tomar um medicamento hipnótico e que tinham os celulares confiscados. E que o empresário as obrigava a fazer sexo entre elas e também as violava na frente das outras.

"Me sentia em um cativeiro": presas 48h no quarto

Segundo os depoimentos, quem ficasse na casa durante a semana deveria estar disponível 24h para atender Klein. Elas relatam que tinham medo de represálias por deixar o local. Outra diz que vivia um "ciclo vicioso por dinheiro", por isso não conseguia sair de lá. Algumas citam terem sido impedidas por Klein de deixar o quarto dele, ficando trancadas com ele.

Ele não dormia e me obrigava a fazer tudo. Não podia dormir e desenvolvi problema de insônia. Também não podia me alimentar na hora que precisava. Me sentia em um cativeiro

A comunicação com as "hóspedes", segundo os depoimentos, era feita por um grupo de WhatsApp, em que uma funcionária dava as ordens sobre a rotina da casa. Ela dizia, por exemplo, que o empresário tinha acordado e que as mulheres deveriam ficar prontas para fazerem companhia a ele durante uma refeição.

As mulheres também relatam que havia controle da aparência delas: deveriam se manter magras e eram repreendidas caso engordassem.

Uma das garotas diz ter presenciado o dia em que Klein, alterado, teria dado um soco em uma jovem. Elas relatam também terem ganhado beliscões e dizem que ele as arranharia de propósito, para machucar. Outra conta que Klein "cismou" que queria que o cabelo dela fosse loiro. "Ele cuspiu em minha cabeça na mesa de jantar, dizendo que meu cabelo 'era uma merda' e que eu tinha que pintá-lo."

Nos relatos, muitas citam violação com penetração anal forçada durante as entrevistas de avaliação com o empresário — e, em outras ocasiões na casa ou nas festas.

Ele nunca usava preservativo e não podia pedir [que usasse]. Na maioria das vezes era sexo anal e sangrava. Era uma tortura [...] E ele não tomava banho e me fazia lambê-lo. Me sentia escravizada

Algumas das garotas disseram se sentir coagidas a obedecê-lo, não apenas por causa do dinheiro prometido, mas porque se sentiam ameaçadas. Em um dos depoimentos, uma delas diz que ninguém desobedeceria a Klein por receio de uma "possível represália". "Ninguém conseguia negar [os pedidos dele]. E as pessoas da rede do Saul nos ameaçavam constantemente", afirma, sem dar detalhes sobre as ameaças.

Segundo a lei brasileira, crimes de violência sexual podem ocorrer independentemente da relação entre as pessoas. Ou seja, ainda que haja um pagamento por relacionamento ou sexo, se a prática envolver obrigação, ato forçado, com violência ou ameaça, é considerada crime de estupro. Se a outra pessoa não puder oferecer resistência por estar embriagada, é estupro de vulnerável.

Outro lado: Klein diz ser vítima de extorsão e afirma que relações eram consensuais

O processo instaurado pelo Ministério Público de São Paulo em novembro está na fase do inquérito policial e da coleta de depoimentos. Vítimas e testemunhas estão sendo ouvidas pela polícia.

O MP aponta a possibilidade de Klein ter cometido pelo menos nove crimes: tráfico de pessoas, estupro, estupro de vulnerável, favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável, mediação à satisfação de lascívia (induzir alguém a satisfazer os impulsos sexuais de outra pessoa), favorecimento da prostituição e exploração sexual e manutenção de casa de prostituição (com possibilidade de aumento de pena de 1/3 a 2/3 por transmissão de infecções sexualmente transmissíveis) e falsificação de documentos públicos. O inquérito ainda cita lesão corporal grave e gravíssima.

As penas para esses crimes vão de um a 15 anos de reclusão, com aplicação de multa em alguns casos.

A Universa, o advogado de Saul Klein, André Boiani e Azevedo, nega as acusações de crime sexual contra seu cliente. Ele afirma que o empresário teve contato com diversas jovens nos últimos anos e que se relacionou com algumas delas, mas que seria uma relação de "sugar daddy", por meio da qual se "mantém um pagamento, mas não por sexo, [em que ele] sustenta, trata todas como namoradas, essa é a verdade em relação ao Saul".

Azevedo afirma que nunca houve pagamentos diretos às moças por parte de Klein, pois isso seria intermediado pela agência contratada, a Avlis.

"Saul sabia que contratava moças de uma empresa para estarem nos eventos, e elas saberiam que poderia haver aproximação sexual, mas que não seria obrigatório. Nada do que se diz em termos de violência, de obrigatoriedade, de coação, ele participou", afirma Azevedo.

"Como regra, ele pagava para a empresa para que elas estivessem no local. Era questão de terem afinidade e elas terem interesse nisso [em ter relação sexual com ele]. Isso resultava em presentes, em um relacionamento mais amistoso entre ele e as moças."

Sobre as vítimas alegarem terem sido enganadas em relação ao trabalho que fariam, Azevedo diz que Klein não tinha conhecimento disso, pois contratou uma empresa para fazer o processo diretamente com as garotas e para pagá-las pelos trabalhos. Segundo ele, "o que era passado para o Saul" era que a empresa informaria que haveria "aproximação sexual". "Elas poderiam concordar se quisessem. Quando chegavam para falar com ele, jamais mostraram qualquer tipo de desconhecimento."

Em relação às acusações de que Klein se relacionaria com menores de idade, o advogado diz que a agência Avlis enviava documentos falsos. E que as denúncias contra seu cliente são parte de uma tentativa de extorsão da dona da Avlis, Marta Gomes da Silva, após ela ter seus serviços dispensados em 2019. Klein, no entanto, não registrou denúncia de extorsão contra Marta. A reportagem tenta contato com Marta desde dezembro, mas até hoje não obteve resposta.

Como denunciar violência contra a mulher

Mulheres que passaram ou estejam passando por situação de violência, seja física, psicológica ou sexual, podem ligar para o número 180, a Central de Atendimento à Mulher. Funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O serviço recebe denúncias, dá orientação de especialistas e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo Whatsapp no número (61) 99656-5008.

Também é possível realizar denúncias de violência contra a mulher pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil e na página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH), do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).

Mulheres vítimas de estupro podem buscar os hospitais de referência em atendimento para violência sexual, para tomar medicação de prevenção de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente.

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