Ela, que se mudou do Maranhão para cursar moda em São Paulo, grava vídeos no metrô, usando roupas de brechó, e tenta mostrar um mundo mais "gente como a gente" —na medida do possível.
As bolsas são da Renner e as eco bags foram brinde no Shopping Iguatemi, mas a bota de pelinho é da Ugg —e custa R$ 1.700 no Brasil.
Gabi defende que, para muitos alunos, a faculdade virou um dos únicos rolês na semana em que é possível aplicar o que aprenderam em sala e brincar com as tendências. Por isso esse desfile de looks de preços variados, mas sempre exageradamente produzido.
Ela defende que o TikTok é só um recorte do que acontece no curso de moda — "renomado, com professores e projetos sociais incríveis".
Ninguém é obrigado a mostrar tudo o que tem na faculdade, porque é impossível. Um vídeo um pouco mais banal serve para entreter. A pessoa está mostrando um look de grife e as pessoas comentam como se fosse uma coisa muito negativa. E não é, né? É apenas uma realidade daquela pessoa.
Mas, do outro lado da sala, existem os estudantes antiostentação.
É o caso de Stephanie Burger, de 22 anos e aluna do terceiro semestre, que viralizou justamente com vídeos que mostram "o outro lado do estudante de moda da Faap", em resposta aos vídeos que repercutiram "da galera do primeiro semestre".
Ela não aponta o dedo para outras tiktokers, mas fica evidente que busca um contraponto.
Fiquei preocupada de as pessoas terem receio de entrar na Faap por medo de serem inferiorizadas por não ter bolsa, roupa de marca e ter de trabalhar. Pode não ser a intenção dessa galera, mas sabia que tinha muita gente interpretando assim.
Se essa onda de conteúdos tivesse explodido há dois anos, explica, ela mesma teria sentido esse medo. "Pensaria que talvez não fosse um lugar para mim - e que talvez eu não fosse muito bem recebida."
Seu conteúdo tenta mostrar a vida dos alunos que acordam cedo, porque moram longe da faculdade e dependem do transporte público, levam marmita e trabalham para ajudar os pais a bancar a mensalidade.
As roupas exibidas são da Shein, a marca chinesa conhecida pelos itens fashion a preços muito populares. Ela também não tem vergonha de dizer que usa roupa de lojas de departamento como Renner e Zara —acessíveis, se comparadas às grifes.
"Existem outras realidades na Faap. Não tenho nenhuma bolsa de marca, na verdade não tenho roupa nenhuma de marca. A maioria das minhas roupas são de fast fashion. A moda não é só isso."