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Vida é mais difícil para mulheres seja qual for o país de nascimento, diz estudo

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Imagem: iStock

Kate Kelland

Em Londres (Inglaterra)

17/09/2019 12h35

Apesar dos avanços constantes do desenvolvimento, o local de nascimento de uma criança ainda é o maior indicador de sua saúde futura, e a vida é mais difícil para as meninas independentemente do país de nascimento, mostrou um relatório importante nesta terça-feira.

A análise da Fundação Bill & Melinda Gates, entidade filantrópica destacada no financiamento da saúde e do desenvolvimento, apontou que cerca de meio bilhão de pessoas de todo o mundo ainda não têm acesso a saúde básica e educação e que meninas de todas as partes sofrem desvantagens.

"A defasagem entre países, distritos e meninos e meninas prova que os investimentos do mundo no desenvolvimento não estão alcançando todos", disse o relatório, que monitora o progresso na redução da pobreza e nas melhorias na saúde.

O estudo revelou que, apesar dos avanços na disponibilização de educação para as meninas, as oportunidades na vida das mulheres são limitadas por normas sociais, leis e políticas discriminatórias, além da violência baseada em gênero.

Em uma entrevista sobre as conclusões do relatório, a executiva-chefe da Fundação Gates, Sue Desmond-Hellmann, disse que os alertas mais claros são "os perigos do gênero e da geografia".

Ela citou dados do relatório que mostram, por exemplo, que mais crianças morrem no Chade diariamente do que na Finlândia anualmente e que, se na Finlândia a educação média chega ao nível universitário, no Chade uma criança típica não termina a escola primária.

"O gênero continua sendo um grande ponto negativo na igualdade, por isso tratarmos da desigualdade de gênero é a primeira coisa", disse ela à Reuters.

"Mas a segunda coisa é que, se você é uma menina (nascida em uma das partes mais pobres da África), a geografia também age contra você. Simplesmente não é aceitável que uma criança do Chade tenha 55 por cento mais chance de morrer do que uma criança da Finlândia".

O relatório é compilado anualmente pela Fundação Gates, e monitora o progresso dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), que almeja reduzir a desigualdade e a pobreza e melhorar a saúde em todo o globo até 2030.

Embora tenha encontrado um progresso "incessante" no desenvolvimento, já que a vida, a saúde e a prosperidade médias melhoraram no mundo inteiro, o relatório também ressaltou "defasagens persistentes", o que significa que muitas pessoas estão ficando para trás.