Topo

Polícia interroga Galliano, da Dior, sobre acusações de racismo

John Galliano chega a delegacia acompanhado de seu advogado Stephane Zerbib para prestar depoimento em Paris (28/02/2011) - AP
John Galliano chega a delegacia acompanhado de seu advogado Stephane Zerbib para prestar depoimento em Paris (28/02/2011) Imagem: AP

28/02/2011 16h05

Por Astrid Wendlandt

PARIS, 28 de fevereiro (Reuters Life!) - O futuro de John Galliano na Christian Dior pareceu incerto nesta segunda-feira (28), quando a polícia interrogou o estilista por causa de acusações de que teria gritado insultos racistas contra pessoas em um bar na semana passada e em outubro.

Um dos estilistas mais famosos do mundo, conhecido por seus desfiles dramáticos e seu estilo bombástico, Galliano foi suspenso pela Christian Dior horas depois de um casal ter prestado queixa contra ele, dizendo que Galliano gritou insultos racistas e antissemitas contra eles em um bar no bairro do Marais, em Paris, na noite de quinta-feira.

O advogado do estilista disse que Galliano nega ter feito comentários racistas ou antissemitas. No sábado, foi registrada uma segunda queixa, por uma mulher, sobre um incidente separado que teria ocorrido em outubro.

Especula-se no mundo da moda que a Dior possa ser obrigada a demitir Galliano, que é seu diretor criativo desde 1996.

"Acho que a situação é insustentável para a Dior", disse Muriel Piaser, diretora da semana de moda semestral de Paris. "A Dior vende suas criações em todo o mundo. A moda vende sonhos, mas também envolve o respeito por certos códigos éticos."

A Dior, que na sexta-feira afirmou ter uma política de "tolerância zero" em relação a qualquer comportamento racista ou antissemita, disse que Galliano foi suspenso enquanto se aguarda o resultado da investigação.

Não estava claro nesta segunda-feira se o desfile de moda da Dior será realizado na próxima sexta-feira, conforme o previsto. Mas a assessoria de imprensa da John Galliano, a grife do próprio estilista, confirmou seu desfile no domingo.

A Dior se negou a comentar sobre o momento dos desfiles e também sobre a nova queixa registrada contra Galliano no sábado.

A mulher acusou o estilista de 50 anos de insultá-la em outubro, no mesmo bar La Perle onde, segundo uma fonte policial, policiais encontraram Galliano na noite de quinta-feira despejando uma enxurrada de insultos contra um casal, que mais tarde prestou queixa à polícia, dizendo que Galliano incluíra declarações racistas e antissemitas em suas invectivas.

"Quando você é vítima de xingamentos antissemitas ou racistas, não espera quatro meses para registrar queixa", disse à Reuters o advogado de Galliano, Stephane Zerbib. "Questiono o oportunismo dessa nova queixa."

A Dior é uma das maiores grifes de moda, ao lado da Louis Vuitton, do grupo LVMH, o maior grupo de luxo do mundo, controlado e comandado pelo bilionário francês Bernard Arnault.

Galliano, que foi nomeado estilista britânico do ano por quatro vezes, trabalhou anteriormente na Givenchy, onde foi sucedido pelo falecido Alexander McQueen, que mais tarde criou grife própria, hoje parte do grupo francês PPR.

Na segunda-feira, Zerbib se negou a comentar um vídeo postado no site do tablóide britânico "The Sun" e que, segundo o jornal, mostra Galliano insultando mulheres em um bar.