Vagina ardendo ou queimando? Nem sempre é infecção urinária; veja causas

Ler resumo da notícia
Ao contrário do que muita mulher pode supor, queimação na região íntima não indica apenas infecção. Esse sintoma pode estar relacionado a diferentes condições de saúde e merece atenção especial.
Principais causas
Infecções são causas mais frequentes. Embora não sejam as únicas causas, infecções são as mais frequentes, a exemplo de candidíase, vaginose bacteriana e algumas IST (infecções sexualmente transmissíveis). Todas podem provocar queimação, coceira e alterações no corrimento.
De olho em sintomas adjacentes. "A candidíase costuma causar corrimento espesso e branco, tipo 'coalhada', e coceira intensa", diz Tatiane Boute, ginecologista do Fleury Medicina e Saúde. Já a vaginose bacteriana acarreta odor forte e secreção acinzentada. No caso das IST, tricomoníase, clamídia e gonorreia podem causar queimação e ainda corrimento anormal e malcheiroso, dor pélvica e sangramento irregular, segundo Yasmin Noronha, ginecologista e obstetra especialista em patologia do trato genital inferior do Hospital e Maternidade Pro Matre Paulista (SP).
Infecção urinária também pode estar por trás. Nesse caso, a uretra (canal por onde sai a urina) fica inflamada e irritada pela presença de bactérias, geralmente Escherichia coli, o que provoca ardência ou queimação ao urinar. Essa dor pode se irradiar para a entrada da vagina, dando a impressão de que a irritação está na mucosa vaginal.
Tratamento depende da causa. Quando há queimação ou desconforto na região íntima, o médico precisa confirmar a causa antes de indicar o tratamento. Para isso, são feitos exames específicos que analisam a secreção vaginal ou a urina, para identificar bactérias, fungos ou infecções sexualmente transmissíveis. Com os exames, o médico pode confirmar se o problema é urinário, vaginal ou ambos (o que também pode acontecer) e indicar o tratamento mais seguro e apropriado.

Desconforto que pode advir do pH
Desequilíbrio da flora muda pH. A vagina abriga uma comunidade complexa de microrganismos — a chamada flora, ou microbiota vaginal. Quando há um desequilíbrio, o pH muda e o desconforto íntimo aparece.
Pode acontecer após o uso de antibióticos, duchas vaginais ou até relações sexuais sem proteção. "O próprio sêmen é mais básico, então ele acaba alterando, alcalinizando o pH da vagina, tornando-o igualmente mais básico e proporcionando alguns desvios de flora vaginal", diz Noronha.
Probióticos, cremes ou ajustes na higiene ajudam. O tratamento é individualizado, mas costuma envolver reposição da microbiota com probióticos específicos, cremes vaginais ou ajustes na higiene íntima.
Irritação e alergias vindas de fora
Em muitos casos, o vilão é algo banal. Pode ser um produto de higiene pessoal ou usado para lavar roupa, peças apertadas demais ou certos tipos de tecido. "Fatores irritativos e alérgicos também podem provocar a sensação de queimação vulvar ou vaginal. Muitas vezes, o uso de amaciantes, calcinhas escuras e coloridas (tingidas), roupas muito justas ou sabonetes íntimos com pH inadequado estão por trás desse desconforto", comenta a ginecologista Yasmin Noronha.
Em casos de queimação, sempre listamos os produtos em uso e suspendemos aqueles que possam estar causando alergia de contato. Indicamos calcinha de algodão e roupas mais largas. Tatiane Boute, ginecologista
Além de eliminar o agente irritante, é importante adotar hábitos mais adequados à saúde íntima. Entre as recomendações estão: usar calcinhas 100% de tecido natural (algodão) e de cor clara; lavar as peças íntimas com sabão neutro ou de coco; evitar duchas vaginais e o uso de protetores diários; fazer a higiene apenas da parte externa (vulva), utilizando sabonete íntimo com pH entre 4 e 4,5, faixa considerada ideal para manter o equilíbrio da microbiota vaginal.

Hormônios e atrofia
Queda de hormônios também pode causar queimação. Segundo Ana Gabriela Travassos, ginecologista da Clínica AMO e professora da Uneb (Universidade do Estado da Bahia), durante a menopausa e o pós-parto, a queda dos hormônios femininos pode reduzir a lubrificação vaginal e deixar os tecidos vaginais mais finos e sensíveis, atrofiados. Com isso, a região íntima torna-se mais vulnerável a microfissuras, irritações e ardor, especialmente durante o sexo ou ao urinar.
Hidratantes e laser ajudam. "Nos quadros de ressecamento, indicamos hidratantes vaginais, cremes com estrogênio ou até o laser vaginal, que ajuda na regeneração do tecido", explica a ginecologista Tatiane Boute.
Não tente adivinhar o diagnóstico
A queimação vaginal nunca deve ser ignorada nem solucionada com pomadas aleatórias. Cada causa exige um tipo de cuidado específico e só um exame clínico, indicado por especialista, pode apontar o tratamento certo. "Diagnósticos à distância, por mensagens ou fotografias, não são adequados. A prevenção baseia-se em sexo protegido e em cuidados regulares de higiene íntima", diz Travassos.



























Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.