Daniela Lima relembra Roda Viva: 'Sair foi decisão mais difícil da vida'

A jornalista Daniela Lima afirmou que deixar o comando do Roda Viva, em 2019, foi "a decisão mais difícil" que já tomou na carreira. No Desculpa Alguma Coisa, do Canal UOL, ela relembrou seu início no jornalismo, a transição do impresso para a televisão e os bastidores do convite que a levou ao programa da TV Cultura.

Daniela começou a trabalhar aos 17 anos, no Jornal de Brasília. Depois passou pelo Correio Braziliense, Congresso em Foco e chegou à Folha de S.Paulo, onde comandou a coluna Painel. "Eu sempre trabalhei em jornal impresso. É a minha escola. Sou um bicho de papel", disse ela, que também é colunista do UOL.

A jornalista afirmou que começou cobrindo educação, cidades e crimes. Depois, migrou para política, área pela qual se diz apaixonada. "As pessoas acham que a gente trata a política como torcedor de futebol e não é. Política é um jogo de xadrez, e até o lance feio é legal de analisar".

O primeiro contato com a TV veio em 2018, quando participou do programa "Segunda Chamada", do canal MyNews, a convite da jornalista Mara Luquet. "Ela me disse: 'Você tem que fazer televisão'. Eu queria fazer um programa pra falar de política sem o politiquês", lembrou.

Pouco tempo depois, veio o convite que mudaria sua trajetória. Daniela conta que foi chamada pelo então presidente da Fundação Padre Anchieta para uma reunião e imaginou que fosse uma entrevista sobre a nova gestão. "Peguei meu bloquinho, sentei e ele disse: 'Queria te convidar pra assumir o Roda Viva'. Eu quase caí da cadeira", afirmou.

A jornalista tinha 34 anos e, até então, nunca havia pensado em apresentar um programa. "Como você diz não pro Roda Viva? O programa tinha a minha idade. Acabei acumulando o Painel e o Roda por um tempo."

A passagem durou apenas seis meses, mas foi marcante. Durante o período, o programa pautou o debate político e conquistou o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), relembra a jornalista.

Mesmo com a boa fase, Daniela recebeu o convite para integrar o time da CNN Brasil, que ainda estava sendo estruturada. "Foi muito sofrido sair. Foi a decisão mais difícil da minha vida", disse ela.

Na CNN, ela ganhou projeção nacional. A estreia do canal coincidiu com o início da pandemia de covid-19. Após quatro anos, deixou a emissora e foi para a GloboNews. "Foi difícil sair porque a equipe da CNN virou uma família. Mas achei que precisava ver como era. Eu sou um bicho diferente e quis entender como esse bicho se encaixava em outro ambiente", afirmou.

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Daniela Lima abre o jogo sobre demissão da Globo: 'Foi uma porrada'

A onda de fake news provocada pela demissão de Daniela da GloboNews, em agosto deste ano, foi "muito mais violenta do que o processo da demissão em si", relembrou ela.

Daniela descreveu o dia de sua saída da emissora como um "choque", marcado por uma avalanche de desinformação e especulações nas redes sociais.

Foi um dia muito emocionalmente ativo, porque as fontes começaram a me ligar de todo lugar pra entender o que tinha acontecido. Foi uma porrada. A quantidade de coisas que escreveram, que viralizou, que foi explorado, me foi muito dolorido. Pra mim e pra minha família. Daniela Lima

Daniela contou que essa foi a primeira vez que foi demitida na vida. "E pior do que a demissão, foi o que aconteceu depois. Sinceramente, foi quase um surto, houve uma produção em série de fake news", afirmou.

Ela lembra que, logo após publicar um texto curto em suas redes sociais anunciando o desligamento do canal, as informações já circulavam distorcidas. "Não tinha dado nem três minutos [da publicação do post] e alguém já tinha repercutido com um viés muito pesado", disse ela.

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Segundo a jornalista, a emissora justificou a demissão como parte de uma "reformulação". Daniela desmentiu rumores de que sua saída teria relação com uma pesquisa interna da GloboNews, segundo a qual parte dos assinantes considerava a programação mais voltada à esquerda.

"Essa história da pesquisa é mentira. O que aconteceu foi que a Globo fez uma pesquisa qualitativa, ou seja, com um grupo pequeno, 81 pessoas, se não me engano, sendo a maioria homens e empreendedores, pra entender por que algumas pessoas não assistiam mais à GloboNews. Não era sobre o público geral do canal, mas sobre os "haters", o que é superválido", explicou ela.

Daniela afirmou que os resultados da pesquisa, porém, não tiveram nenhuma relação com seu desligamento: "Se você me perguntar 'o que que te disseram?' Nada. A resposta é nada. [...] Só falaram 'a gente vai fazer uma reformulação, de tempos em tempos a gente faz isso'", relatou a jornalista.

O motivo, só eles sabem, né? Eu acho que, de todo o processo, o que se seguiu [à demissão] foi muito mais violento do que a demissão em si, porque a empresa tem o direito de escolher com quem ela trabalha. Daniela Lima

A jornalista também comentou as especulações de que assumiria um cargo público, após ser fotografada com o ministro da Secretaria de Comunicação.

"Fizeram uma foto e já me colocaram como ministra da Secom, da EBC, candidata a deputada... Um surto. Era só uma conversa de jornalista com uma fonte. Todo jornalista que cobre política faz isso, mas quando você tem uma cara conhecida, tudo ganha outro peso", disse ela.

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Por outro lado, Daniela disse que também recebeu uma onda de solidariedade dos amigos e da família. O episódio mobilizou um grupo de colegas próximos, que se reuniram em sua casa para apoiá-la.

"Minha amiga Renata Agostini pegou um avião de Brasília, deixou o filho de dois anos e foi pra minha casa. A Natuza [Nery] foi também, chorou muito mais do que eu. A Júlia [Dualibi] foi, a Andrea [Sadi] mandou flores. Foi uma chuva de amor. Eu demorei a chorar. As pessoas chegavam emocionadas, e eu ainda estava meio anestesiada", relembrou ela.

Desculpa Alguma Coisa no UOL

Sem medo de ser cancelada, a escritora e roteirista Tati Bernardi faz seus convidados falarem o que nunca falariam. Os episódios ficam disponíveis toda quarta-feira no YouTube de Universa e no Canal UOL. Na TV, o programa vai ao ar toda quarta, às 22h30.

O Canal UOL também está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play.

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