Sexo na gravidez: saiba o que pode e o que não pode fazer
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A gestação é um período de intensas transformações físicas, fisiológicas e emocionais, que impactam diretamente a vida sexual da mulher.
Desde que não haja contraindicação médica relacionada a riscos de aborto ou parto prematuro, todas as posições podem ser praticadas. O fundamental é priorizar o conforto, compreender as alterações que o corpo passa e adaptar a vida íntima a essas novidades.
Papai-mamãe, por ironia, é a posição mais incômoda
No decorrer da gravidez, especialmente no segundo e terceiro trimestres, a posição papai-mamãe tende a se tornar desconfortável devido à compressão abdominal. Posições em que a gestante fica deitada de barriga para cima também podem dificultar a circulação sanguínea.
Por isso, alternativas como transar de lado ou de quatro apoios geralmente oferecem mais conforto, já que reduzem o peso sobre o diafragma e dão mais estabilidade.
Cuidados antes e depois do sexo
As alterações hormonais reduzem a imunidade da gestante, o que aumenta o risco de infecção urinária. Por isso, medidas simples ajudam a prevenir complicações: beber bastante água, não segurar a urina por longos períodos, esvaziar a bexiga antes e depois do sexo e manter a higiene íntima adequada.
O uso de preservativo é recomendado, mas duchas vaginais devem ser evitadas, já que prejudicam a proteção natural da vagina. Em casos de histórico de infecções urinárias recorrentes, o médico pode até indicar antibióticos profiláticos.
Colostro e estímulos durante a relação
É possível que o colostro — líquido que antecede a produção de leite materno — comece a ser liberado já no segundo trimestre. Estímulos durante a transa, como carícias ou sucção dos seios, podem intensificar essa liberação, já que envolvem a ação da ocitocina, hormônio ligado ao prazer e à amamentação.
Quando há desconforto, a gestante pode usar sutiã ou absorventes. Em outros casos, o casal pode encarar a situação de forma natural e até erótica, desde que ambos estejam à vontade.
Variações de desejo sexual
O desejo costuma oscilar ao longo da gravidez. No primeiro trimestre, sintomas como cansaço, náuseas e mal-estar reduzem a libido. Já no segundo trimestre, muitas mulheres relatam melhora no apetite sexual.
No terceiro, a frequência tende a cair novamente, por conta do peso abdominal, do desconforto pélvico e da menor satisfação durante a relação. Essas mudanças variam bastante de pessoa para pessoa.
Sangramentos e quando se preocupar
Pequenos sangramentos após o sexo podem ocorrer devido à maior sensibilidade do colo do útero, que concentra mais vasos sanguíneos durante a gravidez. Embora sejam comuns e, em geral, benignos, é essencial comunicar o obstetra sempre que acontecerem.
O sintoma também pode estar relacionado a condições mais graves, como gravidez ectópica, descolamento de placenta ou risco de parto prematuro. O acompanhamento médico e exames de ultrassom são fundamentais nesses casos.
Orgasmo e contraindicações médicas
O orgasmo estimula a produção de ocitocina, que pode gerar contrações uterinas. Em situações específicas — como descolamento ovular, risco de aborto, colo uterino curto ou propensão ao parto prematuro — o sexo pode ser contraindicado.
Apenas o obstetra pode avaliar e indicar a suspensão temporária da atividade sexual quando necessário.
Dor e desconforto
Com o avanço da gestação, o útero aumenta e algumas posições passam a gerar incômodo. Quando o bebê está muito baixo, a penetração também pode causar dor, embora o feto esteja protegido e não sinta nada durante o ato.
Outro fator comum é a diminuição da lubrificação vaginal, o que pode ser contornado com o uso de lubrificantes à base de água.
A importância do diálogo
O sexo na gravidez exige mais comunicação entre o casal. É um período em que a vida íntima pode se reinventar: nem sempre a penetração é necessária para a satisfação, e abrir espaço para conversas sobre inseguranças, mudanças no corpo e novas formas de prazer fortalece a relação.
O essencial é encarar essa fase como uma oportunidade de conexão, adaptação e intimidade.
Fontes: Fernanda Okita, ginecologista e obstetra do Hospital Santa Cruz (SP); Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista do Hospital Israelita Albert Einstein (SP); e Roberto de Azevedo Antunes, ginecologista e obstetra, diretor da SGORJ (Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado do Rio de Janeiro)
*Com matéria publicada em 19/04/2022



























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