Peegasm: segurar o xixi para ter mais prazer pode afetar sua vida sexual

Uma prática curiosa tem chamado atenção entre algumas mulheres: segurar o xixi por longos períodos para, ao finalmente urinar, experimentar uma sensação de prazer intensa, semelhante a um orgasmo. Conhecido como "peegasm", o fenômeno não é exatamente um orgasmo, mas sim uma onda de alívio prazeroso que percorre o corpo após o desconforto da bexiga cheia. Apesar da curiosidade, especialistas alertam que a prática traz riscos importantes à saúde.

O prazer associado ao peegasm está ligado à anatomia feminina. O clitóris, cuja parte visível se aproxima da uretra, possui bulbos internos que envolvem o primeiro terço da vagina, região repleta de terminações nervosas sensíveis a estímulos. Quando a bexiga está cheia, o Sistema Nervoso Autônomo (SNA) entra em ação.

O SNA Simpático contrai a musculatura da bexiga e fecha os esfíncteres, aumentando a tensão interna, enquanto o SNA Parassimpático contrai as paredes do órgão e abre a saída no momento do esvaziamento. Esse "vai e vem" provoca reflexos pelo corpo, como calafrios, arrepios, ondas de calor e tremores, criando a sensação conhecida como peegasm.

Experiência sadomasoquista?

Apesar de intensa, essa sensação difere do orgasmo sexual, que não depende de sofrimento prévio. No peegasm, quanto maior a retenção e o desconforto, mais intenso é o alívio. Por isso, especialistas comparam a prática a uma experiência sadomasoquista: o prazer surge do alívio após o sofrimento, e não da excitação sexual em si.

Algumas mulheres relatam que sentir a bexiga cheia durante a excitação aumenta a percepção do prazer, pois o toque no clitóris é percebido de forma mais intensa pelos centros cerebrais ativados pelo estímulo sexual.

No entanto, transformar o peegasm em hábito frequente pode gerar sérios riscos. A retenção prolongada de urina facilita a multiplicação de bactérias na bexiga, aumentando a chance de infecções urinárias. Além disso, a bexiga pode se distender, prejudicando seu esvaziamento completo, enquanto a pressão sobre os ureteres e rins pode provocar nefrite e até insuficiência renal em casos extremos.

A musculatura do assoalho pélvico, responsável pelas contrações durante o sexo, também pode ser comprometida, impactando a vida sexual da mulher.

Para quem busca novas sensações sem arriscar a saúde, os especialistas recomendam alternativas seguras. Exercícios de Kegel e acompanhamento com fisioterapeutas pélvicas ajudam a fortalecer a musculatura do períneo e aumentam a intensidade do prazer sexual.

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Masturbação e sexo convencional também continuam sendo formas eficazes de explorar novas sensações sem os riscos associados ao peegasm. Afinal, a diversão deve vir acompanhada de cuidado: respeitar os limites do corpo é a melhor forma de garantir saúde e prazer.

Fontes: Débora Padua, fisioterapeuta pélvica e sexóloga; Lilian Fiorelli, uroginecologista do Hospital Israelita Albert Einstein; e José Carlos Riechelmann, médico sexologista;

*Com matéria publicada em 25/07/2020

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