Sexo sem vontade: por que ceder à pressão afeta saúde sexual e emocional

Aceitar relações sexuais sem desejo, apenas para agradar o parceiro ou parceira, é um comportamento mais comum do que se imagina — e extremamente prejudicial para a saúde física, emocional e sexual das mulheres.

Por trás dessa prática, ainda presente em muitas relações, estão crenças machistas que reforçam a ideia de que a mulher deve satisfazer o outro para manter o relacionamento. Essa pressão alimenta sentimentos de culpa, ameaça a autoestima e enfraquece a libido.

O medo da rejeição e da solidão

Um dos fatores que leva muitas mulheres a transar sem vontade é o receio de que o parceiro busque satisfação fora da relação. Essa lógica, baseada em expectativas machistas, coloca sobre a mulher a responsabilidade de evitar uma traição ou o fim do relacionamento.

O medo de ser trocada ou ficar sozinha cria um ambiente de "terror psicológico", em que dizer não parece arriscado, mesmo quando o corpo não está preparado para o sexo.

Quando o corpo reage e cria memórias de dor

O desejo é essencial para que o corpo feminino se prepare para a relação. A excitação favorece a lubrificação e a expansão do canal vaginal, facilitando a penetração e garantindo conforto. Sem tesão, esses processos não ocorrem e o sexo pode se tornar doloroso.

Experiências negativas criam uma espécie de memória corporal: mesmo em momentos futuros de desejo, a mulher pode sentir dificuldade para relaxar e se entregar, perpetuando um ciclo de desconforto que reduz cada vez mais a libido.

Impactos emocionais e físicos

Ceder ao sexo sem vontade também pode gerar ressentimento. A frustração acumulada costuma se transformar em irritação ou mágoa, prejudicando a convivência e diminuindo ainda mais a disposição para o contato íntimo.

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Em alguns casos, o corpo pode somatizar esse sofrimento, manifestando problemas como candidíase, vaginismo ou dor persistente, condições que exigem tratamento médico e cuidado emocional.

A importância de respeitar o próprio tempo

Reconhecer e respeitar os próprios limites é essencial para preservar o prazer e a saúde sexual. O desejo pode variar naturalmente: há dias em que o corpo não está aberto a carícias, e isso não significa desinteresse pelo relacionamento.

Conversar abertamente com o parceiro, planejar momentos íntimos e buscar novas formas de conexão podem fortalecer a relação sem que o sexo se torne uma obrigação.

Consentimento é indispensável

É fundamental lembrar que, mesmo em um namoro ou casamento, sexo sem consentimento é violência. Quando a relação ocorre sem que ambos estejam em plena capacidade de reagir ou quando uma das partes demonstra não querer e, ainda assim, é forçada, trata-se de estupro marital, crime previsto em lei e passível de denúncia.

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Fonte: Lua Menezes, escritora e terapeuta sexual

*Com matéria publicada em 22/1/2021

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