Por que a masturbação jamais deveria causar ciúme em você ou no par?

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Por muito tempo —digamos que durante boa parte da história da humanidade— a masturbação foi tida como algo pecaminoso e errado. Com a revolução sexual no Ocidente, nas décadas de 1960 e 1970, começou a ser discutida e até mesmo encorajada —mais entre os homens do que entre as mulheres, por herança cultural e patriarcal.
Hoje, a masturbação é tida como um instrumento não só de prazer como de autoconhecimento, fundamental para uma sexualidade sadia, mas ainda é um tabu para muita gente. E, apesar de ser um tipo de preliminar excitante para muitos casais, principalmente quando ocorre de maneira mútua, o fato é que, quando é feita a sós, ainda é motivo de desconforto em relações estáveis.
Vibrador não é rival
Falando claramente, muitos homens se incomodam com os sex toys da parceira e até os encaram como "rivais" —afinal de contas, eles se perguntam, por que a mulher precisaria de um vibrador se tem um pênis de verdade à disposição? Em contrapartida, não são poucas as mulheres que —situação das mais comuns— se chocam ao flagrar o cara se masturbando no banho e se ressentem da prática, julgando que o parceiro não está satisfeito ou, pior, está pensando em outra enquanto se estimula.
A verdade é que o vibrador costuma proporcionar, sim, sensações diferentes que a da penetração do pênis e que talvez o sujeito esteja mesmo entregue a fantasias no chuveiro. Nada disso, de acordo com os especialistas, é motivo para ficar com a pulga atrás da orelha por conta de insegurança ou deve ser encarado como uma espécie de infidelidade.
Se há algum conflito, ele não tem nada a ver com a pessoa que se masturba, mas, sim, com quem vê algo errado nisso. Ninguém deveria se incomodar em saber que o par encontre prazer no próprio corpo.
Masturbação faz bem
A masturbação do par é considerada como uma espécie de traição por falta de informação sobre os benefícios da prática —maior conhecimento do próprio corpo e do que propicia prazer, relaxamento e exploração de zonas erógenas, entre outros— e por dificuldade de diálogo na relação. Quando a pessoa se sente amada, o casal conversa abertamente sobre a sexualidade de cada um e sabe-se que a masturbação não afetará negativamente a relação a dois.
Para não magoar o outro, por vergonha ou medo de despertar suspeitas, há quem faça tudo às escondidas. Muita gente prefere a masturbação, mas quando a culpa permeia algo que deveria ser motivo apenas de deleite é possível que logo surja um "elefante na sala de estar" —algo que ambos sabem ou pressentem, porém fingem desconhecer.
Tanto os brinquedos eróticos quanto as fantasias sexuais são recursos benéficos para a masturbação e, claro, para a sexualidade. O parceiro pode ficar enciumado, mas quando perceber que isso é totalmente saudável e que vai melhorar a vida sexual do casal e, assim, fortalecer o vínculo entre os dois, todos os conflitos podem se amenizar.
Conversem, conversem, conversem
O caminho é conversar. E, ainda, praticar a dois, assim um pode descobrir o que agrada o outro e vice-versa, melhorando a comunicação e trabalhando qualquer tipo de inibição que possa acontecer na cama. Um motivo real para desconforto é quando a masturbação passa a se tornar a única forma de prazer para alguém, ou seja, quando a pessoa evitar o contato a dois. Nessa situação, buscar ajuda de um psicoterapeuta é imprescindível.
Fontes: Breno Rosostolato, psicólogo e educador sexual; e Nelly Kim Kobayashi, sexóloga
*Com matéria publicada em 5/3/2019
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