SC: maquiador denuncia cárcere da irmã; Justiça decreta prisão do suspeito

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Após denunciar o namorado por cárcere privado, lesão corporal e extorsão, uma mulher de Imbituba (SC) reapareceu em vídeos ao lado do companheiro. O caso ganhou repercussão nas redes sociais depois que o irmão da vítima denunciou seu desaparecimento. Na semana passada, a Justiça de Santa Catarina decretou a prisão preventiva do agressor, que segue foragido.
O que aconteceu
A mulher, de 24 anos, foi mantida presa por cerca de 30 dias e sofreu lesões físicas por parte do namorado, André Luiz Salvador, 27. O relato consta em dois boletins de ocorrência registrados por ela. O primeiro, por cárcere privado e lesão corporal, foi registrado no dia 9 deste mês. A jovem foi resgatada com ajuda do irmão e de um tio. Segundo o boletim, ela apresentava hematomas pelo corpo, principalmente no rosto, e foi encaminhada ao Hospital São Camilo com apoio do Samu.
No dia seguinte, ela registrou um segundo boletim, desta vez por extorsão e violência doméstica. A mulher relatou ter sido coagida a fornecer dados bancários e abrir uma conta no Santander para o namorado poder fazer empréstimos e movimentações financeiras em seu nome. Ela também denunciou o uso indevido de seu cartão de crédito e informou que já havia obtido medidas protetivas de urgência.
Foi Luiz Philipi Pires Domingos, irmão da vítima, quem trouxe o caso à tona. Morando em Portugal, ele publicou um vídeo que já conta com milhões de visualizações nas redes sociais. Nas imagens, ela aparece deitada em uma cama de hospital, com o rosto desfigurado e os olhos roxos. No relato, Luiz Philipi descreve o que teria acontecido com a irmã nas semanas anteriores.
Dias após sair do hospital, porém, a mulher fugiu da casa da família e reapareceu em vídeos com o companheiro. Nas gravações, a jovem afirmou que decidiu reatar o relacionamento por vontade própria. Ela também declarou que as agressões foram motivadas por uma suposta traição: "Depois dessa suposta traição, o Luiz me agrediu".
Nos vídeos, André também comentou a reconciliação e diz ter sido procurado por Eduarda. Ele negou ter obrigado a jovem a retomar o relacionamento. "Estamos juntos, ela me procurou, ela me chamou", disse. "Se eu fosse tudo isso que ela relatou, tudo isso que a família relatou, ela não tinha me procurado".
Segundo o irmão, a família não sabe onde a mulher está. "A gente não sabe de nada, absolutamente nada. Não sabemos onde ela está, só sabemos que está com ele", afirmou Luiz Philipi.
A Justiça de Santa Catarina decretou no dia 18 de junho a prisão preventiva de Salvador. O pedido foi feito pela Polícia Civil, com parecer favorável do Ministério Público, e concedido pelo Judiciário.
O suspeito está foragido. Segundo a Polícia Civil, André Luiz Salvador não foi localizado até o momento e é procurado pelas polícias Civil e Militar.
Mudança de comportamento
Luiz Philipi disse que percebeu mudanças no comportamento da irmã ainda em maio, quando estava de férias no Brasil. Segundo ele, ela se afastou da família, parou de atender ligações, evitava encontros e parecia estar sendo controlada. "Ela nunca ficou tanto tempo sem falar comigo. A gente sempre foi muito grudado", disse.
Segundo o jovem, que atua como maquiador em Portugal, a situação se agravou no início de junho, quando a irmã enviou uma mensagem pedindo socorro. No áudio, ela teria dito que estava machucada e pediu que o pai fosse buscá-la na casa de André. "Ela disse que estava toda quebrada e pediu para o meu pai ir com outras pessoas, porque o Luiz estava armado", contou.
O irmão relata que, ao longo de um mês, ela ficou em cárcere privado, com acesso restrito ao celular e sob vigilância constante. Segundo ele, o agressor se passava por ela em mensagens enviadas para a família, para afastar os parentes e evitar que eles descobrissem a situação.
A fuga, segundo Luiz Philipi, aconteceu após uma mobilização da família. O irmão e um tio ficaram horas em frente à casa de André, enquanto o pai tentava apoio da polícia. "Ela pulou de muro em muro até conseguir correr para o carro do meu tio", relembrou.
Luiz Philipi também disse que, após o resgate, a irmã chorou e pediu desculpas à família. "Ela falava o tempo todo que não era ela que estava mandando aquelas mensagens, que ele a obrigava com uma arma na barriga", afirmou.
Ele também relata que recebeu mensagens de outras mulheres que afirmam ter sido vítimas de André Luiz Salvador. "Mais de dez meninas me procuraram contando que passaram por situações parecidas com a que a minha irmã viveu", afirmou.
O maquiador diz ter ficado em choque ao ver a irmã desmentindo a própria denúncia. "A pessoa que aparece nos vídeos falando não parece minha irmã. Realmente não é minha irmã", disse. Ele afirmou que ficou "com o coração na mão" ao acompanhar a mudança repentina no discurso dela.
Segundo o maquiador, a família está desesperada desde que perdeu contato com a jovem. "Meu pai quase infartou, minha tia desmaiou, minha mãe está desesperada. A gente só queria notícias dela. A gente não sabe se ela está bem, se ela tá comendo, se tá com medo, se tá sendo ameaçada", afirmou.
Em novo vídeo publicado hoje (23), o irmão de Eduarda reforçou que ela continua desaparecida desde a madrugada do dia 13. Luiz Philipi relatou que a família segue sem qualquer contato com a jovem e que o agressor, André Luiz Salvador, permanece foragido. "Minha irmã já está há mais de uma semana sumida", disse.
O maquiador também mencionou transações financeiras suspeitas nas contas da irmã, além de um episódio em que Salvador teria parabenizado um amigo por cometer feminicídio em Florianópolis. Ele criticou ainda o silêncio das autoridades locais e afirmou que foi bloqueado nas redes sociais pelo prefeito de Imbituba ao tentar pedir apoio para o caso.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 -- Central de Atendimento à Mulher -- e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
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