Estou grávida? Todos os métodos contraceptivos podem falhar, dizem médicos

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Nenhum método contraceptivo é 100% eficaz. Essa é uma realidade pouco discutida, mas fundamental para quem quer evitar uma gravidez. Mesmo com o uso correto da camisinha, da pílula anticoncepcional ou de métodos considerados de alta eficácia, como o DIU e o implante hormonal, ainda existe um risco — mesmo que mínimo — de falha.
O único método 100% seguro para não engravidar, infelizmente, é não transar. Isso porque todos os métodos contraceptivos têm índices de falha e, por menores que sejam, não garantem a segurança total da mulher quando o assunto é gravidez. Esse risco aumenta consideravelmente quando há uso incorreto ou desinformação sobre o método escolhido. A boa notícia é que, ao entender como cada contraceptivo funciona, é possível tomar decisões mais seguras.
A seguir, com o apoio de especialistas em ginecologia e reprodução humana, Universa detalha como funcionam os principais métodos contraceptivos, suas taxas de falha e cuidados essenciais no uso.
Camisinha
Apesar de ser essencial nas relações sexuais para impedir a transmissão de ISTs, (doenças sexualmente transmissíveis) a camisinha não é das mais seguras para quem não quer engravidar. O índice de falha do preservativo comum varia entre 2% e 21%. A alta taxa se dá devido aos acidentes que a envolvem: sair do pênis, no caso da masculina, e rasgar são as principais.
Parece óbvio, mas nunca se deve reutilizar um preservativo. Se teve que tirar por algum motivo, jogue fora, mesmo que ainda não tenha gozado. Se utilizado corretamente, as chances de falha ficam entre 2% e 3%. Se não, aumentam para 21%.
Pílula anticoncepcional
Mesmo inibindo a ovulação, a pílula anticoncepcional tem índices de falha que variam entre 1% e 8%. Para tomar a pílula, o principal método de prevenção, é necessário que a mulher seja regrada em relação à frequência. Os comprimidos precisam ser ingeridos todos os dias, de preferência no mesmo horário.
Caso a mulher esqueça de tomar a pílula, pode ingerir dois comprimidos no dia seguinte. Contudo, se ela voltar a esquecer, deve fazer uso de camisinha por, no mínimo, 14 dias. Mulheres fumantes, com problemas de circulação sanguínea e portadoras de doenças cardíacas devem procurar outro método.
Ainda, há substâncias que podem cortar o efeito do método contraceptivo. Alguns antiepiléticos, antibióticos, antifúngicos, antirretrovirais e diuréticos, por exemplo.
Injeção
A primeira injeção hormonal deve ser aplicada no primeiro dia da menstruação. As aplicações seguintes devem acontecer sempre no mesmo dia do mês, independentemente de a injeção ser mensal ou trimestral. Tomou a primeira no dia 2 de janeiro, a segunda deve acontecer em 2 de fevereiro (se for mensal) ou 2 de abril, no caso da trimestral.
No entanto, poucas mulheres tomam esse cuidado. Se aplicada corretamente, a taxa de falha das injeções é de 0,2% apenas. No entanto, se não houver essa preocupação, o índice sobre para 6%.
Pílula do dia seguinte
A pílula do dia seguinte é um método emergencial que deve ser ingerido em até, no máximo, 72 horas após o sexo - a eficácia diminui de acordo com o tempo. Os índices de falha são de 2% a 21%. Os efeitos colaterais são muitos, por isso, a pílula do dia seguinte deve ser evitada.
Diafragma
O diafragma é um método contraceptivo inserido na vagina antes da relação sexual. Ele bloqueia a entrada de sêmen no útero e só pode ser retirado seis horas após o sexo.
Ainda assim, não é dos mais seguros: A porcentagem de falha é de 6% a 20%, porque pode sair do lugar durante a penetração.
DIU (Dispositivo Intrauterino)
Com durabilidade de 3 a 5 anos, o DIU (Dispositivo Intrauterino) hormonal é um dos métodos mais eficazes contra a gravidez. Apenas duas mulheres em cada mil que utilizam o método engravidam — 0,2% de falha.
Quando se trata do DIU de cobre, o número aumenta. O índice de falha chega a oito mulheres em cada mil.
Laqueadura (Esterilização feminina)
A laqueadura é o procedimento ideal para mulheres que não querem mais ter filhos. Para isso, as Trompas de Falópio são ligadas ou cauterizadas para evitar a passagem do ovo para o útero.
Ainda assim, há falhas. A cada mil mulheres que fazem laqueadura, cinco voltam a engravidar.
Vasectomia (Esterilização masculina)
Assim como a laqueadura, a vasectomia é um procedimento indicado para homens seguros de que não querem ser pais. Com a cirurgia, o esperma deixa de realizar o caminho dos testículos até o pênis.
Apesar de ser um dos procedimentos mais seguros para evitar a gravidez, a falha acomete, em média, um homem em cada mil.
Implante hormonal
O implante subcutâneo é uma cápsula de silicone inserida sob a pele. Por meio dele, a progesterona é liberada diretamente na corrente sanguínea.
A cápsula tem durabilidade de três anos e falha em apenas uma mulher em mil. Mas falha.
Temperatura e tabelinha
Os métodos naturais, como temperatura e tabelinha, são os mais arriscados. Consistem na abstinência de relações sexuais durante o período fértil da mulher - calculado pela temperatura e pelo muco vaginal. As taxas de falha podem chegar a 25%.
Coito interrompido
"Gozar fora" parece uma opção viável, mas pode ser bem arriscada. Ana Maria afirma que as chances de ocasionar uma gravidez podem chegar a 25%.
Fontes: Ana Maria Massad, ginecologista e doutora pela Escola Paulista de Medicina; e Renata de Camargo, ginecologista e especialista em reprodução humana
Com matéria publicada em 16/8/2018
*Todos os índices de falha foram relatados pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Organização Mundial da Saúde e Ministério da Saúde
**Os métodos contraceptivos apresentados não substituem o preservativo para a proteção contra ISTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis)
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