'Fui traída por alguém de confiança', diz prefeita sobre vídeo de biquíni
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Um vídeo em que a prefeita de Marituba (PA), Patrícia Alencar (MDB), aparece dançando forró de biquíni vazou nas redes sociais e gerou uma onda de reações: elogios, piadas, julgamentos morais e ataques à sua conduta como figura pública. A gestora diz que é alvo de violência de gênero e machismo.
Em entrevista a Universa, Patrícia Alencar afirma que o vídeo foi compartilhado cerca de 15 dias antes de vazar nas redes em um perfil privado no Instagram. Segundo a prefeita, o perfil era exclusivo para assuntos pessoais, sem qualquer conteúdo relacionado à gestão pública ou à sua atuação como gestora municipal.
Eu escolhi os seguidores daquele Instagram a dedo. Nunca postei ali nada relacionado ao meu trabalho. Patrícia Alencar
Segundo ela, a conta reunia apenas 186 pessoas, e nenhuma publicação tinha relação com sua atuação política. "Me sinto extremamente violada", afirma. "Fui traída por uma pessoa que estava dentro desse Instagram."
Alguns comentários nas redes reforçaram o tom machista e moralista das reações. "Diante do cargo que ocupa, acho desnecessário e desrespeitoso", escreveu um usuário. "Muito linda, mas alguns cargos e funções precisam de um decoro mínimo", escreveu outro.
Internautas também reagiram com ironia ou desdém. Em um post em que a prefeita divulga a festa junina do município no Instagram, um internauta escreveu: "Que São João o que? Queremos ver a dancinha com o biquíni". Em resposta, apoiadores também se manifestaram: "Égua do machismo. Evoluam. Mulher pode ser trabalhadora, mãe e bonitinha", postou uma internauta.
'Sociedade preconceituosa'
Patrícia Alencar foi reeleita prefeita de Marituba em 2024 com 52 mil votos, o equivalente a 71,36% dos votos válidos. Foi a primeira mulher a comandar o município e venceu a disputa com ampla vantagem sobre os adversários.
A prefeita relaciona o episódio ao machismo estrutural e à violência política de gênero. "Vivemos em uma sociedade preconceituosa. Isso só reforça o quanto a violência de gênero na política está viva nos dias de hoje", diz.
Ela também critica o comportamento de outras mulheres que reforçaram o julgamento. "Boa parte dos comentários preconceituosos que estamos vendo são de mulheres. Não adianta falar em sororidade por boca e não praticar."
Para a prefeita, é preciso discutir com seriedade a forma como mulheres na política são expostas e atacadas. "Sofremos isso constantemente. Tivemos casos no nosso estado, vemos casos praticamente todos os dias no Brasil como um todo", afirma. "Até quando a gente vai achar que isso está dentro da normalidade?"
Ainda abalada com a repercussão, ela defende a união entre mulheres e cobra soluções para o preconceito. "É o momento de debater a violência de gênero na política. E de procurar soluções para o preconceito que enfrentamos diariamente."
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