'Engravidei do cara que vi uma só vez, contei no WhatsApp e nos casamos'

"Marcamos um encontro na festa. A gente bebeu muito, trocamos beijos e o Lucas perguntou se eu queria ir para a casa dele. Acabei indo com ele e a gente fez sexo sem proteção", conta Gabriela.

O dia seguinte não foi nada romântico. "Como a gente tinha bebido bastante, no dia seguinte ficou um clima meio estranho. Então a gente acabou não se encontrando mais. Não mantivemos contato depois daquele dia", explica ela.

'Fiquei apavorada'

Três semanas depois, ela começou a ter cansaço, fadiga e muito sono.

"Foi minha mãe quem sugeriu que eu pudesse estar grávida. Fiz o teste de farmácia, mais para descartar a hipótese de gravidez, porque eu realmente não imaginava que pudesse ser real, mas o teste deu positivo."

Naquele momento, ela não tinha certeza de que o filho era de Lucas.

"Uma semana antes de encontrar com ele, eu estive com outra pessoa. Tinha uma relação casual com esse outro cara, a gente saía de vez em quando e também não tinha usado preservativo. Fiquei apavorada."

Gabriela decidiu contar apenas para o rapaz com quem tinha uma relação mais próxima. "Ele disse que a gente tinha de fazer um teste de paternidade e que eu não podia estar grávida, que eu estava doida, era muito nova para ser mãe e deveria interromper a gravidez."

"Fazer um aborto nunca passou pela minha cabeça: eu queria muito ter a criança. Depois da reação dele, fui pesquisar como fazer um teste de paternidade durante a gravidez. Fizemos o teste de sangue três vezes, mas ele não é o mais preciso e não conseguimos um resultado conclusivo", explica a jovem.

Ainda sem saber quem era o pai, Gabriela mudou sua vida: trancou a faculdade em Minas, voltou para a cidade natal, São José do Rio Preto, e quis focar toda a energia na gestação. "Também fui tratar minha cabeça, fazer terapia, porque não estava preparada emocionalmente para ser mãe naquele momento."

'Tinha certeza que ele iria sumir'

Gabriela decidiu que esperaria a criança nascer para realizar um teste de paternidade mais preciso, mas resolveu procurar Lucas e contar sobre a gravidez.

"Já estava com seis meses de gestação quando mandei mensagem [no WhatsApp] para ele. Tinha muito medo de contar porque não achava que ele ia se importar. Tinha certeza de que ia sumir, que não entenderia o que eu estava passando. Sinceramente, não tinha nenhuma esperança de que ele fosse assumir a criança", conta.

Mas a reação de Lucas surpreendeu a jovem. "Quando falei para ele, ele disse: 'beleza, mas espera um pouco porque isso é uma bomba. Mas fica calma que a gente vai resolver'. Foi muito diferente do que eu imaginava."

"O Lucas disse para mim: 'se for minha filha, vou assumir, não vou deixar a responsabilidade toda em você'. E deixei claro para ele nas mensagens que eu não estava falando com ele porque queria que ficasse com a criança, não queria nem pensão: eu estava falando porque é direito dele saber."

Falei 'se você nem quiser participar da vida dela, está tudo bem'. E, desde o começo, mesmo sem ter certeza que o bebê era dele, ele quis.
Gabriela Pontes

'Sempre quis ser pai de menina'

Lucas lembra o que sentiu quando recebeu a mensagem de Gabriela dizendo que estava grávida e que ele poderia ser o pai.

No primeiro momento, me assustei. Peguei meu celular e vi uma mensagem que era um textão, de um número desconhecido. Na hora que olhei, falei: 'vixe, devo ter saído com a mulher de alguém, deu ruim em alguma coisa'. Mas, quando li a mensagem, pensei: 'o que eu vou fazer da minha vida?'
Lucas Sampaio

Lucas diz que sempre quis ser pai de menina e, mesmo sem ter certeza sobre a paternidade da criança, decidiu trancar a faculdade, voltar para a cidade em que vivia, Limeira (SP), e procurar um emprego.

"Arrumei dois trabalhos, de garçom e vendedor em uma loja de shopping. Queria pelo menos ter dinheiro para apoiar a Gabi. Se fosse minha filha, ajudar com o enxoval, comprar alguma coisa que elas precisassem. Trabalhei como um condenado, não tirava folga, fazia hora extra o máximo que tinha, me virei o máximo que eu pude", conta o jovem.

Do outro lado, Gabi estava surpresa com o envolvimento de um cara que ela mal conhecia. Na maioria dos casos, é justamente o contrário que acontece —e a responsabilidade pela gravidez fica toda com a mulher.

Não esperava de maneira alguma que ele teria essa reação. Ele pedia, por exemplo, para ver imagens do ultrassom e escutar o coraçãozinho dela durante a gravidez. Escolhemos o nome dela, Luna, juntos.
Gabriela Pontes

Confirmação da paternidade

Assim que Luna nasceu, Gabriela colheu o material para realizar o teste de paternidade. "A gente já estava com o kit de coleta e fizemos ali no hospital mesmo. A gente enviou o da Luna e o Lucas enviou o dele", explica a jovem.

Lucas revela que, quando foi colher o material para enviar para o laboratório, um amigo se ofereceu para fazer o teste no lugar dele. "Eu neguei na mesma hora", conta o jovem.

Menos de uma semana após o nascimento de Luna, veio a confirmação: Lucas era mesmo o pai. "Na verdade, a família do Lucas até fala que não precisava nem ter feito o teste. Na hora que ela nasceu, todo mundo dizia que ela era a cara dele", brinca Gabriela.

Eu estava muito confuso na época, mas queria que fosse minha. Quando saiu o resultado, fiquei muito feliz, empolgado.
Lucas Sampaio

Semanas após Luna nascer, Lucas viajou a São José do Rio Preto para conhecer a filha. Ficou sete dias na casa em que Gabriela morava com a mãe. "Foi muito gostoso, porque pude conviver com ele, via os olhinhos dele brilhando quando ele estava com ela", conta Gabriela.

Alguns meses depois, foi a vez de Gabriela viajar para Limeira para levar a filha para ver o pai.

Levei a Luna para conhecer a família dele, e o Lucas disse que estava pensando em se mudar para a minha cidade, para ficar mais perto da bebê. Ele não tinha onde ficar ainda, então queria esperar até conseguir um apartamento. Perguntei se ele não queria ir comigo e ficar na minha casa até arrumar um lugar. No mesmo dia, ele arrumou a mala dele e veio para cá.
Gabriela Pontes

Aos poucos, os dois perceberam que o sentimento entre eles era maior do que imaginavam.

"Um dia, estávamos no show de uma amiga e o Lucas estava emburrado. E ele é a pessoa mais sorridente que já vi na vida. Voltando para casa, a gente começou a conversar e ele me falou que estava sentindo um negócio estranho. Perguntei o que era e ele disse que era ciúmes, porque estava gostando de mim. Eu também já estava sentindo a mesma coisa por ele, mas reprimia porque tinha medo", diz Gabriela.

Então, eles decidiram começar a namorar. "Foi bem aos pouquinhos. O primeiro 'eu te amo' demorou para sair. A gente não se casou de cara. Começamos a namorar, depois foi evoluindo, até a gente decidir sair da casa dos meus pais e irmos morar juntos, só nós dois e a Luna", conta ela.

E, quando a Luna tinha um ano e meio, uma nova surpresa: Gabriela estava grávida novamente.

Descobri que estava grávida do Apólo. Tivemos de recalcular a rota de novo, dar um gás para criar os dois. Mas, no final da história, deu tudo certo, estamos casados e temos dois filhos lindos.
Gabriela Pontes

História viralizou

O casal decidiu compartilhar a história inusitada nas redes sociais: cada um contou a sua versão. Juntos, os vídeos somam quase 9 milhões de visualizações.

Gabriela diz que recebeu alguns comentários julgando o fato de, no início, ela não saber quem era o pai de Luna. "Os comentários são, principalmente, de homens entre 30 e 60 anos, me insultando, falando que não sabem como Lucas ficou comigo. Mas a gente não liga porque estamos muito bem resolvidos."

Ela também ressalta que não quer que sua história influencie outros jovens a saírem com pessoas desconhecidas ou fazerem sexo sem proteção. "A gente não está, de maneira alguma, contando essa história para incentivar as pessoas a irem para a casa de quem não conhecem no primeiro encontro ou a fazerem sexo sem camisinha."

A gente sabe que foi errado e não se vangloria de ter feito isso. No final das contas, no nosso caso, deu tudo certo. Mas quero reforçar que foi errado, foi irresponsável. A gente tinha uma rede de apoio que acabou facilitando muita coisa, mas o ideal é se proteger, tanto na questão do contraceptivo quanto nisso de ir para a casa de um estranho.
Gabriela Pontes