Botão de pânico, IA e alerta de Pix: o que o Tinder tem e quase ninguém usa

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Não é incomum ouvirmos relatos de encontros que deram errado entre pessoas que se conheceram por aplicativo. De golpes financeiros a situações mais graves, como sequestros. O que pouco se sabe é que há dispositivos de segurança já disponíveis que podem evitar problemas.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o Tinder conta com um botão de pânico, que pode ser acionado quando a pessoa precisa de ajuda imediata durante o encontro. Contudo, segundo Yoel Roth, vice-presidente de segurança do aplicativo, ninguém o utiliza. Falta conhecimento.
Aqui no Brasil, o aplicativo de encontros acaba de lançar uma parceria com o projeto Justiceiras. Juntos, desenvolveram um "Guia de Segurança em Dates", focado na segurança digital para os usuários, com orientações sobre os recursos disponíveis no aplicativo para proteger especialmente as mulheres.
"Esse trabalho foi feito em parceria para garantirmos que os recursos oferecidos estejam alinhados com o contexto e as necessidades do Brasil", conta Roth, que falou com exclusividade a Universa.
Diversas formas de segurança
Cerca de 34 milhões de contas já foram banidas do Tinder por não seguirem as regras do aplicativo. E não é necessária uma denúncia para isso ocorrer. Um time de especialistas, com o apoio da inteligência artificial, consegue identificar sinais de que uma conta não está em busca de um relacionamento genuíno.
Uma das formas é pelo telefone. Se alguém afirma ser de São Paulo, mas utiliza um número da Tailândia, por exemplo, o sistema consegue detectar a incoerência. Nesses casos é exigida uma "comprovação de identidade", na qual a pessoa deve enviar uma foto com um documento. O fraudador não consegue concluir essa etapa.

A confirmação de identidade é opcional —uma forma de evitar a exclusão de pessoas trans que ainda não tiveram seus documentos atualizados—, mas, segundo a empresa, tem se tornado cada vez mais comum entre os usuários.
Essa verificação é uma das ferramentas de segurança mais importantes que temos, mas apenas 40% dos usuários a completam. É algo que leva cinco segundos. Yoel Roth
A principal reclamação das brasileiras é o assédio por meio de mensagens inadequadas. O Tinder possui uma ferramenta com inteligência artificial (disponível em 40 idiomas) que detecta quando uma abordagem pode ser ofensiva e pergunta ao usuário: "Tem certeza de que deseja enviar isso?".
"Cerca de 20% dos usuários desistem de enviar mensagens ofensivas após esse alerta. Nós incentivamos o comportamento respeitoso. Mas, se a pessoa insiste em enviar, a mulher que recebe a mensagem é questionada por nós se se sentiu desconfortável e pode denunciar na hora", diz Roth.
Além disso, um recurso solicitado pelas usuárias brasileiras é o "Compartilhe Meu Encontro". Com um único toque, é possível compartilhar com amigos ou familiares quem é a pessoa com quem você vai sair. No entanto, assim como o botão de pânico nos EUA, esse recurso é pouco utilizado.
"Desde que foi criado, apenas 40 mil pessoas compartilharam informações do encontro com esse botão. Isso é muito pouco. Acredito que o motivo seja a falta de conhecimento: as pessoas não sabem que ele existe. Nossos dados mostram que apenas 24% das brasileiras conhecem as ferramentas de segurança", afirma Roth.
Faz um Pix?

Os pedidos de dinheiro por mensagem não são exclusivos de aplicativos de relacionamento, mas golpistas se aproveitam desses momentos de maior vulnerabilidade para fazer vítimas. Segundo dados do Tinder, 64% das mulheres e 66% dos homens acreditam que todos os perfis que encontram na plataforma são reais.
O chat do Tinder não é criptografado. Tudo o que é compartilhado por ali pode ser acessado pela empresa, se necessário. Isso não ocorre com aplicativos da Meta, como Instagram e WhatsApp.
"É um desafio, porque as pessoas migram muito rapidamente do Tinder para outros aplicativos para continuar a conversa. Se for um fraudador, ele tentará essa transição o quanto antes", diz Roth.
Para aumentar a proteção, a Match Group (empresa que controla o Tinder) firmou parcerias com a Meta e com a Coinbase, uma empresa de criptomoedas.
Criamos a Coalizão Tech Contra Golpes, com a Meta e a Coinbase, para compartilhar informações que facilitem a identificação de usuários envolvidos em fraudes. Se, por exemplo, a conversa estiver suspeita e o usuário compartilhar seu número de WhatsApp, podemos alertar a Meta. Yoel Roth
Segundo o Tinder, o Brasil se tornou, em 2021, o primeiro país da América Latina a contar com um centro de segurança dedicado exclusivamente aos usuários locais. Desde então, a empresa mantém uma relação próxima com as autoridades brasileiras e realiza treinamentos com a polícia.
"Temos uma equipe internacional de especialistas que trabalha com a polícia brasileira 24 horas por dia. Eles não apenas respondem a pedidos da Justiça, mas também tiram dúvidas por telefone, caso algum oficial precise de esclarecimentos imediatos", explica Roth.
Segundo ele, atualmente o Tinder leva, no máximo, 24 horas para repassar as informações solicitadas pelas autoridades.
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