TransPreta fala de avó com Alzheimer: 'Queria me reconhecer como eu era'
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A emoção tomou conta da nona edição do Universa Talks, que aconteceu em São Paulo no dia 17 de maio, quando Giovanna Heliodoro, a TransPreta, falou da sua relação com Dona Preta, a sua avó diagnosticada com Alzheimer, e do poder dos afetos e das memórias compartilhadas entre as mulheres da mesma família.
"Ela era dona de uma sabedoria que eu nem sei explicar. Nós moramos juntas por um tempo e eu cresci ouvindo a minha avó me contar histórias e memórias que me atravessavam de maneiras bem importantes", contou.
Giovanna passava pelo seu processo de transição quando a doença chegou e se instalou entre Dona Preta e a família. Mesmo com a perda da memória, sua avó não deixou de reconhecê-la como uma mulher.

O mais impressionante era que mesmo sem lembrar quem eu era, ela só me chamava de 'moça', ela ficava: que moça bonita, você está sempre cuidando de mim. Em algum lugar era como se a memória tivesse esquecido até o laço sanguíneo, mas ela queria me reconhecer como eu realmente era.Giovanna Heliodoro
Lidar com o esquecimento ensinou uma lição valiosa para Giovanna, que ela passou a compartilhar com outras mulheres. "Sejam autoras de suas próprias histórias. Ninguém poderá apagar aquilo que foi escrito por vocês", afirmou.
Além disso, ela contou que a vivência ao lado da avó a motivou a estudar história e a valorizar a memória ancestral da sua família.
"Hoje entendo que mulheres negras cuidaram de todo mundo e ninguém cuidou delas, não tiveram tempo de olhar para si. Na maioria das vezes que as mulheres estavam lutando por direitos básicos, minha avó estava cuidando dos filhos delas", destacou.
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