Tati Bernardi: 'Eu faço tudo com pessoas em que tenho tesão'

Tem pessoas que se motivam com playlist animada ou frases de autoajuda, mas para Tati Bernardi é o desejo que influencia sua motivação. "Eu faço tudo com pessoas que eu tenho tesão, senão eu não faço", disse a escritora para Titi Müller e Marimoon no 'Acessíveis', videocast do Canal UOL. E isso vale até pra terapia: "Eu só vou no meu analista porque eu tenho tesão nele", confessou.

A escritora contou que pediu que seu analista lesse 'A Boba da Corte', novo livro dela, durante as férias. O profissional, segundo ela, concordou inicialmente, mas voltou das férias sem ter lido a obra. "Eu falei pra ele: até entendo que o analista não queira ler, mas você me iludiu. Eu imaginei você deitado, seminu, lendo as páginas do meu livro", brincou. O analista, por sua vez, respondeu: "Pode imaginar eu peladão lendo o seu livro, mas isso não aconteceu."

Eu só faço personal em academia porque eu tenho tesão no personal. (...) Canal de dente? Eu tenho que arrumar um dentista em que eu tenha um pouco de tesão. Porque só pela motivação de vida que corre pra fora da vontade de transar, eu não saio de casa. Tati Bernardi

A escritora também compartilhou uma ideia de peça teatral que vem desenvolvendo há anos: amigos tentam organizar sexo em grupo, e, por conta de suas 'neuroses', passam todo o tempo apenas combinando as regras, mas não concluem o ato. "Eu comecei a escrever essa peça várias vezes, e eu preciso terminar, porque é uma ideia divertida", contou.

A inspiração, como de costume, veio da vida real: "Eu organizei uma suruba e quando estava todo mundo se pegando, eu falei: 'consegui' e fui embora. Eu não curti a suruba", relembrou a roteirista.

'Acham que estou me fazendo de coitada'

'A Boba da Corte', novo livro escrito por Tati Bernardi, é o motivo que a tem tirado da zona de conforto. "Eu tive muito medo de escrever esse livro porque ele fala de códigos", disse ela.

A autora, que cresceu no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo e se mudou com a mãe para Perdizes, na zona oeste, aos 20 anos, contou que sempre teve uma vida confortável: escola particular, intercâmbio para a Disney, plano de saúde, "sem perrengue".

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No entanto, ao ingressar no mercado de trabalho, primeiro na publicidade e depois no meio literário e jornalístico, ela percebeu o quanto certos códigos sociais ainda eram estranhos para ela, mesmo com todos os privilégios.

'A Boba da Corte' é, segundo a autora, uma tentativa de rir das próprias dificuldades em se encaixar em ambientes de elite seja a financeira ou a intelectual.

Não estou contando a trajetória de uma mulher que veio da periferia e que sofreu racismo. O meu livro toma muito cuidado em rir de mim neste lugar de ascensão social, com todas as portas abertas e facilidades que eu tive, mas com uma dificuldade dos códigos. Tati Bernardi

Apesar do cuidado, as críticas vieram. "Sempre tem os haters. Eles acham que eu tô me fazendo de coitada, que nasci pobre", afirmou a escritora.

Outro incômodo enfrentado por ela tem sido o tratamento dado ao livro em entrevistas. "[Nas entrevistas pedem] 'conta lá aquele jantar que você deu pros ricos e que deu ruim'. Aí eu conto, só que contando, deixa de ser literatura e vira uma fofoquinha da minha vida. E aí é ridículo, me tira de um lugar de escritora", desabafou.

'Escrevia no diário: Transei a tarde inteira'

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Na adolescência, Tati Bernardi já mostrava sinais de que a escrita seria o seu destino. A escritora e roteirista relembrou o dia em que descobriu que sua mãe andava lendo seu diário e decidiu se vingar com criatividade. Passou a preencher as páginas com histórias inventadas e escandalosas: romances tórridos aos 13, uso de drogas e até pequenos furtos.

"Comecei a escrever: 'Transei muito, transei a tarde inteira. Será que estou grávida?'. [Eu era] mega virgem. Fui perder a virgindade com quase 19', dia seguinte, eu cheguei pra almoçar, estava meu tio e meu pai, [disseram] 'precisamos conversar'", contou.

Podcast 'Calcinha Larga' foi criado após 'não' do Saia Justa?

Tati Bernardi contou que participou de um teste para ser apresentadora do 'Saia Justa', mas não foi escolhida. "Era na época que era a Mônica Waldvogel. Testaram umas 200 meninas para fazer parte do Saia Justa. Eu estava muito empolgada com o teste e não passei. E aí, fiquei chateada,nmas eu seguia assistindo", relembrou.

Ao ser questionada se criou seu podcast 'Calcinha Larga', após rejeição do programa do GNT, Tati brincou: "A calcinha é mais íntima que a saia, só que larga para falar merd* e não é elegante e justa".

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'Acessíveis' no UOL

Toda terça, MariMoon e Titi Müller recebem convidados para um papo que vai de histórias de bastidores ao apocalipse climático, passando por tópicos como maternidade, redes sociais, relacionamento e cultura pop. Os episódios completos ficam disponíveis no Canal UOL e no Youtube de Universa. Assista ao episódio completo com Tati Bernardi:

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