'O que você faz?': a rotina e os rituais da bailarina que inspira nas redes

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Todos os dias, Clarissa Barbio, 31 anos, compartilha com seus quase 100 mil seguidores no Instagram momentos de trabalho, lazer e bem-estar. Mas o que ela mostra vai além do dia a dia. Sua jornada tem um fio condutor essencial —a dança, presente em sua vida desde a infância, por recomendação médica para lidar com sua agitação.
E quem acompanha seus posts enxerga essa conexão com clareza: embora a vida pessoal da bailarina gere bastante engajamento, são as danças que viralizam.
Dança, para mim, é cura, é o meu viés de transformação com o mundo, é onde eu me reconheço e me sinto viva. É o instrumento que me possibilita mudar um pouco a vida das pessoas, e acho que isso é muito, muito especial. Clarissa Barbio, dançarina e empresária
Os vídeos de dança aparecem em diferentes formas: tem coreografia no estilo do filme Flashdance, movimentos inspirados na prática de pilates e até dancinhas leves feitas em parceria com a esposa.
Arte é trabalho
Para Clarissa, permitir que os seguidores acompanhem de maneira mais próxima uma bailarina que é empresária, que é amiga, esposa e professora, também ajuda a tornar a profissão um pouco mais palpável e coloca o trabalho com arte no lugar possível.

"Antes, quando a gente falava que trabalhava com dança, as pessoas perguntavam 'tá, mas o que você faz?'", conta ela. "Ver a rotina mostra a seriedade —as pessoas veem que é uma profissão que existe e muito."
O caminho da dança
"Eu sempre dizia que ia ser bailarina, que teria uma escola de dança. Eu me inspirava muito na diretora da minha escola de dança, achava o máximo. No vestibular, fiz licenciatura porque sempre tive uma relação com sala de aula muito forte, sempre amei ser professora."
Não à toa, sua maior realização profissional é a escola de dança Bailados. Para Clarissa, criar sua própria escola foi uma forma de curar certa toxicidade que viu em alguns ambientes da profissão.
"Tem uma competição muito ruim entre as bailarinas, os bailarinos, e eu queria um lugar em que a arte fosse uma ferramenta de cura para as pessoas —eu acreditava na arte de um outro jeito", afirma.
Mas o caminho não foi simples. Sua paixão por ensinar nem sempre coincidia com as expectativas de quem estava à sua volta. Com frequência, era incentivada a tentar vagas em companhias, inclusive internacionais.
A dança sempre foi o centro de tudo, mas Clarissa buscou outros saberes para dar forma ao seu sonho. Ela também se formou em publicidade, pensando em unir esse conhecimento à escola quando o projeto se tornasse realidade.
De olho no bem-estar
Hoje, com duas unidades da escola, Clarissa está menos presente em sala de aula. Passou a se dedicar à gestão do negócio e à área de marketing. A mudança vai além do profissional: é, também, uma escolha de autocuidado, para não repetir a rotina exaustiva de 16 horas de trabalho por dia, como já aconteceu.

E, para dar conta de tudo, a dançarina cultiva rituais que ajudam a se reconectar consigo mesma: banhos demorados, leitura com a esposa, passeio com as cachorras, conversa com as amigas e terapia.
"Eu sou muito ligada ao trabalho e, por amar muito o que faço, coloco uma linha muito tênue entre profissional e pessoal —é um exercício diário perceber se fiz (ou não) algo por mim no dia", reconhece. "Neste ano, minha prioridade é me observar porque, quanto mais a gente se observa, mais a gente sabe nossos limites."
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