'Se combate desigualdade com oportunidade': melhores momentos do Prêmio SIM

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"O carisma como força transformadora" foi o tema do Prêmio SIM de Igualdade Racial 2025, no último dia 7 de maio. Antes de apresentar os premiados em dez categorias, Tom Mendes, diretor institucional do ID_BR, ressaltou: "É preciso muito poder e influência para sacudir instituições, contagiar as pessoas e espalhar a vontade de sair do discurso e ir para a prática".
A fala de Tom estava conectada ao vídeo exibido antes mesmo do início do prêmio. Nele, a L'Oreal Brasil apresentou o o Código de Defesa e Inclusão do Consumidor Negro (CDICN), novo desdobramento do Afroluxo uma iniciativa inédita do Grupo L'Oréal no Brasil por meio da sua unidade de negócio, L'Oréal Luxo, e o MOVER. A iniciativa reúne dez propostas para combater o racismo nas relações de consumo. O CDICN não tem valor legal, mas pretende trabalhar na questão moral das marcas.
A marca de beleza venceu a categoria Comprometimento Racial, no pilar de Empregabilidade.

Junto com a liderança vem a responsabilidade de transformar o mercado, e também com uma crença muito forte de que a iniciativa privada deve ser parte da solução dos problemas que a sociedade enfrenta, isso inclui a luta antirracista.Edu Paiva, Diretor de Diversidade, Equidade e Inclusão da L'Oreal Brasil
Além dos avanços e reconhecimentos, luxo foi visto quando convidados, indicados e artistas passaram pelo tapete vermelho. Os looks tinham em comum a diferença: cada um dava um toque especial da própria personalidade ao figurino, com penteados feitos com tranças, cocares, vestidos e ternos de marcas reconhecidas.
Estamos falando de pessoas que fazem do carisma uma ferramenta pelo SIM à Igualdade RacialLuana Génot, CEO e fundadora do ID_BR
Música

O primeiro show da noite foi de Belo com Altay Veloso, a voz e um dos compositores mais populares do pagode no Brasil. O número contou com uma apresentação da cantora Djuena Tikuna. O tom de diversidade musical, regional e racial pontuou todos os shows da noite, bem como a mescla geracional.
Em uma apresentação em homenagem aos bailes black, por exemplo, Dom Filó, um dos maiores expoentes da música black no Brasil, se juntou ao badalado grupo Os Garotin, recém-ganhadores de um Grammy Latino. Outras dobradinhas foram Djonga com Gabz e Maria Preta, Jota.Pê e Sandra Sá, Majur e Ilê Aiyê.
Premiação de Cultura

O primeiro dos três pilares premiados da noite foi Cultura, com quatro categorias. A festa Batekoo levou a categoria Arte em Movimento. "Ano passado, com muita dificuldade, tivemos de cancelar nosso festival, mas resistimos com muita luta", lembrou o co-CEO, Artur Santoro. Ele aproveitou o destaque no palco para anunciar uma coalizão de festivais negros brasileiros "para cada vez mais fomentar e fazer essa roda girar" para a comunidade negra - e foi ovacionado.
Ainda dentro da Cultura, Erisvan Guajajara, cofundador da Mídia Indígena, recebeu o prêmio Raça em Pauta.
Eu trago comigo diversos povos, comunicadores e coletivos que acreditam numa comunicação em que a gente possa contar a nossa história a partir do nosso olhar.Erisvan Guajajara, cofundador do Mídia Indígena
A equipe da Vult também foi premiada na categoria Cultura, graças à campanha Respeita meu Capelo, que fomentou uma discussão para desenhos de capelos de formatura mais inclusivos com diferentes tipos de cabelos. Para fechar o primeiro pilar, o influencer Adalberto Neto levou o prêmio Influência e Representatividade. Muito emocionado, exaltou sua família e pediu por um mundo em que fosse possível "mais close e menos corre", numa alusão à expressão que sintetiza a necessidade e capacidade de minorias sociais "darem certo" apesar das adversidades.
Um dos momentos mais emocionantes da noite foi a apresentação de um manto indígena do século XXI, na esteira da devolução do artefato Tupinambá, em julho de 2024, após mais de 300 anos na Dinamarca. "Este novo manto vai ficar com seu povo, e isso também é história", definiu a apresentadora Zah? Tentehar.
O artefato histórico apresentado no Prêmio Sim à Igualdade Racial foi confeccionado pelos artesãos Tupinambá de Olivença, do sul da Bahia. O momento arrancou aplausos e gritos da plateia, em uma apresentação emocionante que uniu as vitórias contemporâneas - como acesso ao ensino superior - à ancestralidade.
Vitórias na educação e liderança
Para abrir os premiados no pilar Educação, a APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) levou na categoria Educação e Oportunidades. Na categoria Inspiração, a vencedora, cacica Maria Valdelice, a primeira cacique mulher da Bahia, foi ovacionada.
Nós todos merecemos ter a cultura preservada. Vamos ajudar o povo indígena do Brasil e o da Bahia a acabar com os conflitos. Só nós sabemos o que sofremos dentro do território, por isso que [o prêmio da] igualdade racial vem para reconhecer o trabalho.Cacica Maria Valdelice
A jurista Fernanda Kaingang foi vencedora na categoria Intelectualidade. "É uma fonte de força e inspiração", definiram os jurados. A advogada não conseguiu estar presente na cerimônia.
Pelo seu trabalho com inovação e sustentabilidade por meio da Palmeira de Babaçu, em Palmeirândia (MA), Nelinha do Babaçu foi eleita destaque da noite na categoria Antirracismo Ambiental.
Esse prêmio significa a força dos conhecimentos ancestrais. Eu o recebo em nome de mais de 300 mil quebradeiras de coco do Brasil. (...) A única forma de combater a desigualdade é criando oportunidades. Dizer 'sim' é mostrar a força da nossa floresta em pé.Nelinha do Babaçu
A noite também foi espaço para apresentar iniciativas revolucionárias, como a campanha do ID_BR "Respeito, sim. Respeita nosso jogo", pelo fim do racismo no futebol.
Após 13 anos de agitação cultural a partir da periferia de Belém, o festival PSICA foi reconhecido na categoria Trajetória Empreendedora. "Tivemos resiliência e seguimos forte no nosso sonho", lembrou Gerson Junior, co-fundador do evento.
A psicóloga, ativista e fundadora do CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades) também foi premiada no pilar Empregabilidade, na categoria Liderança, mas não pode comparecer ao evento.
"Precisamos do letramento racial todos os dias do ano. Não é só sobre negros e indígenas, não, é sobre todos nós", encerrou Luana Génot. Revelando a importância da COP30 para o povo de Belém do Pará, o último show marcou a cultura nortista com os bois Garantido, Caprichoso e Maranhão junto à Gaby Amarantos.
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