'Vou para o céu?': as perguntas que meu filho fez antes de morrer afogado

Poucos dias antes de partir, ele me perguntou se tinha videogame no céu. Eu disse que acreditava que não, mas que ele poderia jogar futebol com Jesus. Ele ficou muito feliz e muito empolgado com isso. Eu não percebi que ele estava partindo.

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O relato é da analista de marketing Leilana Morauer da Silva César, 31, de Rodeio (SC), que perdeu o filho Isaac, de 9 anos, em novembro de 2024.

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O menino estava na casa dos avós quando, ao acompanhar a avó até um rio que passa pelos fundos da residência, escorregou de uma pedra, caiu na água e foi levado pela correnteza.

Três dias depois, Isaac foi encontrado morto a cerca de 1 km do local onde foi visto pela última vez.

O Isaac não tinha o hábito de ir próximo ao rio, mas naquele dia foi acompanhar a avó. Ela tentou salvá-lo, pediu ajuda, mas não teve o que fazer.
Leilana Morauer

Após a morte do filho, Leilana passou a recordar os questionamentos feitos pelo menino no mês que antecedeu o acidente. Segundo ela, por diversas vezes Isaac a questionou sobre como era o céu, se ele poderia brincar lá e se teria suas comidas preferidas como sushi.

Leilana passou a recordar os questionamentos feitos pelo menino no mês que antecedeu o acidente
Leilana passou a recordar os questionamentos feitos pelo menino no mês que antecedeu o acidente Imagem: Arquivo pessoal

"Ele não tinha esse hábito e começou com as perguntas cerca de um mês antes de falecer. Uma noite, nós estávamos na cama, e ele disse: 'Mãe, você tem certeza que eu vou para o céu?'. Eu disse que sim, mas que isso ia demorar uns 100 anos. E ele respondeu: 'Ah, mãe, mas e se Jesus me buscasse antes disso?' Só que ele não falou isso triste, ele estava feliz. Fiquei bem incomodada e triste naquele momento", conta ela.

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Em outra pergunta feita pelo menino, uma semana antes do acidente, Isaac indagou a mãe se no céu tinha sushi.

"Eu disse que acreditava que tinham coisas muito melhores do que isso para comer. Ele ficou bem feliz e pensativo", recorda a mãe.

A sequência de perguntas feitas por Isaac foi compartilhada por Leilana no Instagram e já teve mais de 12 milhões de visualizações.

Outras mães me procuraram, compartilharam histórias muito parecidas e que não se conformam com a morte prematura dos filhos. Então eu tento ajudar diariamente mulheres, mães que perderam filhos e maridos.
Leilana Morauer

'Não podia sentir o luto'

Na época do acidente com Isaac, Leilana estava grávida de sete meses de seu segundo filho, Efraim, hoje com dois meses. Além da dor do luto pelo filho mais velho, a analista de marketing precisou lidar com o risco de um parto prematuro.

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"Foi bem difícil e muito desafiador. Eu não podia sentir todo o meu luto, porque eu tinha medo de prejudicar o meu bebê. Achei que eu ia morrer", diz.

Com 37 semanas de gestação, foi necessário fazer uma cesariana. O recém-nascido precisou ficar oito dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) após ser diagnosticado com uma infecção no sangue.

Leilana estava grávida quando filho mais velho morreu
Leilana estava grávida quando filho mais velho morreu Imagem: Arquivo pessoal

"Hoje está tudo bem com o Efraim e estamos tentando superar o luto dia após dia. Tem dia que estou bem, em outros estou destruída, mas a vida segue", diz.

Leilana guarda as lembranças boas do filho mais velho.

"Ele dizia que ele ia ser um professor de geografia e que queria falar de Jesus para todo mundo. Sempre convidava as professoras dele para ir à igreja. Era uma criança muito diferente, amável, doce, muito obediente e muito adulta para a idade dele."

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