Universa Talks: Como colocar energia feminina e diversidade nas empresas?

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Falaram por aí - as más línguas dizem que foi o Mark Zuckerberg - que o mundo está precisando de mais "energia masculina" e que o mundo coorporativo é feito dela. Será mesmo? Cris Guterres e Cris Fibe se juntam a Julia Petit, CEO da Sallve, e a Carol Baracat, diretora global de marketing integrado no TikTok, para uma conversa sobre os desafios das mulheres no mundo profissional.
Elas estarão no Universa Talks 2025 para apresentar uma pesquisa inédita sobre como o machismo afeta as diferentes gerações no mercado de trabalho e mostrar que a cultura corporativa só se beneficia com mais energia feminina.
O evento acontecerá no dia 17 de maio, às 14h, em São Paulo, com talks de Tati Bernardi, Vanessa Rozan, Maria Ribeiro, Cris Guterres, Cris Fibe e outras mulheres incríveis. A entrada é gratuita, mas está sujeita à lotação.
A falsa inclusão
Mesmo as empresas que se dizem inclusivas e comprometidas com a igualdade de gênero, muitas vezes, deixam a desejar quando chega a hora de colocar esse discurso em prática. Cris Fibe questiona se esse comprometimento é verdadeiro.
É preciso ter direitos iguais e equidade de poder como metas sinceras. É inclusiva, mas só tem homens na liderança? É inclusiva, mas a licença paternidade é de cinco dias? É inclusiva, mas faz vista grossa para situações de assédio moral e sexual contra mulheres? Não adianta o discurso ser um e a prática, outra. Isso é o que mais vemos.Cris Fibe, colunista de Universa
Além da falta de mudanças concretas, Cris Guterres aponta a sutileza da cultura machista como outro mecanismo que atua contra as mulheres no mercado de trabalho.
"Não é só sobre grandes episódios de discriminação, mas sobre as pequenas interações que reforçam esse status quo. É quando numa reunião, você levanta um ponto estratégico e só quando um homem repete é que ele ganha legitimidade. É quando você entra em uma sala e as pessoas assumem que você está ali para tomar notas, não para liderar a discussão", ela diz.
Firmeza, não agressividade
Que mulher nunca foi chamada de agressiva ou grosseira depois de emitir sua opinião de forma firme? No mercado de trabalho esse argumento costuma ser usado sempre que nos posicionamos de forma contundente. Esse tipo de situação muitas vezes nos leva a suavizar o tom ou nos inviabilizar para não causar uma suposta má impressão.
Em espaços de liderança, eu sinto aquela pressão para não ser 'muito assertiva' ou 'muito intensa', porque rapidamente isso é lido como agressividade. E quando se é uma mulher negra, essa pressão se intensifica. Existe um receio velado de sermos vistas como bravas ou difíceis, e isso me levou, muitas vezes, a moldar a forma como eu falava e agia, para que minha presença fosse mais palatável.Cris Guterres, colunista de Universa
Nessas situações, escolher ser "absolutamente invisível" foi a estratégia que Julia Petit usou no começo da carreira.
"Fazia apenas o que precisava ser feito e ia embora, porque trabalhei com egos masculinos muito frágeis durante boa parte da minha carreira. Então, quanto mais invisível eu me tornava, melhor. Mas não acho que isso representava um apagamento da minha pessoa. Era, na verdade, total falta de paciência para lidar com esse assunto. Para mim, era menos cansativo agir assim", conta.
O X da questão
Foi em uma entrevista ao podcast "Joe Rogan Experience" que Mark Zuckerberg, CEO da Meta -- empresa que controla o Facebook, WhatsApp e Instagram -- afirmou sentir falta de mais "energia masculina" no mundo. Para Guterres, essa fala é um reflexo do que está profundamente enraizada no imaginário corporativo. "É a ideia de que a liderança eficaz está ligada a características historicamente atribuídas aos homens, como agressividade, dominância e competitividade", diz Cris Guterres.
O que o mundo corporativo precisa não é só energia masculina ou feminina, mas de diversidade de verdade. E isso significa ter pessoas pretas em posições de decisão, LGBTQIA+ ocupando espaços estratégicos, pessoas com deficiência integrando os times de liderança.Cris Guterres, colunista de Universa
Fibe também reafirma que este tipo de fala serve para reforçar que as mulheres valem e podem menos do que os homens. "Como se nossa produtividade tivesse qualquer ligação com a natureza", afirma.
Para Julia, o match que mais funcionou na sua carreira foi trabalhar de forma harmoniosa com os homens.
"Eu tive grandes parceiros de negócios e de trabalho. Sempre trabalhei em dupla com homens. Tive sócios maravilhosos e tenho um sócio maravilhoso até hoje. Gosto muito dessa troca no dia a dia. E sim, existem em mercados específicos homens muito inseguros, com egos inflados. O que posso fazer é tentar ignorar, porque assim a vida fica mais fácil", afirma.
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