Tati Machado e a força da gravidez: 'Agora eu sou casa, o lar de uma vida'

A conexão genuína com o outro também se reflete na forma como a apresentadora compartilha sua rotina com os seguidores. "Eu nunca tive problema em me expor, até mesmo para falar dos momentos difíceis da vida. Acho que isso me aproxima do público, cria uma relação mais verdadeira. A gente está acostumado a consumir recortes da vida das pessoas nas redes sociais... Mas sejamos sinceros: ninguém tá felizão o tempo inteiro, realizado, arrumado, pronto. A vida é movimento", analisa.

Maternidade fora do padrão: medos, espelho e felicidade

Tati não tem receio de contar sobre os desafios da maternidade. "Vale responder tudo? Confesso que tem dias e dias e que estou tentando não me cobrar tanto. Mas o começo foi bem difícil, mesmo". Desde o início da gravidez, ela enfrentou medos intensos: de espirrar, de sair de casa, de fazer xixi e ver sangue, de sair de casa, de algo dar errado.

Queria que desse certo, queria que a gravidez evoluísse. Depois começaram os medos dos exames, aquela sensação de 'será que tá tudo bem?'. Fora que hormonalmente, você tá tentando se entender, você não sabe se gargalha, se chora.Tati Machado, 32, apresentadora e mãe de Rael

Mas, entre as inseguranças e a instabilidade emocional, havia uma constante: "Acima de todos os medos e angústias eu sempre estive feliz. Uma felicidade inexplicável", pondera.

Assumidamente franca sobre a relação com o corpo, Tati fala com maturidade sobre o que vive diante do espelho. "Eu e o espelho temos uma relação bem franca. Tem dia que eu sei que não tô muito afim de ficar 'botando reparo' em mim, então não fico dedicando tempo a ele, especialmente para me ver nua. Mas agora, com a gestação, tá gostoso de acompanhar as transformações do corpo."

Nem tudo é fácil: estrias novas, celulites que surgem - só que tudo ganha outra dimensão diante do maior de todos os milagres. "Só basta um chutinho aparecer pra eu desencanar e lembrar que agora eu sou casa, sou o lar de uma vida. E isso é tão grandioso que tudo fica pequeno demais."

Mesmo em um momento tão especial, Tati não escapou de comentários gordofóbicos nas redes. A maternidade vivida fora dos padrões estéticos ainda enfrenta muitos tabus, e ela tem consciência disso. Não à toa, em todos os momentos que se viu gestando, mesmo antes de engravidar, imaginava o corpo que teria.

Já cheguei até a brincar que seria difícil de andar logo nos primeiros meses de gestação. Isso por conta do meu tamanho. E por que eu mesma pensei isso? Por conta do que ouvimos e reproduzimos enquanto sociedade.Tati Machado, 32, apresentadora e mãe de Rael

Os comentários agridem. "Não tem como não dizer que machuca, especialmente quando vem de mulheres. Comentários como esses, em um momento que nos sentimos tão vulneráveis, são tóxicos e podem deixar marcas." Porém, ela transforma a dor em aprendizado: "Essas pessoas me ensinam a não ser como elas. A não agir de forma tão cruel."

Segundo ela, um corpo gordo já vem como uma "placa de não saudável", mesmo tendo muita gente provando o contrário: de que é possível ser gorda, saudável e ativa. "Fico feliz de ver gente ocupando espaços e falando abertamente sobre isso", diz, afirmando se sentir orgulhosa em fazer parte desse novo movimento.

Rede de apoio, amor e o que vem depois

E a verdade é que, cercada de afeto, do público, do companheiro, da família, Tati sente que a gestação acabou fortalecendo sua autoestima. "Tenho me sentido uma fortaleza. Fora que tenho um companheiro que não cansa de me exaltar, de dizer o quanto essa transformação está me deixando mais linda e potente como mulher", relata. O segredo para manter o amor-próprio? Lembrar do poder de gerar uma vida.

E ela se inspira em quem a gerou, a própria mãe, ao imaginar o tipo de maternidade que quer exercer. "Se eu puder ser pelo menos um pouco do que minha mãe sempre foi para mim, estarei no lucro. Quero ensinar ele a amar. A si, ao próximo... e acho que só vou poder fazer isso o amando muito."

Sobre o puerpério, é sincera ao admitir o medo - até pelos relatos que já escutou - mas também a esperança. "Estou tentando não pensar muito negativamente sobre esse momento, desejando imensamente que o puerpério seja o mais tranquilo possível. Estou me cercando de muito amor e de uma rede de apoio para não soltar a minha mão", conta.

A chegada do Rael deve mexer com muita coisa, inclusive com a rotina profissional de Tati, mas que prefere não ficar pensando no tal equilíbrio entre trabalho e maternidade agora. "Tô no modo vivendo um dia de cada vez. O pior é que sou do tipo que já sofre por antecedência, mas prometi que não vou fazer isso agora", confessa.

Carta para Rael

Quando o pequeno Rael crescer, ele poderá encontrar nas palavras da mãe a prova de um amor que começou muito antes de seu nascimento:

"Oi filho,
Eu, quando te escrevi esta carta, não fazia ideia do que estava por vir. Mas sempre regida por uma infinita certeza: a de que você me faria a pessoa mais feliz do mundo.
E de que não existiria nada mais verdadeiro do que o amor que sinto por você.
Serão tempos de muito aprendizado, mas eu tô pronta pra te ter em meu colo e pra te ter no mundo.
Você é uma benção em nossas vidas. Te amo."

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Neste Dia das Mães, Tati Machado mostra que ser mãe é também um ato de coragem, entrega e construção. Uma mulher que, mesmo diante de desafios, escolhe amar - a si mesma, seu corpo, sua história e o filho que está prestes a nascer