Pegging: prática que faz homens héteros romperem com tabu do prazer anal

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O pegging, prática sexual em que o homem é penetrado com auxílio de uma cinta peniana, sempre rolou entre casais heterossexuais — ainda que seja um assunto cercado de tabus. Para alguns homens cisgêneros, explorar o prazer anal com a parceira pode ser um caminho para conhecer melhor o próprio corpo e até desconstruir estereótipos machistas e homofóbicos.
Ao contrário do que muita gente pensa, a prática não envolve necessariamente uma relação de hierarquia no sexo. Constantemente acredita-se que a mulher tem que ser a dominadora e o cara que vai ser penetrado tem que ser o submisso. Isso não é verdade. É mais sobre o homem e a mulher heterossexual que querem experimentar algo diferente.
A prática sexual não está vinculada à orientação sexual, nem à identidade de gênero: Gostar de sentir prazer pelo ânus não torna o homem homossexual. Essa é uma fantasia que costuma rondar o imaginário de ambos no casal hétero, já que o sexo anal acaba sendo mais naturalizado para as mulheres.
Desconstrução de uma ideia machista
"A sociedade, por ser machista, faz com que muitos não entendem que o ânus é uma zona erógena como qualquer outra". "Reconhecer que sinto tesão no ânus foi uma grande desconstrução de uma ideia super machista e tóxica." Esses foram alguns comentários anônimos pincelados de uma pesquisa feita pela Sexlog, rede social adulta focada em encontros sexuais, a pedido de Universa. Foram 11.800 respostas ao todo, a maioria delas (64,8%) de homens e pessoas heterossexuais (77,3%).
Entre os participantes, 18,3% declaram que praticam ou já praticaram pegging e 97% deles recomendam a experiência. Outros 25.4% contam que ainda não fizeram, mas têm vontade.
Para outros, a prática é vista como uma forma de subverter a performance associada ao feminino no sexo. Isso pode vir à tona ao usar a cinta peniana, que pode colocar a mulher em uma posição de poder perante à pessoa que está sendo penetrada.
Escuta é a chave
Homens costumam apoiar fantasias sexuais das parceiras desde que elas se encaixem em um padrão heteronormativo, ou seja, que não os façam questionar a própria masculinidade. A mulher também não costuma conversar muito por medo de ser julgada. Para falar sobre desejos, é preciso que as duas partes estejam a fim de se expor.
A dificuldade em falar sobre sexo sem julgamentos também está presente na conversa entre pares. Os homens costumam falar sobre as suas aventuras, quem pegou, quem não pegou. Falam muito pouco sobre os próprios dramas sexuais. O contexto machista e a masculinidade frágil dizem que a única fonte de prazer do homem é o pênis, o que deixa a sexualidade muito restrita, infelizmente.
Nada como um papo reto e honesto para desmistificar os tabus em torno no prazer anal, tanto para homens, quanto para mulheres. Mas com carinho, paciência e proteção, a vida sexual pode ser mais divertida.
Sexo anal não é fluido como o sexo pênis e vagina. Aqueles que querem se aventurar nessa prática, têm que ter tempo, cuidado, lubrificação, pesquisar sobre o assunto. Por isso, mais interessante do que experimentar novas modalidades é falar sobre o sexo. Tem que falar e, principalmente, saber ouvir o outro.
Fonte: Abhiyana autora do livro "Manual do Sexo Anal" (independente); e Viviana Martini Dias, terapeuta de casais e sexóloga
*Com matéria publicada em 21/6/2021
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