Ela trocou a catequese pelo swing: 'Continuo cristã, mas de mente aberta'
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Quando Fátima Souza, 54, conheceu o meio liberal, ainda tinha uma turma de catequese, herança de uma criação católica.
Fui criada na Igreja Católica, quando conhecei o meio liberal tinha uma turma de alunos da catequese. Tentei conciliar as duas coisas por um tempo, mas em algum momento entendi que não dava para falar uma coisa para os adolescentes e fazer outra na minha vida pessoal, então decidi deixar minhas funções na igreja e me afastar dela, embora continue católica.
Fátima Souza, 54
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Esse momento de transição em sua vida marcava o início das aventuras com seu marido, Fernando Souza, 60. O desejo dos dois venceu o medo de qualquer julgamento e abriu espaço para uma relação mais forte — e picante.
Parte de mim questionava o que estava fazendo, pensando estar em pecado e outra estava gostando de viver fantasias que nem sabia ter. Isso me fez perceber que poderia, sim, continuar cristã, mas me tornando uma mulher de mente aberta e disposta a viver intensamente a relação junto do meu marido.
Foi há 25 anos que Fernando revelou seus desejos à esposa, que mergulhou com ele na fantasia. "Meu marido começou a mostrar imagens na internet sobre relações liberais e com o tempo confidenciou a vontade de me ver com outro homem. A partir daí, começamos a fantasiar na cama, até que o desejo venceu o medo e partimos para encontrar um parceiro", conta Fátima.
Esse parceiro surgiu em uma sala de bate-papo. Eles trocaram algumas fotos por e-mail e se viram pela primeira vez em um motel no centro do Rio de Janeiro. Depois do primeiro passo, foram levados por um amigo, pela primeira vez, a uma casa de swing em Copacabana.
O Casal Pimenta Rio, hoje uma referência no swing carioca, nascia ali. "Lá [na casa de swing] fomos entender como tudo funcionava realmente. Fizemos amizades e passamos a frequentar regularmente", dizem.
Quando começaram, tudo tinha que ser tratado como segredo. "O preconceito era muito maior que hoje. Lembro que nas conversas em bares e restaurantes sussurrávamos para falar sobre swing, evitando que alguém de fora nos ouvisse", lembram. Por outro lado, na opinião deles, a internet fez com que eles vivessem os ataques e condenações "na carne".
"Outras formas de viver liberalmente passaram a ser difundidas, e talvez isso tenha contribuído para, senão um aceite da sociedade, pelo menos um entendimento melhor de que cada um pode ter um estilo de vida diferente das convenções", ponderam.
'Não tínhamos mais como esconder'
Fátima e Fernando preferiram manter a discrição por anos, mas tudo mudou quando aceitaram um convite para participar de um episódio do programa Profissão Repórter, da TV Globo. Foi assim que a família do casal descobriu.
"Para nossa surpresa, a família não se importou. Ou, pelo menos, não se manifestou a respeito. O grande problema foram conhecidos que nos crucificaram e amigos que sumiram, com medo de serem vistos com um casal que praticava swing", contam.
Alguns desses amigos simplesmente sumiram, mesmo os que também eram do meio liberal. Por um tempo, eles ficaram isolados.
"Eles justificaram que, como agora todos sabiam do nosso estilo de vida, se fossem vistos conosco, também seriam descobertos", lembram-se.
Há males que vêm para o bem e, mesmo com esses afastamentos, o casal foi se tornando cada vez mais referência. Em seguida, vieram entrevistas para o Gabi Quase Proibida, com Marília Gabriela, e a participação em um documentário do GNT.
Paralelamente, eles já organizavam festas liberais, davam palestras em feiras eróticas e lançavam o livro "Casamento com Pimenta" (Viseu). "Muitos casais decidiram ao menos conhecer o meio liberal por conta das nossas experiências relatadas nesses eventos", relatam.
Estilo de vida
A Las Vegas Swing Clube, point do swing na Vila Valqueire, no Rio, é onde as festas do Casal Pimenta acontecem, aos sábados. Eles frequentavam a casa e, como eram receptivos e animados, foram convidados a participar de um concurso para promoter com outros cinco casais.
"Saímos vencedores, organizando a festa mais badalada e rentável do concurso. Isso já faz 22 anos, a partir daí fomos convidados a fazer uma festa semanal aos sábados. Depois, a casa que frequentávamos nos chamou para assumir as festas da semana toda. Isso se tornou nosso trabalho e fonte de renda", comentam.
Nas redes sociais, eles explicam detalhes sobre o swing, auxiliam casais iniciantes e mostram sua rotina entre as festas. Para eles, é unir o útil ao agradável. "Fomos apresentados para esse meio e fizemos dele nosso estilo de vida, que nos proporciona sair da rotina conjugal, ter mais confiança e cumplicidade na nossa relação e apimentar aquilo que sempre foi bom".
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