Tainá Müller: 'Se eu puder chutar um tijolinho do patriarcado, vou chutar'

À Maria Ribeiro, a atriz contou que conheceu expressões frequentes na teoria feminista, como "patriarcado", "machismo" e "opressão" durante a faculdade de jornalismo.

Quando vai virando explícito, vira obsceno, e não tem como você não se enfurecer. Do alto de um privilégio de quem pode permitir se enfurecer [...] o mínimo que a gente pode fazer é se enfurecer, pela gente e pelas outras, porque o negócio é muito barra pesada. Tainá Müller

A manifestação clara, para Tainá, de que as mulheres vivem em desvantagem em relação aos homens na sociedade criou um sentimento de resposta, que ela direciona com fúria e indignação, até para proteger outras mulheres que não podem se defender desse sistema. "Eu fiz esse pacto comigo de me permitir ser furiosa, 42 anos. Sem tempo para perder, irmão".

Sucesso de 'Bom Dia, Verônica': 'Missão cumprida'

Protagonista da série "Bom dia, Verônica", da Netflix, Tainá Müller ganhou projeção internacional como atriz e um público forte de mulheres, que continuam acompanhando sua carreira após o fim das três temporadas da série.

Mais que o público, "Bom dia, Verônica" colocou uma produção brasileira entre as séries mais assistidas da plataforma. "Verônica é super missão cumprida, [foi] top 3 no mundo", conta a atriz.

Ela explica que a série seguiu uma trajetória incomum para a maioria das produções, que estreiam com bons números e vão caindo nas próximas temporadas. "Verônica" só cresceu, o que faz diferença no mundo do streaming.

A segunda foi maior que a primeira, e a terceira maior do que todas as outras em número de views, uma coisa que hoje em dia importa. Tainá Müller

Na trama, a atriz é Verônica Torres, uma policial que trabalha na Delegacia de Homicídios de São Paulo. Sua rotina muda quando ela testemunha o suicídio de uma jovem. Poucos dias depois, ela recebe uma ligação anônima de uma mulher pedindo ajuda. Verônica decide usar seu conhecimento em investigação para ajudar as duas mulheres.

Tainá Müller diz que exploram beleza quando se é atriz: 'Você vira objeto'

O começo de carreira de uma atriz considerada "bonita" é marcado pela exploração da sua beleza. O que essas mulheres produzem e o que elas já construíram em suas trajetórias fica em segundo plano. É o que diz a atriz Tainá Muller, convidada do "Maria vai com os Outros".

Se a gente tem alguma abertura por causa disso, a gente vai aproveitando, mas isso também vai tirando uma espécie de respeito com a sua subjetividade, com você ser sujeito. Você de fato vira objeto e deixa de ser sujeito. Tainá Müller

A atriz observava esse movimento com incômodo nos seus primeiros papeis nos palcos e na televisão. "Porque eu nunca fui objeto, sempre soube que eu era sujeito", explica.

O efeito positivo na vida profissional, para Tainá, veio com as oportunidades em outras funções no mercado de trabalho. "Eu nunca fiz esse jogo no pessoal, mas no profissional eu me coloquei ali como modelo. 'Então tá, me acham gostosa? Eu vou tirar um dinheiro disso'".

Com a carreira de modelo, ela também teve a oportunidade de conhecer novos países. Essa noção de beleza na vida adulta e na carreira é diferente do que ela enfrentou durante a infância e na adolescência. "Era tirada de chata".

Enquanto nesse período da vida Tainá era vista com desprezo, a transformação do seu corpo mudou a impressão social nos lugares em que ela vivia. "Essa coisa de 'horrível virou gostosa' do nada, de um ano para o outro".

'Maria vai com os Outros' no UOL:

Novos episódios da terceira temporada de "Maria Vai com os Outros" estreiam às sextas no Youtube de Universa. Na TV, os episódios inéditos são exibidos também às sextas, às 20h30.