Elas sentem mais vontade de transar do que parceiros: quando é um problema?
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Transar uma, duas ou três vezes ao dia, para alguns, pode não ser o suficiente. Essa vontade não é um problema se o par atende aos desejos e pedidos de forma consensual. Se os dois sentem o mesmo, podem transar todos os dias. No entanto, as duas mulheres ouvidas pela reportagem de Universa não se encaixam nesse exemplo.
Liliam e Wendy têm sentido que andam com mais vontade transar que os parceiros. E, neste caso, quem está querendo mais sexo precisa rebolar, conversar e, às vezes, se satisfazer sozinho — mesmo em um relacionamento. A seguir, elas narram suas experiências e especialistas dão dicas de como agir.
"Mexe tanto com a virilidade masculina que prefiro ficar solteira"
"Desde o final da adolescência, eu sempre senti que tinha esse fogo e que não era considerado normal para meninas da minha idade. Para meninos, sim. Meninas, não. Quando eu comecei a namorar percebi o problema. Eu sempre queria muito mais do que os meus parceiros. Cheguei a conversar com meu ginecologista na época sobre isso, mas como não era nada patológico, não dei muita bola.
Contudo, sempre foi uma questão porque mexe com a virilidade masculina não ser o suficiente, a mulher querer mais e não satisfazê-la. É bizarro, porque você acaba de transar e se masturba, sempre quer mais.
A maioria dos caras, quando o relacionamento começa, acha superlegal, mas depois de um tempo começa a cansar e eles não acompanham o ritmo. Começam a se frustrar e vira uma obrigação.
E é chato, tanto para mim quanto para eles. O tesão também está no outro querer. Estar solteira é mais cômodo e mais tranquilo. É mais justo comigo e com a pessoa com quem me relaciono que eu tenha vários parceiros, e que eu consiga me satisfazer dessa forma, do que gerar frustração no próximo.
Infelizmente, eu não consigo viver em uma relação não monogâmica, não tenho esse desprendimento, não é para mim. Ter mais tesão também passa muito pelo viés do machismo, porque a mulher não pode. Temos que ser recatadas, fazer doce, a piada da dor de cabeça... O homem tem que ser sempre voraz, o que quer e tem que tirar para satisfazer a vontade. Eu sou estupidamente fiel, nunca tive esse problema. Até quando eu estou solteira sou muito discreta". Liliam**, 32 anos, coordenadora de operações
"Tento levar na base da brincadeira"
"Não é que eu acho que tenha mais tesão que meu marido, e sim, que ele consegue se segurar mais do que eu. Tenho 36 anos e ele 44, não é uma diferença de idade tão grande assim, mas ele sente como se fosse e tem alguns pudores que eu nem ligo. Tenho dois filhos, então qualquer motivo é 'as crianças estão em casa' ou 'deixa para outra hora'.
Como gosto de fazer piada de tudo o tempo todo, porque acho que deixa a vida mais leve, fico pegando nele, passando a mão e o deixo bem sem graça. Ele fica desconcertado. Por isso que não acho que seja falta de vontade ou sentimento, é uma questão de pudor.
Meu filho mais novo dorme na nossa cama, ele tem cinco anos. O colocamos no quarto dele, mas na madrugada ele volta. Um dia brinquei dizendo que a gente podia namorar depois que as crianças dormirem e pedi para ele me acordar. Ele não fez isso. No dia seguinte brinquei dizendo que ele tinha me enganado, mas que da próxima não ia colar [risos]. Estamos juntos há 5 anos e ele é o pai de coração dos meus filhos. Quando casamos, a rotina mudou. Eu costumo brincar dizendo que se soubesse que era só casar que ele não ia mais querer fazer sexo comigo tinha ficado no namoro. [risos]. A gente leva assim, na base da zoação. Acho muito saudável e natural. Não vejo problema algum". Wendy**, 36 anos, assessora de imprensa
Existe uma média ideal?
Perceber que seu apetite sexual está acima do "normal" não é uma tarefa tão simples assim. É necessário observar como o tesão está impactando a vida como um todo e, claro, contar com a avaliação de um profissional.
Frequentemente, a pessoa se dá conta diante da incompatibilidade com o próprio parceiro ou em uma experiência psicoterápica. Se um primeiro indício é seu parceiro não acompanhar as vontades, o que pode ser comum, há outros sinais mais agravantes que fazem com que se acenda uma luz vermelha de atenção.
Quando a hipersexualidade começa a prejudicar o sujeito, o colocando em situações perigosas para conseguir esse prazer, prejudicando a vida profissional e afetando as relações amorosas, esse tesão torna-se um problema. Já se existe capacidade de admitir que precisa de apoio para conseguir desenvolver ferramentas para controlar esse desejo constante, está na hora de procurar um profissional. Porém, como todo tratamento psicológico, o resultado não é imediato.
Além disso, quem está passando por esse problema dentro de um relacionamento deve poder contar com a compreensão do parceiro. É importante ser franco e dialogar para encontrar uma solução que beneficie ambos. Para isso, será necessário apoio e empatia no processo de terapia.
Fonte: Daniela de Oliveira, psicóloga; Luciano Vilaça, psicoterapeuta; e Saymon Ferraz, psicólogo e especialista em neuropsicologia
*Com matéria publicada em 05/07/2021
**Sobrenomes omitidos a pedido das entrevistadas
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