Depois de 5 gestações de risco e 2 filhos mortos, ela descobriu síndrome
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'Amar + Materna', é o programa apresentado por Mariana Kupfer que vai ao ar toda segunda-feira no YouTube de Universa e toda sexta às 20h no Canal UOL. No episódio desta semana, Tati Procópio conta da longa jornada de perdas e internações que viveu com os filhos antes de descobrir que era portadora de uma síndrome que causa complicações na gravidez.
Foram cinco gestações de alto risco e grandes desafios médicos. Dos cinco filhos, dois morreram por conta dos problemas provocados pela SAF (síndrome antifosfolípide), um distúrbio autoimune na coagulação do sangue que causa trombose em artérias e veias, além de complicações na gravidez.
Na sua primeira gestação, tudo correu bem até o oitavo mês, quando Tati começou a se sentir inchada além do comum. Ao chegar no hospital, ela foi internada imediatamente e a equipe médica constatou que seu filho já estava morto havia cerca de sete dias.
"Foi muito difícil, eu nunca tinha ouvido falar que um bebê morria na gestação. O médico disse que tinha sido um azar", conta.
Depois disso, ela engravidou de Vitor e, no mesmo período gestacional, seu médico constatou que o bebê também estava em sofrimento fetal e poderia morrer a qualquer momento. O parto foi realizado imediatamente após a consulta.
"Ele nasceu e foi direto para a UTI, era um bebê pequeno. Nesse meio tempo ele teve icterícia e hipoglicemia, e depois de alguns dias um médico pediu um exame específico e foi identificado que o Vitor tinha um excesso de sangue no corpo", lembra.
Após 10 dias de internação, Vitor recebeu alta e cresceu como uma criança e um adulto saudável. Tati diz que não pensou em buscar entender as causas de mais uma complicação durante a gravidez.
Não investiguei nada porque na primeira gestação o médico havia dito que era azar e na segunda também nenhuma explicação que eu tivesse algum problema.Tati Procópio
Depois de nove anos, Tati engravidou de Pietra - seu sonho era ser mãe de uma menina. A gravidez foi tranquila até o sétimo mês, quando mais uma vez as complicações começaram aparecer e ela precisou ficar internada até a 37ª semana, quando entrou em trabalho de parto. "A Pietra ficou sete dias na UTI, porque nasceu com baixo peso e pegou icterícia", lembra.
O diagnóstico de SAF só chegou após a quarta gravidez e a morte do seu filho Heitor, que nasceu prematuro, de 27 semanas, pesando apenas 400g. Ele ficou 13 dias internado na UTI, mas por conta de uma hemorragia pulmonar grave não resistiu.

"Foi um parto muito complicado, o Heitor nasceu muito mal, ele estava completamente enrolado no cordão umbilical", conta Tati. "Quando entrei no quarto, todos os equipamentos estavam desligados e ele estava enrolado num lençol, então eu entrei em desespero completo."
Depois da morte do filho, Tati decidiu que queria engravidar outra vez e foi em busca de respostas. Quando o diagnóstico foi revelado, ela fez o tratamento com injeções de anticoagulante e engravidou novamente, dessa vez de Serena. Mas logo na sexta semana ela teve um descolamento de placenta.
"Foi difícil porque eu estava achando que o tratamento iria resolver todos os meus problemas", afirma.
Serena nasceu de 26 semanas, com 465g, e ficou 115 dias internada na UTI. Seu prognóstico não era bom, mas ela recebeu alta, foi para casa respirando com a ajuda de oxigênio. Por conta da prematuridade, ela nasceu com retinopatia, doença ocular que pode causar cegueira.
"Todos estávamos em casa por conta da pandemia, então a gente acabou se ajudando, tínhamos de desmamá-la do oxigênio porque estava fazendo muito mal para a visão dela. Quando ela saiu da UTI, saiu com o diagnóstico de paralisia cerebral, a gente não sabia como ia ser o desenvolvimento dela", conta.
Serena conseguiu se desenvolver e hoje está com cinco anos, ainda faz fisioterapia, fono e terapia ocupacional. "O momento mais esperado da minha vida foi poder levá-la para casa quando ninguém acreditava que daria certo", afirma Tati.
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