Kupfer incentiva reprodução independente: 'Se quer ser mãe, não desista'
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Mariana Kupfer é apresentadora do programa Amar + Materna, com episódios inéditos em Universa toda segunda-feira. Durante as gravações, Mariana entrevista mães que relatam histórias de maternar e superação. Mas Mari também é mãe, inclusive, foi a primeira brasileira a ser mãe de produção independente, engravidando por inseminação artificial, sem um parceiro. Quatorze anos depois, ela conta como está sua jornada, agora educando uma adolescente.
"Estou vivendo o maior desafio da minha vida, porque a adolescência é a última fase para educar minha filha antes dela fazer 18 anos, aí a relação se torna mais horizontal", reflete. Segundo Mariana, o desafio se deve muito mais aos estímulos atuais e às redes sociais do que a ausência de um pai na vida da filha. O segredo é focar no que pode ser feito, no presente.
Eu não sofri por antecedência, e estou tentando viver o hoje, aprendendo a ser mãe de adolescente. Converso com várias amigas e estamos todas no mesmo barco, educando em tempos modernos.Mariana Kupfer, apresentadora e mãe de Victória
"É uma fase muitas vezes solitária para eles e para a mãe também, em que você precisa de alguém para te ajudar a navegar. Eu tenho a Cláudia Alaminos, que é uma educadora parental, com quem eu troco muito, e leio muito, falo com a terapeuta da minha filha e com a minha", revela.
Cláudia Alaminos foi uma das convidadas de Amar + Materna, veja suas dicas clicando aqui.

O luto da infância com a chegada dos hormônios faz com que tudo seja muito novo para Vicky, mas também para a mãe - e ambas vão se transformando juntas. "Não adianta a gente se programar muito. Por exemplo, de uns anos para cá ela já fica mais reclusa no quarto, e eu bato na porta, peço licença", diz.
"A dica que posso dar é: não navegue sozinha. Troque com seu parceiro, com uma psicóloga, com uma orientadora, uma terapeuta, uma amiga. Não gosto da palavra castigo, então uso combinados, tipo: 'olha, você não estudou esse fim de semana, então não vai sair com as suas amigas.'"
É preciso explicar a configuração familiar?
Mariana conta que sua vivência como mãe a inspirou a escrever um livro, o 'Eu, Mãe e Pai', publicado em 2019. Nele, ela detalha como foi tomar a decisão de ser mãe solo por inseminação, contando medos e satisfações da jornada na construção de uma família fora dos modelos mais comuns.
Quando Vicky era criança, Mariana dizia que tinha engolido uma sementinha do amor, sem esconder que a família das duas era diferente, mas sempre de forma muito lúdica.
Não acho que ela tenha trauma, pelo contrário. É uma menina super forte, que gosta do espaço dela, muito decidida e sabida. Já entrevistei tantas mulheres que têm filhos cujo pai foi embora no parto, que ficam viúvas ou se separam e o pai não dá a mínima... Estou dentro desse espectro de mães que educam sozinha, e a Vicky é muito resolvida quanto a isso.Mariana Kupfer, apresentadora e mãe de Victória
Com sua filha mais perto da adolescência, por volta dos dez anos, Mariana deu uma entrevista no programa do Pedro Bial, onde fala abertamente sobre toda história. E foi então que deixou o lúdico e adotou uma versão mais concreta para conversar com a filha.
"Como sou muito ligada na minha irmã do meio e no meu cunhado, minha grande rede de apoio, nós preparamos uma sessão com a psicóloga da Vicky. Expliquei como a mulher engravidava, que saia um líquido do membro do homem que passava a morar no saco gestacional da mulher. Eu já tinha levado ela na Huntington, a clínica que fiz todo o meu processo de inseminação, e falei que lá, o médico pegou o líquido e colocou na mamãe. Não cheguei a usar o termo doador de sêmen naquela época, mas ela sabe disso hoje", explica.

Vicky sabe que não tem pai, mas - assim como outras crianças - encontra a figura paterna no cunhado de Mariana, e sempre recebeu orientações sobre os diversos modelos de família. "Isso se normalizou hoje? Claro que a grande maioria ainda fala aí de casais convencionais, mas acho que eu abri uma porta, fui a precursora disso, e hoje eu vejo muitas mulheres realizando a maternidade com doadores e me contando", conta a mãe.
Com naturalidade e coragem
Por todo o processo de explicação do formato familiar, Vicky e Mari fizeram terapia, e fazem até hoje.
A adolescente adora sua psicóloga, com quem tem um canal direto, e pode até chamar por WhatsApp quando necessário. E a mãe explica que terapia é o "médico da alma", e acredita que o acompanhamento ajuda a filha a organizar sentimentos e dar um norte aos conflitos.

O que aconselho se você quer ser mãe é vá em frente, não desista, não se preocupe em agradar os outros, porque julgamentos sempre haverão. Se você fez com o parceiro, se você fez com o vizinho, ou se você fez sozinha, então, se o seu sonho é a maternidade, não abra mão disso.Mariana Kupfer, apresentadora e mãe da Victória
A honestidade e naturalidade da atriz e apresentadora ao falar sobre tudo é tão perceptível quanto sua coragem em abrir esse caminho, anos atrás. "Pensava que ia ensinar a Vitória, mas é ela que me ensina todos os dias, a ser uma pessoa melhor, a ser uma melhor mãe, e agora mãe de adolescente. Penso que a Vitória estava escrita nas estrelas para mim, é minha alma gêmea."
O sucesso da produção independente, feita em 2009 (Victória nasceu em 2010) e o bom entendimento da filha sobre o tema, fez Mari passar anos pensando em engravidar da mesma maneira outra vez, mas acabou decidindo não seguir adiante por questões financeiras.
A história da sua gestação a fez sentir uma conexão com outras mães, e ela abraçou como propósito dar voz a diferentes formatos de famílias, criando o 'Amar Maternidade', seu canal no Youtube, que hoje faz parte de Universa, na parceria de Amar + Materna.
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