Sexo bom compensa um relacionamento mais ou menos? Segundo experts, depende

Se um casal se entende perfeitamente bem no sexo, mas longe dos lençóis tem poucos interesses e gostos em comum, existe alguma possibilidade de essa relação dar certo? De acordo com especialistas, depende.

Nós precisamos entender que o desejo não acontece numa curva ascendente. Na fase da paixão e/ou na juventude, o sexo até tem força suficiente para segurar a ligação. Mas, ainda assim, a falta de afinidades pode causar uma sensação de incompletude, deixando a convivência sem graça. Em outras palavras: quando o desejo do começo arrefece, o que pode restar a esse casal?

Compatibilidade na cama pode ser algo maravilhoso num determinado período da vida e deve, sim, ser vivido intensamente. A química compensa as outras diferenças, mas só por um tempo. Depois, o tesão não é capaz de sustentar casal algum que, assim que sai da cama, começa a brigar, discutir, discordar. Se não houver empatia nem uma conexão real, fica difícil manter a relação. Ela se esvazia com o tempo.

É válido refletir que um casal enfrenta muitas coisas ao longo da vida: chegada dos filhos, amadurecimento emocional, mudança de valores, doenças, alterações hormonais, desafios financeiros, pressões profissionais, frustrações e perdas. São circunstâncias que exigem um enfrentamento juntos —e que, em se tratando de pessoas incompatíveis, ficam complicadas de lidar. Além do mais, um casal se alimenta de interesses, atividades, hobbies, vivências. Se isso tudo não existir, como viver uma relação plena?

Alimentando a parceria no dia a dia

Com algumas atitudes certeiras, dá para fazer com que a compatibilidade sexual ultrapasse as fronteiras da cama e se estenda à rotina do casal. Assim, é possível desenvolver outras afinidades. O amor pode evoluir e o casal, conforme convive, vai inventando novas formas de se curtir. Eis algumas sugestões para lidar com a questão:

Tudo pode dar certo se os dois tiverem uma consciência clara do problema e se propuserem a enfrentá-lo. É necessário se empenharem com vontade real para criar um relacionamento, sendo tolerantes, conversando muito, enfim, trabalhando a convivência no cotidiano.

É importante pensar sobre o que realmente deseja em termos de relacionamento. Algumas pessoas têm tanto medo de se envolver que criam bloqueios, às vezes inconscientes, impedindo a relação de evoluir. Por isso não querem investir em nada além do sexo para não se aprofundarem.

Estender a compatibilidade requer investimento. Ou seja, fazer programas que não tenham o sexo como foco, conviver com amigos e familiares um do outro, tentar se conhecerem além do que compartilham na cama.

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Além do tesão já existente, prestar atenção, admirar o outro, desejar sua companhia pela diversão que proporciona, nutrir respeito e carinho são ótimos combustíveis para alimentar a base do relacionamento.

O casal tem que aprender a ser parceiro e parceria quer dizer que a relação tem que ser boa para ambos. Um cede um pouco, o outro também. É necessário aguentar alguma frustração, em nome de algo maior, que é o relacionamento. Além disso, as divergências devem ser superficiais. Diferenças de valores, por exemplo, são mais difíceis de negociar ou superar.

Quando não há solução

Em alguns casos, entretanto, não há mesmo jeito: os dois só se entendem na cama e ponto final. Se o vínculo é só físico, mais básico e primitivo, as diferenças ficam mais evidentes e há menos chance de se equilibrarem. Isso porque um relacionamento requer respeito, admiração, afetividade, cumplicidade e companheirismo no cotidiano. Apesar de o sexo ser um componente importante, dificilmente sustenta um romance por muito tempo.

A vida a dois exige posicionamentos, interações e decisões que extrapolam a cama. São muitos os desafios. Os problemas, inevitavelmente, vão aparecer. Se o par não conseguir conversar ou negociar por conta da intolerância, da imaturidade, da falta de capacidade de ceder ou de suportar alguma frustração, a relação não sobreviverá.

Embora as pessoas não sejam idênticas, elas têm de ter pontos de intersecção: interesses em comum, ideias compatíveis, sonhos e objetivos alinhados. Caso contrário, as diferenças acabam se sobrepondo à compatibilidade sexual. Com isso, surge um clima de desencontros, insatisfações, mau humor, discórdia e ressentimento mútuo que vai tornar incompatível todo e qualquer interesse comum que um dia transformou essas pessoas em um casal.

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Fontes: Carmen Cerqueira Cesar, psicoterapeuta e terapeuta de casais; Raquel Fernandes Marques, psicóloga da Clínica Anime; e Triana Portal, que é psicóloga clínica e terapeuta de casal

*Com matéria publicada em 28/08/2018

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