Unicórnio, polícula, metamor: o vocabulário das relações não monogâmicas

Muito se discute hoje sobre casais que preferem abandonar a monogamia; até famosos como a atriz Fernanda Nobre já abriram o jogo sobre a decisão de viver um relacionamento não monogâmico. Mas há muitas possibilidades para relações poliamorosas.

Confira este "dicionário" que descreve alguns termos bastante importantes para os adeptos:

1. Polícula

A palavra descreve a rede de relacionamentos criada por ligações poliamorosas inter-relacionadas. A expressão teria surgido da combinação entre as palavras "poliamor" e "molécula".

Na prática, isso significa que, se você está namorando João, que é parceiro da Carla, que também está namorando a Aline, que também tem um relacionamento com Gabriel, então o João, a Carla, a Aline e o Gabriel são parte da sua polícula, mesmo que nem todo mundo se conheça.

Algumas polículas são como grupos de amigos, outras envolvem estranhos. Depende do combinado entre todas as partes.

2. Metamor

É o parceiro do seu parceiro. Se você namora a Joyce e ela também se relaciona com o Daniel, então o Daniel é seu metamor. Alguns metamores são amigos próximos, outros são conhecidos e há casos em que você nunca nem viu a pessoa pela frente. Dependendo do arranjo, é possível que você se relacione sexualmente com o seu metamor também.

Em alguns fóruns e grupos virtuais, a expressão utilizada é a mesma das comunidades em inglês: metamour.

3. Poliamor de mesa de cozinha

É quando você, seu parceiro, o parceiro do seu parceiro e quaisquer outros parceiros envolvidos saem juntos e/ou convivem bem em grupo —o oposto daquela situação em que você não conhece o seu metamor, por exemplo. A expressão é popular também entre comunidades poliamorosas em língua portuguesa na Europa.

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4. Poliamor de festa no jardim

Este é um meio-termo, de acordo com o glossário do aplicativo de relacionamentos Grindr. Quando você não faz questão de ser amigo do seu metamor, mas não se importa em encontrá-lo em uma festa de vez em quando, pode-se referir à situação como um poliamor de festa no jardim.

5. Poliamor paralelo

Quando dois parceiros combinam manter seus relacionamentos paralelos fora daquela relação, este é um poliamor paralelo. Neste caso, você não conhece seu metamor, apesar de saber da existência dele. O nível do compartilhamento de informações precisa ser acordado entre parceiros.

Por exemplo, há praticantes do poliamor paralelo que contam uns aos outros detalhes sobre seus outros relacionamentos, mas se recusam apenas a apresentar os envolvidos uns aos outros. Já outros preferem o silêncio total.

6. Não monogamia hierárquica

Quando uma relação é mais importante do que outras, esta é uma não monogamia hierárquica, apontou uma reportagem da revista americana Cosmopolitan.

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Este tipo de poliamor é mais comum quando um ex-casal monogâmico abre o relacionamento para outros parceiros, mas combina que o seu vínculo tem a precedência na tomada de decisões em relação a outros parceiros sexuais ou românticos em paralelo.

7. Anarquia relacional

O termo criado pela engenheira e líder feminista Andie Nordgren em 2006, no "Manifesto da Anarquia Relacional", descreve a ausência de hierarquia entre laços afetivos. Ou seja, no seu poliamor, nenhuma relação é mais importante do que outra. Não há regras ou expectativas além daquelas combinadas pelos próprios parceiros —e todos os parâmetros socialmente esperados de uma relação são descartados.

O amor também é tratado como um recurso ilimitado; em que o sentimento por uma pessoa não diminui aquele que se sente por outra —mesmo que nem todos sejam parceiros sexuais, por exemplo.

8. Poliamor solo

Quando alguém tem múltiplos parceiros românticos ou sexuais, mas não divide sua vida com nenhum dos parceiros. Ou seja, mora sozinho. Nesta situação, o praticante do poliamor solo está comprometido com sua solteirice e se considera o seu próprio parceiro primário. Ninguém é mais importante do que a relação que tem consigo mesmo.

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Isso não impede a formação de outros laços amorosos e sexuais duradouros, contudo, apontou à Cosmopolitan a psicoterapeuta sexual Gigi Engle.

9. Unicórnio

É chamada de unicórnio a pessoa (mulheres bissexuais, predominantemente) que se relaciona com ambos os membros de um casal.

A expressão também é utilizada para indicar uma dinâmica nem sempre saudável, já que os "unicórnios" tendem a ser fetichizados pelos outros parceiros e até "caçados" —no caso, há casais que ativamente tentam separar a mulher de seu parceiro ou parceira para transformá-la em seu unicórnio.

10. "DADT"

A sigla vem da expressão "don't ask, don't tell", em inglês, ou sua tradução em português "não pergunte, não conte" também utilizada em poliamores por aqui.

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Ela descreve acordos entre parceiros não monogâmicos para que os detalhes de seus relacionamentos externos ou paralelos não sejam compartilhados. Assim, evita-se ciúmes e outros sentimentos que possam causar problemas para aquela relação.

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