Não há manual para criar bebês, mas existem recomendações para o mundo todo

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Em um determinado momento, todo pai faz aquela brincadeira de que "filhos não vêm com manual". Realmente, existem muitas respostas que só a vivência te prepara, mas também existem regras básicas que começam a nortear o caminho da maternidade.
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Para apoiar essa jornada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fornece recomendações fundamentais que abrangem desde a amamentação até o uso de telas e a introdução alimentar. As diretrizes são baseadas em estudos científicos e práticas globais, e são consideradas essenciais para garantir o desenvolvimento saudável de crianças em seus primeiros anos de vida.
Veja as principais para você ficar por dentro:
1. Amamentação exclusiva até os seis meses
A recomendação sobre a amamentação exclusiva até os seis meses de vida significa que o bebê deve receber apenas leite materno, sem introdução de água, chás ou outros alimentos. Isso porque o leite materno oferece todos os nutrientes necessários para o crescimento saudável e fortalece o sistema imunológico, protegendo a criança contra infecções e doenças.
Além disso, amamentar cria um vínculo emocional profundo entre a mãe e o bebê, proporcionando segurança e conforto ao recém-nascido. A OMS sugere que a amamentação continue de forma complementar até os dois anos de idade ou mais, juntamente com outros alimentos.
2. Introdução alimentar gradual e saudável

Após os seis meses, como regra, inicia-se a introdução alimentar de fora gradual, mas tiveram algumas mudanças recentes sobre o assunto. De acordo com as novas diretrizes da OMS, é fundamental priorizar alimentos naturais, como frutas, vegetais, cereais e proteínas (evitando produtos industrializados, ultraprocessados e açúcares até os dois anos de idade).
Segundo as novas diretrizes, no caso de crianças de seis a 11 meses que não são amamentadas, tanto fórmulas infantis quanto leite de vaca podem ser utilizados para alimentá-los, e a partir de um ano de vida, as fórmulas infantis ou compostos lácteos não são mais recomendados. Essa é uma das grandes diferenças do novo guia em relação aos anteriores, e vale entender a fundo.
3. Redução no uso de fórmulas
A OMS alerta para o uso desnecessário de fórmulas infantis em substituição ao leite materno, enfatizando que o aleitamento é o método mais saudável para a alimentação do bebê. Mas, claro, há exceções, é importante avaliar cada caso com acompanhamento médico.
Fórmulas devem ser usadas apenas em casos específicos, sob orientação médica, e nunca promovidas como equivalentes ao leite materno. O pediatra saberá orientar sobre a introdução necessária de fórmulas e irá acompanhar a adaptação e o desenvolvimento do seu filho.
Estudos que compararam o consumo de leite de vaca com o de fórmulas infantis nessa faixa etária não encontraram diferenças nos desfechos relacionados a crescimento, desenvolvimento e doenças na infância. O indicado, segundo especialistas, é ponderar qual é a sua realidade, levando em conta posicionamentos de outras entidades.
Vale ressaltar que o documento mais atual da OMS considera as necessidades dos bebês que são ou não amamentados, mas excluindo as crianças prematuras, com baixo peso ao nascer, se recuperando de doenças graves ou com deficiências neurológicas.
4. Bebês prematuros e suas mamães-cangurus
Para bebês prematuros, que muitas vezes passam um período inicial em incubadoras, o contato pele a pele, conhecido como Método Canguru, é essencial, e a Organização Mundial de Saúde reconhece a prática. Ela promove estabilidade térmica (regulação da temperatura corporal do bebê), estimula o aleitamento materno e fortalece o vínculo com os pais.
A recomendação é iniciar o método mãe canguru imediatamente após o nascimento para ajudar a reduzir infecções, hipotermia e até melhorar a alimentação -mas é claro que é preciso ter o aval médico levando em conta o quadro de saúde de cada bebê.
A médica responsável pela saúde neonatal da OMS, Karen Edmond, explica que - durante o pico da pandemia de Covid-19 - muitas mulheres foram desnecessariamente separadas de seus bebês e, por isso, as novas recomendações enfatizam a necessidade de cuidar de famílias e bebês prematuros juntos como uma unidade. Portanto, a OMS incentiva que os pais sejam integrados no cuidado dos bebês durante a internação neonatal.
5. Sono seguro e saudável
O recomendado pela OMS é que bebês de até três meses de idade durmam de 14 a 17 horas por dia, incluindo as sonecas. Para bebês de quatro a 11 meses, o ideal é dormir 12 a 16 horas por dia. Conforme crescem, a necessidade de horas de sono e sonecas muda. Crianças de um a dois anos precisam de 11 a 14 horas, as de três e quatro anos devem dormir entre 10 e 13 horas.
A OMS também enfatiza a importância de estabelecer horários regulares para dormir e acordar (a famosa rotina) e orienta quanto à segurança do pequeno durante o sono:
- Colocar o bebê para dormir de barriga para cima;
- Colocá-lo em uma superfície firme, como um colchão em um berço seguro;
- Evitar agasalhar demais o bebê e deixar os braços do bebê para fora da coberta (que deve ser fixa, para que não corra o risco do bebê cobrir seu rosto com ela);
- Manter o berço livre de almofadas, travesseiros, pelúcias, mantas soltas e brinquedos;
- Evitar dormir com o bebê no sofá, poltrona ou almofada.
6. Sem contato com telas antes dos dois anos

Em um mundo dominado por telas, a dúvida aparece com frequência: quando seu filho pode se distrair ou até mesmo obter benefícios com o uso de telas? A OMS recomenda que crianças menores de dois anos não tenham nenhum contato com dispositivos eletrônicos, como celulares, tablets ou televisores.
Para crianças de dois a cinco anos, o uso deve ser limitado a uma hora por dia, sempre com conteúdo educativo e supervisão de um adulto. Isso porque o excesso de exposição às telas antes da hora ou com excessos pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo, dificultar a socialização e impactar negativamente o sono.
A interação humana e brincadeiras ao ar livre são cruciais para o aprendizado nessa faixa etária: passeios de carrinho e distrações com brinquedos para idade são o melhor caminho para preencher a rotina dos pequenos.
7. Estímulos saudáveis e ambiente seguro
A OMS destaca a importância de criar um ambiente seguro e estimulante para o desenvolvimento infantil. Conversar, cantar, ler histórias e brincar com o bebê são formas de promover habilidades motoras, cognitivas e emocionais.
Além disso, segundo a organização, é essencial garantir um espaço livre de substâncias tóxicas, objetos perigosos e excesso de ruídos - o ambiente deve ser acolhedor e 100% seguro.
As novas diretrizes sobre atividades físicas, comportamento sedentário e sono para crianças com menos de cinco anos foram desenvolvidas por um painel de especialistas da OMS, que avaliou os efeitos do sono inadequado e do tempo que crianças pequenas passam sentadas ou em cadeiras ou carrinhos de bebê.
O consenso é que reduzir o tempo de sedentarismo e garantir o sono de qualidade em crianças pequenas melhora sua saúde física e mental - e ajuda a prevenir a obesidade infantil e doenças associadas que surgem mais tarde.
A OMS aponta que o tempo sedentário de qualidade (passado em atividades interativas não baseadas em tela) com um cuidador, como leitura, narração de histórias, canto e quebra-cabeças, é muito importante para o desenvolvimento.
8. Vacinação e cuidados de saúde regulares
A vacinação é um pilar fundamental para a saúde infantil. A OMS reforça a necessidade de manter o calendário de vacinação atualizado, protegendo os pequenos contra doenças graves. Consultas regulares ao pediatra também são indispensáveis para monitorar o desenvolvimento e detectar precocemente possíveis problemas de saúde. E, se houver dúvidas em relação às vacinas, é ele o profissional apto a respondê-las.
9. A Importância da rede de apoio
Cuidar de um bebê é um desafio que exige suporte e, cada dia mais, essa verdade está ganhando espaço nas conversas sobre primeira infância.
Entenda como rede de apoio familiares, amigos, profissionais de saúde e a famosa "rede de apoio paga", ou seja, babás e cuidadoras que recebem salário para oferecer a você e à sua criança o suporte necessário para a rotina. Grupos de apoio à amamentação e à maternidade também podem ser fontes valiosas de informação, acolhimento e encorajamento.
Cuidar é Amar
As diretrizes da OMS são pouco mencionadas, mas funcionam como um guia precioso para os primeiros anos de vida de uma criança. Só é preciso lembrar que cada família é única e que adaptar essas recomendações à realidade de cada lar, sempre com acompanhamento médico, é o caminho para criar uma infância saudável e cheia de amor.
Ao seguir esses princípios, mães, pais e cuidadores têm a oportunidade de construir uma base sólida para o desenvolvimento físico, emocional e social das futuras gerações. Afinal, cada escolha feita hoje reflete no bem-estar do adulto de amanhã.
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