Alarga a vagina? Dá incontinência? Sai cocô? Tire suas dúvidas sobre parto

Se você está grávida, provavelmente deve estar se perguntando o que esperar durante os nove meses de gestação e, principalmente, como será o parto. O que significa dilatação? Minha pelve é boa? Tenho passagem? Vou fazer cocô no parto? Parto normal deixa a vagina mais larga?

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Alessandra Sonego, fisioterapeuta pélvica especialista em saúde da mulher, especialista em acupuntura e proprietária do Alê Sonego Institute, esclarece dez dúvidas sobre o assunto.

A fisioterapeuta pélvica Alessandra Sonego atendendo uma paciente
A fisioterapeuta pélvica Alessandra Sonego atendendo uma paciente Imagem: Arquivo pessoal

1- Dá para saber se minha pelve é boa para parto normal antes do trabalho de parto?

Uma das principais dúvidas e preocupações de mulheres que desejam o parto normal é: "será que minha pelve é boa para o parto normal?" e "terei passagem"?.

Infelizmente, não há um exame que consiga avaliar de forma prévia se a pelve é boa para o parto ou se a gestante terá passagem, mas sabemos que o parto normal é fisiológico e que o corpo e a pelve se preparam para este momento.

Durante a gestação, a mulher sofre com a ação de hormônios que agem diretamente nas articulações, deixando-as mais flexíveis e móveis. Por esse motivo, mulheres pequenas ou até com a pelve estreita podem ter um parto normal.

Um estudo brasileiro, publicado em 2023, mostrou que exercícios direcionados na bola de pilates durante o trabalho de parto reduziu o tempo do trabalho de parto em 179 minutos na primeira fase e, em 19 minutos, na segunda fase, além de diminuir a sensação de dor.

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Parto é mobilidade e a pelve precisa de movimentos para ajudar o bebê a passar. Só para ter uma ideia, uma posição que gera bloqueio pélvico durante o período expulsivo pode reduzir em 30% o espaço por onde o bebê terá que passar.

2 - Se a barriga está baixa, o trabalho de parto está próximo?

Não, mas é um sinal de que seu corpo está se preparando para o grande dia. Quando dizemos que 'a barriga está baixa', significa que o bebê desceu, encaixou, isto é, ele se deslocou e está mais próximo do canal de parto.

Geralmente, esse processo pode ter início com 36 semanas de gestação, mas não é uma regra. Se o bebê não estiver encaixado após a 36ª semana, isso não é indicativo para cesárea e não quer dizer que o trabalho de parto será mais longo ou doloroso. O bebê pode encaixar somente durante o trabalho de parto e está tudo bem.

Veja alguns sinais do que a gestante pode sentir:

  • Maior pressão na região da pelve.
  • A bexiga fica pressionada e a frequência urinária aumenta.
  • Pode haver melhora de sintomas como azia e dificuldade para respirar.
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3 - Dilatação e descida do bebê são a mesma coisa?

Dilatação e descida são duas coisas diferentes que precisam ocorrer durante o trabalho de parto para o bebê nascer.

Dilatação é um fenômeno que ocorre no colo do útero, em que o mesmo reduz de tamanho e começa a se abrir. Para o bebê nascer precisamos de uma abertura de 10 cm. Quando se fala em "não ter dilatação", significa que o colo do útero não chegou a 10 cm. Vale ressaltar que o que dilata é o colo do útero, e não a vagina.

Passagem se refere ao trajeto feito pelo bebê, mais especificamente os obstáculos que ele irá ultrapassar, como os ossos da pelve e a musculatura perineal. Ou seja, o termo "não ter passagem" está relacionado a um bloqueio que impediu a descida do bebê.

Há casos em que a mulher entra em trabalho de parto, fica horas com contrações, chega a 10 cm de dilatação, mas o bebê não desce e o parto evolui para uma cesárea de emergência. Vários fatores podem contribuir para isso, um deles é a lordose muito acentuada da mãe (hiperlordose), a coluna dela se coloca na frente da cabeça do bebê, impedindo que ele encaixe. Por esse motivo, é importante avaliar a postura na gestação e corrigir padrões inadequados que podem interferir no parto.

4 - Parto normal deixa a vagina 'larga'?

Mito, o parto normal não necessariamente deixa a vagina larga. O que ocorre são pequenas alterações estruturais nas paredes internas da região, mas que provavelmente você e o seu parceiro não sentirão e não verão nenhuma diferença.

É importante entender que a vagina tem elasticidade suficiente para se expandir e para se retrair. Dependendo do quanto ela foi estirada, a abertura pode retornar à sua estrutura original, mas o organismo necessita de tempo para retomar sua forma pré-gravídica, afinal foram aproximadamente 40 semanas de mudanças e não será em uma semana que tudo voltará a ser como era antes.

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Embora seja difícil imaginar que um bebê é capaz de atravessar o canal do parto e sair pela abertura vaginal, seu corpo foi feito para isso e se prepara para este momento desde o início da gravidez, liberando hormônios que irão favorecer o nascimento do bebê:

  • Estrogênio aumenta o fluxo sanguíneo nas paredes da vagina, de modo que o tecido conjuntivo elástico seja capaz de se expandir e esticar durante o parto;
  • Relaxina ajuda o corpo a relaxar e soltar os ligamentos e articulações na área pélvica para abrir espaço para o bebê se encaixar perfeitamente.
É indicado fazer exercícios para os músculos do assoalho pélvico (períneo) durante a gestação e no pós-parto, pois eles mantêm a funcionalidade muscular, diminuem as chances de lesões no parto e de disfunções no pós-parto.

5 - É verdade que a mulher faz cocô no parto?

Um dos principais receios e constrangimentos das gestantes é a possibilidade de fazer cocô na hora do parto. Embora indesejado, o cocô é extremamente normal e, inclusive bom, pois sinaliza que o bebê está chegando. É comum primeiro saírem a fezes e depois o bebê nascer.

Nem todas as mulheres vão evacuar durante o trabalho de parto, mas se acontecer, fique tranquila, os profissionais que atuam nesta área sabem lidar discretamente com isso. Não é recomendado mudar hábitos alimentares ou manter jejum para evitar as fezes no parto e nem fazer lavagem intestinal no trabalho de parto.

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6 - Parto vaginal causa incontinência urinária no pós-parto?

Estudos apontam que a via de parto não é o principal causador de disfunções como a incontinência urinária, mas sim o número de gestações. Isso ocorre devido às diversas alterações e sobrecargas que acontecem no corpo ao longo de aproximadamente 40 semanas de gestação. No entanto, caso a mulher tenha queixas sobre incontinência urinária antes ou durante a gravidez, o parto normal pode piorar a condição.

7 - A cesárea é melhor para o assoalho pélvico?

Mito. A via de parto cesariana não é um fator protetor. Há uma incidência significativa de mulheres com queixas de dor durante a relação sexual e incontinência urinária após serem submetidas a uma cesárea.

Em 2022, 57,7% dos nascimentos no Brasil foram por cesariana, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde - o número é quase quatro vezes mais alto do que a taxa recomendada pela Organização Mundial da Saúde, que é de 15%.

Vale ressaltar que, independentemente da via de parto, o corpo se prepara de forma fisiológica para o parto vaginal, então a mulher sofrerá alterações da gestação que podem trazer problemas e disfunções no assoalho pélvico.

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8 - Dor lombar alguns anos após o parto pode estar relacionada à cicatriz da cesárea?

Não necessariamente está relacionado à cicatriz, mas pode acontecer devido ao processo cirúrgico propriamente dito. Estudos mostram que 6% das mulheres que tiveram uma cesariana podem desenvolver dor crônica a longo prazo. Embora sentir dor lombar antes ou durante a gestação seja comum, ela nunca será normal e não deve ser negligenciada, existe tratamento.

9 - A barriga fica flácida após o parto?

Muitas gestantes pensam que a barriga voltará rapidamente ao tamanho e a forma normal depois do nascimento do bebê, mas não é bem assim.

Após o parto, o abdômen fica volumoso, inchado, flácido e a mulher fica com a aparência como se ainda estivesse grávida. Isso acontece decorrente ao estiramento da musculatura abdominal na gestação, mas com seis semanas já há melhora na condição muscular e na aparência do abdômen. Entre 3-6 meses após o parto, a barriga voltará ao normal.

Caso a flacidez e o volume abdominal persistam, podemos desconfiar de diástase abdominal, mas calma, existem tratamentos. O estímulo precoce da musculatura no pós-parto promove uma boa resposta do tecido muscular, porém é importante respeitar a fisiologia natural do corpo e não sair fazendo abdominais. Mantenha-se saudável, e seja paciente e gentil consigo mesma.

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10 - Dor na relação sexual no pós-parto é normal?

A gravidez e o parto geram alterações hormonais e fisiológicas que podem diminuir a lubrificação, causar ressecamento vaginal, perda de interesse sexual, mas a dor na relação sexual na gestação e após o parto não é normal.

A atividade sexual pode ser vista de diferentes formas, pois tanto o corpo quanto o desejo mudam nesse período. Se você sente dor durante a relação, converse com um especialista.

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